segunda-feira, maio 30, 2022

Sondagem: Apoio ao corte de laços com a Rússia divide o Ocidente do resto do mundo

 


Uma sondagem da fundação dinamarquesa Aliança de Democracias expôs uma forte polarização entre o Ocidente e o resto do mundo relativamente às perceções atuais sobre a Rússia. Do total dos 52 países inquiridos, 31 são a favor do corte de laços com Moscovo, sendo maioritariamente democracias ocidentais, particularmente a Europa e os Estados Unidos, mas também o Canadá, Japão e Coreia do Sul. No resto do mundo, particularmente em países da Ásia, Norte de África e Médio Oriente, a maioria das pessoas é a favor da preservação dos laços com a Rússia. Apesar da invasão russa da Ucrânia, iniciada a 24 de fevereiro, muitos países mantêm opiniões positivas relativamente à Rússia. Segundo uma pesquisa da Aliança de Democracias, organização sem fins lucrativos dedicada ao avanço da democracia, há uma clara divisão entre democracias liberais, principalmente ocidentais, e o resto do mundo no que diz respeito às opiniões acerca de Moscovo. Enquanto na Europa 55 por cento dos inquiridos se mostraram a favor do corte dos laços económicos com a Rússia devido à invasão da Ucrânia, na Ásia a maioria foi contra e na América Latina as opiniões dividiram-se.

O Índice de Perceção da Democracia anual, realizado após a invasão da Ucrânia, abrangeu 52 países da Ásia, América Latina, Estados Unidos e Europa. Os resultados mostram que 20 países defenderam a preservação dos laços económicos com Moscovo, enquanto 31 foram a favor do corte destes mesmos laços. Entre os 20 países que mantêm uma opinião positiva acerca de Rússia encontram-se a Grécia, Quénia, Turquia, China, Israel, Egito, Nigéria, Indonésia, África do Sul, Vietnam, Argélia, Filipinas, Hungria, México, Tailândia, Marrocos, Malásia, Peru, Paquistão e Arábia Saudita. Por outro lado, entre os 31 países que favorecem o corte de laços com a Rússia, 20 são europeus.A Hungria e a Grécia foram os únicos países europeus que se mostraram contra o corte de laços com Moscovo.

De acordo com a sondagem, Portugal é o terceiro país com uma visão mais negativa da Rússia, com uma percentagem de 79 por cento, seguindo-se à Polónia (87 por cento) e à própria Ucrânia (80 por cento). Depois de Portugal, segue-se a Itália (65 por cento), Reino Unido (65 por cento), Suécia (77 por cento), EUA (62 por cento) e a Alemanha (62 por cento). Mesmo na Hungria – cujo líder Viktor Orbán é aliado de Putin – 32 por cento mostraram ter uma visão negativa da Rússia. Na Venezuela, onde o presidente Nicolás Maduro expressou o seu “apoio total” à Rússia no contexto da invasão da Ucrânia, 36% da população mostrou ter uma opinião negativa acerca de Moscovo. Por sua vez, os países com uma visão positiva acerca da Rússia incluem a Índia (36 por cento), Indonésia (14 por cento), Arábia Saudita (11 por cento), Argélia (29 por cento), Marrocos (quatro por cento) e Egito (sete por cento).

Apoio à Ucrânia

Apesar das opiniões divergentes sobre a Rússia, a sondagem mostra uma maior união relativamente à ajuda à Ucrânia. A maioria das pessoas em todo o mundo (46%) defende que os EUA, a União Europeia e a NATO fizeram muito pouco para ajudar a Ucrânia durante a invasão russa, enquanto 43 por cento defendem que a ajuda enviada à Ucrânia foi na quantidade certa.Apenas 11 por cento consideram que a ajuda prestada a Kiev foi excessiva. Os países que defendem que os EUA, a UE e a NATO fizeram muito pouco para ajudar a Ucrânia durante a invasão russa são a própria Ucrânia (66 por cento) e vários países da América Latina (62 por cento). A China, por sua vez, tem a opinião oposta, com apenas 16 por cento da população a defender que os EUA, a UE e a NATO fizeram muito pouco para ajudar a Ucrânia. Na Europa, os países que concordam menos com esta afirmação são a Alemanha (32 por cento) e a França (34 por cento), defendendo, na sua maioria, que a ajuda prestada à Ucrânia foi na quantidade certa (RTP, texto da jornalista Mariana Ribeiro Soares)

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