Comissões exigidas pelos bancos voltaram a crescer nos três primeiros meses do ano. Por dia, os cinco maiores bancos cobraram em média quase cinco milhões de euros. As comissões assumem-se como uma fonte de receitas cada vez mais importante para as contas dos bancos. E as contas dos bancos refletem isso mesmo. Só nos primeiros três meses deste ano, os cinco maiores bancos nacionais arrecadaram quase 450 milhões de euros em comissões. Por cada dia que passou foram quase cinco milhões de euros que entraram para os cofres dos bancos em receitas captadas por essa via. Os resultados relativos ao primeiro trimestre do ano mostram que os cinco bancos mais representativos do sistema financeiro nacional — Caixa Geral de Depósitos (CGD), BCP, Santander, BPI e Novo Banco — angariaram, em termos líquidos, 449 milhões de euros em comissões. Este montante contempla não só as comissões bancárias como as obtidas pela prestação de outros serviços financeiros. O valor amealhado em comissões cresceu assim 2,3% face ao verificado nos primeiros três meses do ano passado, refletindo o aumento da atividade relacionada com a concessão de crédito, tanto a famílias como a empresas, mas também fruto do agravamento dos encargos que os bancos nacionais têm vindo a exigir aos clientes pelos serviços prestados na gestão financeira do dia-a-dia.
Comissões
líquidas dos cinco maiores bancos no 1.º trimestre
Dos
cinco bancos mais representativos em Portugal, a CGD foi a que mais aumentou as
comissões obtidas no primeiro trimestre do ano. No total, o banco público
angariou por esta via 103 milhões de euros entre janeiro e março deste ano, em
termos consolidados. Trata-se de um aumento de 6,2% face ao verificado no mesmo
período de 2019. Considerando apenas a atividade doméstica, há um crescimento
de 4,1%.
Só
no ano passado, o maior banco nacional, anunciou por duas ocasiões aumentos de
comissões: em março e em outubro. Este último aumento entrou em vigor já em
janeiro deste ano, tendo tido como principais alvos as contas “pacote” e “low
cost”, mas também as transferências, com a Caixa a começar ainda a cobrar no MB
Way.
Mas
se a CGD foi o banco apresentou o maior aumento das receitas obtidas com as
comissões nos três primeiros meses do ano, o BCP foi o que mais dinheiro
angariou por essa via, numa análise absoluta, ou seja, sem levar em linha de
conta o volume de negócios dos diferentes bancos. O banco liderado por Miguel
Maya registou comissões líquidas de 119,3 milhões de euros entre janeiro e
março, uma subida de 3,8% comparativamente ao mesmo período do ano passado.
Cabe
ao Santander ocupar a terceira posição do pódio das comissões. A instituição
financeira comandada por Pedro Castro e Almeida somou 96,6 milhões de euros em
comissões, um crescimento de 1% face ao primeiro trimestre do ano passado.
Já
o BPI no último trimestre que contou com a liderança de Pablo Forrero amealhou
60,8 milhões de euros em receitas de comissões até ao final de março, um
aumento de 0,7% face ao período homólogo.
Um
pouco mais arrecadou o Novo Banco — 69,3 milhões de euros –, tendo contudo sido
o único a ver as suas receitas com comissões diminuírem face ao primeiro
trimestre do ano passado. A quebra foi na ordem dos 2,3%, com o banco liderado
por António Ramalho a explicar que “neste período as comissões relacionadas com
os serviços de pagamentos e comissões sobre empréstimos e garantias registaram
uma diminuição, condicionadas por um menor nível de transações e pelo atual
contexto da atividade bancária em Portugal“.
De
salientar que o Novo Banco anunciou em meados de fevereiro que iria aumentar um
conjunto de comissões aos clientes, sendo que desde a venda ao Lone Star o
banco não fez grandes revisões ao seu preçário.
Contudo,
pouco depois deste anúncio, estalou a pandemia com os bancos a anunciarem a
suspensão da cobrança de diversas comissões, incluindo o Novo Banco.
Novas
subidas nas comissões à espreita?
A
suspensão de diversas comissões habitualmente cobradas aos clientes, visando
fomentar a utilização dos meios digitais em detrimento das deslocações ao
balcão, foi uma das medidas tomadas pela generalidade dos bancos nacionais.
Esta situação poderá mesmo pesar de alguma forma nas suas contas do segundo
trimestre do ano, mas à espreita poderá estar um eventual agravamento dos
encargos exigidos aos clientes bancários.
A
Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAU) alertou para essa possibilidade num
relatório em que apreciou a proposta de Orçamento Suplementar, documento que
trouxe uma série de medidas de apoio social, mas também um novo encargo para a
banca, precisamente para financiar a Segurança Social.
Segundo
esta entidade especializada do Parlamento, face à implementação pelo Governo de
um adicional à contribuição de solidariedade sobre o setor bancário, para
ajudar a financiar a crise, “deve o legislador esperar […] uma repercussão nas
comissões e noutros encargos cobrados pelos bancos aos consumidores de serviços
bancários”.
Este
alerta surge numa altura em que o tema das comissões tem sido debatido no
Parlamento, isto depois de no final de fevereiro, ter sido aprovado na generalidade,
o travão à cobrança de um conjunto de comissões, onde se destaca o MB Way (ECOdigital, texto da jornalista Catarina Melo)
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