sábado, junho 27, 2020

Pedro Nuno Santos volta a atacar gestão privada da TAP: “O empenhamento dos privados no futuro da TAP é nenhum”

Pedro Nuno Santos diz que o plano para a empresa foi “imposto” por Bruxelas. O ministro das Infraestruturas considerou que a providência cautelar interposta pela Associação Comercial do Porto “não foi a melhor” maneira de demonstrar descontentamento mas acredita que ela não travará a ajuda à empresa. O ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, disse esta quinta-feira que o plano de auxílio à TAP foi uma imposição da Comissão Europeia (CE). Numa entrevista ao podcast do PS, o ministro das Infra-estruturas e Habitação volta a criticar a gestão privada da empresa, dizendo que não têm "empenho nenhum" e que agem como se fizessem um "favor ao Estado". Nesta negociação com os privados da TAP, Pedro Nuno Santos tem estado permanentemente ao ataque. Nesta entrevista ao podcast "Política com palavra", Pedro Nuno Santos volta a fazê-lo: "O empenhamento [dos privados] no futuro da TAP: nenhum. São interesses que não estão alinhados com os interesses do país e do povo português", disse.

O ministro tem defendido um maior controlo sobre a gestão da empresa, mas no plano desenhado, o Estado não irá entrar na gestão da companhia, apertando apenas os mecanismos de controlo ao nível da administração. Perante esta decisão, o CEO da TAP, disse estar disponível para aceitar um membro indicado pelo Estado na comissão executiva. Palavras que causaram estranheza ao ministro que afirmou que lhe faz "muita confusão que o CEO de uma empresa que está de mão estendida ache que se possa relacionar com o Estado" desta maneira. "Como se nos estivessem a fazer um favor", criticou o governante.
Em momento algum da entrevista, Pedro Nuno Santos elogiou a comissão executiva, antes pelo contrário. Questionado pelo jornalista Filipe Santos Costa sobre se tem confiança na atual Comissão Executiva da TAP para fazer o plano de restruturação da empresa, Pedro Nuno Santos apenas respondeu: "Confio no Conselho de Administração [da TAP]", respondeu. Ou seja, não se referindo à equipa de Antonoaldo Neves.
Aliás, durante a conversa diria sobre o CEO da TAP que este "valoriza em demasia a briga" no que ao plano de Bruxelas para a companhia diz respeito, acrescentando que não acredita "que seja preciso brigar" com Bruxelas, mas "é preciso trabalhar".
Apesar de ter defendido desde início que o Estado devia "mandar" na TAP quando lá injectasse dinheiro, para o ministro, "nesta fase" o importante é "garantir o que se faz a cada cêntimo" que vai ser injetado na TAP, defendendo assim o sistema de controlo e de monitorização que foi proposto: "É muito mais eficaz do que simplesmente ter um membro numa Comissão Executiva" onde o Estado não seria maioritário, disse.
PROVIDÊNCIA CAUTELAR CONTRA AJUDA À TAP "NÃO FOI A MELHOR" FORMA DE MOSTRAR DESCONTENTAMENTO
O plano para salvar a companhia aérea teve esta semana um obstáculo com a Associação Comercial do Porto a querer travar a injeção de 1,2 mil milhões de euros do Estado na TAP através de uma providência cautelar. Mecanismo que para o ministro "não foi a melhor" maneira de demonstrar descontentamento pela situação, mas que "em princípio" não porá em causa o auxílio à TAP.
"De outra forma, seria uma coisa absolutamente desproporcional. Estão em causa centenas de fornecedores e milhares de trabalhadores. Julgo que há forma de auxiliarmos a TAP na mesma", sublinhou Pedro Nuno Santos.
Para o ministro, a região Norte tem razão nas queixas: "A região Norte e a região Centro dão um contributo determinante para o desenvolvimento económico nacional e, por isso, seria impensável que qualquer plano de regresso da TAP não incluísse a região Norte. Compreendo a insatisfação e a inquietação do Norte, das pessoas do Norte, dos empresários do Norte", disse Pedro Nuno Santos no podcast.
