Mais de três meses depois do início da invasão da Ucrânia pela Rússia, são cada vez mais os portugueses que acreditam que a guerra vai durar mais de um ano. Em março eram 16%, este mês são 39%. Mais do dobro, de acordo com os dados da sondagem sobre o conflito feito pela Aximage para o JN, DN e TSF. São também cada vez mais os que dizem sentir o impacto da guerra na sua vida particular (passou de 59% em março para 82% em maio), especialmente através da perda do poder de compra.
A percentagem dos que têm a expectativa de que a guerra vai durar entre seis meses e um ano também duplicou: passou de 13% em março, subiu para 22% em abril e atingiu os 26% em maio. Naturalmente em sentido inverso, quase caiu para metade os que acreditam que a invasão vai durar menos de seis meses - eram 30% dos inquiridos em março, subiram para 31% em abril, mas diminuíram para 18% em maio.
Os que dizem sentir o impacto da guerra crescem consecutivamente desde o início da sondagem, numa tendência consolidada: 59% dos inquiridos responderam que sim em março, 76% em abril e 82% em maio. Os efeitos são mais apontados pelas mulheres (87% das que responderam ao questionário contra 77% dos homens), por inquiridos com mais de 50 anos (por 93% dos que têm entre 50 e 64 anos e por 76% dos que têm mais de 65 anos) e da Área Metropolitana do Porto (88%) e da Região Centro (77%).
A perda do poder de compra foi o principal efeito apontado por 75% dos que responderam sentir impacto (em abril tinham sido 70%). Mais uma vez, especialmente pelos que têm mais de 50 anos (83% entre o grupo dos 50 aos 64 anos e 86% pelos que têm mais de 65 anos). Quanto a outras consequências, como deixar de comprar alguns produtos ou passar a andar de transportes públicos registaram-se diminuições ligeiras relativamente ao mês passado: passou de 17% para 16% os que assumiram reduzir as compras; e de 2% para 1% os que deixaram de usar o carro.
Mais sanções
Mais de metade dos inquiridos (55%) considera que a ajuda da União Europeia ao povo ucraniano "é suficiente", principalmente as mulheres (57% contra 53% dos homens), os que têm mais de 65 anos (70% deste grupo) e vivem nas regiões Centro (67%), Sul e ilhas (59%). Em março, recorde-se, a opinião quanto ao apoio dividia os portugueses: 51% consideravam suficiente, 49% não.
Entre os 45% que consideram que os 27 estados-membros não estão a fazer o suficiente, 54% (eram 51% em março) defendem que devem ser aprovadas sanções mais severas à Rússia no plano financeiro e económico. Diminuiu no último mês, de 38% para 34%, a percentagem de portugueses que concorda com a suspensão da compra de carvão, petróleo ou gás russos, independentemente das consequências na economia europeia. Já a nacionalização de empresas russas na UE ganhou adeptos, passando de 11% para 12%.
A confiança na Aliança Atlântica caiu 14 pontos percentuais, de 63% em março para 49% este mês (somando que manifestam ter "grande", 34%, e "muito grande confiança", 11%). Apesar de se manter em níveis baixos, os portugueses registaram uma subida na confiança de que os líderes europeus contribuirão para a resolução do conflito: 22% responderam ter "grande" confiança e 7% "muito grande", totalizando 29%, enquanto em abril eram 24%. A sondagem da Aximage foi feita a partir de 805 entrevistas, entre 19 e 24 de maio.
Só um quarto considera que informação divulgada é muito isenta
Apenas 25% dos inquiridos consideram que o nível de isenção da informação divulgada sobre a guerra é "grande"; 41% dizem ser "média" e 14% "pequena". Os mais velhos são os que confiam mais na comunicação: 34% dos que têm mais de 65 anos e 26% dos que têm entre 50 e 64 anos dizem que o nível de isenção é "grande". A maioria (62%) dos portugueses afirma procurar diariamente informação sobre o conflito, especialmente os mais velhos (79% dos inquiridos com mais de 65 anos e 69% dos que têm entre 50 e 64 anos) e os homens (68% contra 56% das mulheres). Para a esmagadora maioria (93%), a televisão é o meio escolhido para procurarem notícias sobre a guerra, sobretudo as mulheres (94% das inquiridas) e os mais velhos (95% dos inquiridos com mais de 50 anos). Mais de metade (53%) dos inquiridos entre os 18 e 34 anos responderam preferir a informação divulgada pelas redes sociais.
Números
56% dos que responderam ao inquérito concordam (31%) ou concordam totalmente (25%) com a decisão da NATO de não intervir diretamente no conflito. A percentagem aumentou ligeiramente em relação à sondagem feita em abril quando 52% concordaram (34%) ou concordaram totalmente (18%) com a NATO.
11% dos portugueses defenderam na sondagem o envio de tropas por Portugal para a Ucrânia. Esta percentagem, apurada tendo por base a totalidade dos inquiridos, tem vindo a diminuir sucessivamente desde o início da invasão: era de 30% na sondagem feita em março e de 20% de acordo com os resultados de abril (Jornal de Notícias, texto da jornalista Alexandra Inácio)
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