A Alemanha mantém o seu plano de resgate de 9 mil milhões de euros para a Deutsche Lufthansa AG e desafia o ‘desapontado’ principal acionista da companhia aérea a ‘derrubá-lo’, na votação crucial que ocorrerá esta semana, avança a ‘Bloomberg’. Com a Lufthansa a lutar pela sobrevivência após o surto do novo coronavírus desferir o mais duro, e global, golpe nas viagens das últimas décadas, o bilionário Heinz-Hermann Thiele veio agora a ameaçar bloquear o plano de resgate – o qual diluirá a sua participação e influência de 15,5% – na reunião de acionistas marcada para esta quinta-feira . Mas com o governo alemão a sinalizar que não está disposto a alterar o pacote, cabe ao investidor, de 79 anos, decidir se apoia um acordo que considera “defeituoso” ou se desencadeará a sua rejeição. Esta alternativa levaria a Lufthansa para “águas desconhecidas”, e seria forçada a reconfigurar seu plano de sobrevivência com a ameaça de insolvência iminente.
O governo, por seu turno, já vincou que permanece firme no pacote acordado, que servirá de base para a votação dos acionistas, segundo o porta-voz do Ministério da Economia da Alemanha, Korbinian Wagner.
O governo alemão explicou os termos do resgate a Thiele, numa reunião com a presença do diretor executivo da Lufthansa, Carsten Spohr, e dos dois ministros que intermediaram o resgate. As partes não discutiram o que aconteceria se o pacote não fosse aprovado pelos acionistas, detalha a publicação.
Sobre este encontro, o ministro das Finanças alemão, Olaf Scholz, disse que o governo teve uma discussão “amigável” com Thiele e a Lufthansa, acrescentando que o acordo é “bom e equilibrado”.
As hipóteses da companhia garantir o apoio à proposta do governo sofreram um golpe depois de apenas 38% dos acionistas se terem registado para votar.
O que significa que a administração da Lufthansa deve garantir dois terços dos votos para vencer no dia da reunião, em vez de ter apenas uma maioria simples. Isso também significa que Thiele tem efetivamente uma minoria de bloqueio, desde que esteja registado. A companhia aérea recusou-se a confirmar esta última informação.
Importa recordar que o terceiro homem mais rico da Alemanha expressou a sua insatisfação com o resgate, dizendo que o Estado está a lucrar com a operação.
Os termos do pacote de empréstimos e investimentos exigem que a Lufthansa emita uma participação de 20% para o governo ao preço nominal de 2,56 euros por ação, uma alteração que precisa ser aprovada na Assembleia.
“O governo federal deve limitar-se aos pacotes de ajuda financeira, que são fundamentalmente muito positivos, e não deve tornar-se um investidor voltado para o retorno”, disse Thiele ao jornal Frankfurter Allgemeine Zeitung.
Assim, continua a não estar claro se Thiele, ex-comandante do exército, está disposto a colocar em risco a sua participação de 750 milhões de euros. O ministro da Economia, Peter Altmaier, disse anteriormente que a companhia aérea será salva a qualquer custo – como que a dar ao investidor a esperança de que a Alemanha acabe por rever a base do resgate se não houver outra opção (Executive Digest, texo da jornalista Sonia Bexiga)
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