A ACP interpôs, na última sexta-feira, uma providência cautelar junto do Supremo Tribunal Administrativo (STA), que foi admitida, para impedir a injeção de 1,2 mil milhões de euros do Estado na TAP. Os fundamentos jurídicos da providência cautelar "assentam em três argumentos essenciais", entre os quais o "desrespeito pelo princípio do equilíbrio territorial", uma vez que o plano de voos da TAP "concentra 96 por cento dos voos internacionais no aeroporto" Humberto Delgado, em Lisboa, "marginalizando o aeroporto do Porto [Francisco Sá Carneiro] e ignorando os demais".
BRUXELAS "IMPÔS" O PLANO
Na base de tudo, está o plano que Governo e Comissão Europeia desenharam para a empresa. Mas para o ministro, tendo em conta a situação da companhia, não havia outro que fosse aceite. "[Este plano] foi o único que foi aceite [pela Comissão Europeia]. Não fomos nós que o propusemos, foi a CE que o impôs, sublinhou o ministro das Infraestruturas e da Habitação, em entrevista ao 'podcast' "Política com Palavra", do Partido Socialista.
Isto porque, explicou, "os representantes do Estado português, nos contactos com a CE, defenderam o recurso ao quadro temporário" covid-19, mas, tendo em conta que os resultados da empresa já eram negativos no final de 2019, Bruxelas entendeu que "a TAP era uma empresa em dificuldades em 2019 e, como tal, não podia recorrer" a essa opção. Por essa razão, "a opção que está em cima da mesa é a única" que Bruxelas "disse que estava disponível para a TAP", prosseguiu Pedro Nuno Santos.
Na conversa, o ministro admite que tinha outra ideia e outra visão, semelhante à de Rui Rio, mas que acabou por cair por terra nas conversas com Bruxelas: "A possibilidade de capitalização de início, que o líder do PSD defende e que eu também defendia, não é possível no quadro da avaliação que a CE faz sobre o estado da TAP", admitiu.
Ao plano estão associadas contrapartidas que implicam uma reestruturação da empresa, uma palavra que pode conter despedimentos: “Os despedimentos não são inevitáveis", disse,
A Comissão Europeia aprovou em 10 de junho um "auxílio de emergência português" à companhia aérea TAP, um apoio estatal de 1.200 milhões de euros para responder às "necessidades imediatas de liquidez" com condições predeterminadas para o seu reembolso. Porém, uma vez que a TAP já estava numa débil situação financeira antes da pandemia de covid-19, a empresa "não é elegível" para receber uma ajuda estatal ao abrigo das regras mais flexíveis de Bruxelas devido ao surto, que são destinadas a "empresas que de outra forma seriam viáveis". Aos deputados, Antonoaldo Neves disse que não esperava "nada menos do que uma Comissão Europeia extremamente dura" nas contrapartidas exigidas à companhia aérea pelo auxílio que vai receber e lamentou não ter sido dado à TAP auxílio estatal em forma de garantias, para pagamento de empréstimos com os bancos privados. O presidente executivo também disse ser "óbvio" que a TAP não tem condições para pagar o empréstimo que vai receber de até 1.200 milhões de euros e que queria apresentar o plano de reestruturação em três meses (Expresso, texto da jornalista Liliana Valente)
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Nota: Também concordo com o ministro. Uma empresa falida, que não tem onde cair morta, que precisa de 1,5 mil milhões dos contribuintes para não fechar e um idiota de um gestor brasileiro vai ao parlamento com aquele ar de sonso idiota dizer que os privados - que nem mandam na empresa em termos de capital social, dado que o Estado tem mais de 50%! -  aceitam um  administrador do governo no meio daquela administração manhosa e incompetente que lidera uma empresa falida. Confesso que quando ouvi aquilo irritou-me

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