Segundo Francisco Calheiros, “as empresas do turismo continuam a lutar pela retoma da atividade turística”, referindo que “os empresários continuam com vontade de ultrapassar os desafios, mas o Estado tem de ser mais ativo no apoio à atividade turística”. “Em termos estruturais, a capitalização e a redução da carga fiscal são as maiores necessidades das empresas, que continuam a não ver as ajudas públicas há tanto prometidas”, disse Calheiros, destacando que “é urgente que o Estado desburocratize os financiamentos às empresas, para que os fundos de apoio cheguem de forma mais célere e acessível”.
“Por outro lado, também o Estado deve decidir reduzir a carga fiscal que recai sobre as empresas, para que estas consigam continuar a investir e criar emprego”, rematou. Para Cristina Siza Vieira, o que está a preocupar o setor neste momento, sendo “uma crise grande que o turismo está a atravessar em todo o mundo ocidental, é a questão do emprego”.
“Consideramos que há muito mais que o Estado poderia fazer”, referiu, destacando a falta de evolução das medidas que poderiam desburocratizar a vinda de imigrantes da CPLP, Marrocos e Índia para Portugal. Esta quinta-feira, a AHP apelou à intervenção do primeiro-ministro na desburocratização da imigração dos países da CPLP, Índia e Marrocos, após uma reunião com a secretária de Estado, da qual os hoteleiros vieram “desapontados”.
Também Francisco Calheiros disse que para que o setor “possa crescer ainda mais de forma sustentável” é necessário “criar condições para que as empresas possam recapitalizar-se; encontrar as melhores soluções para a falta de mão-de-obra que a atividade enfrenta e dar prioridade à construção do novo aeroporto na região de Lisboa”, referindo que é “uma questão que se arrasta há mais de 50 anos e que continua a ser sucessivamente adiada, mas que é cada vez mais urgente resolver, porque o crescimento do Turismo em Portugal tem de ser acompanhado por infraestruturas que respondam ao aumento da procura”. Questionada sobre o impacto da inflação no setor, Cristina Siza Vieira admitiu um aumento de preços nos próximos meses. “Na pandemia o que se sacrificou foi a taxa de ocupação e menos o preço médio”, indicou, destacando que a hotelaria não tinha procura porque as pessoas não podiam viajar.
“Neste momento, obviamente, a inflação tem de ser refletida sobre o cliente final, não faz sentido que o preço do custo acrescido dos fatores de produção não seja refletido ao consumidor, é assim em qualquer indústria, na nossa também”, destacou. Além disso, “efetivamente estamos a ter uma muito boa procura e este ajuste também leva a um aumento relativo de preços. Não é muito, mas seguramente vai acompanhar a inflação”, indicou a dirigente associativa. Francisco Calheiros, por sua vez, disse que “não se vislumbra que a questão dos preços esteja a afetar a procura de Portugal por parte dos turistas”, referindo que houve uma “Páscoa com ocupações hoteleiras acima dos 80%”, contando com “um verão já praticamente igual ao de 2019”. “A procura vai ser grande, mas, inevitavelmente, os preços vão ser mais elevados devido não só à inflação, mas também a outros custos de contexto, que afetam toda a cadeia económica, como o preço da energia ou dos combustíveis”, indicou (LUSA)
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