sábado, maio 16, 2020

Não podemos falar do Novo banco quando queremos falar do BES», diz Centeno


«O Novo Banco é uma instituição que tem as portas abertas, emprega milhares de trabalhadores, é a guarda das poupanças de milhões de portugueses e é nele que dezenas de milhares de empresas têm os seus créditos. Não podemos falar do Novo banco queremos falar do BES», começou por dizer Mário Centeno, que respondia à deputada do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, que insistia no tema do Novo Banco, durante um debate que decorre na Assembleia da República, sobre o Programa de Estabilidade 2020.
«Tem obrigação de fazer uma auditoria antes de injectar 850 milhões», afirmou a deputada bloquista, frisando que esta é uma discussão sobre «o dever de transparência das contas e do rigor com que deve ser gasto o dinheiro publico, e os compromissos políticos».
Logo de seguida, Centeno vincou: «Uma coisa é a resolução, outra é a instituição Novo Banco». E, por isso, «não permitirei enquanto ministro das Finanças que uma instituição bancária que tem as portas abertas possa ser prejudicado por um debate parlamentar sem qualquer sentido», atirou.
«As auditorias – várias auditorias -, inspecções e comissões de acompanhamento antecedem qualquer injecção de capital e empréstimo do Estado ao Fundo de Resolução. Não há nenhuma injecção de capital no Novo Banco sem auditorias», reiterou, salientando que «podemos e devemos tomar decisões com o máximo de informação disponível e é isso mesmo que fazemos». Centeno rejeitou que haja «ausência de controlo nestes processos».
O Novo Banco, recorde-se, recebeu um novo empréstimo público no valor de 850 milhões de euros. A verba foi transferida, na semana passada, para o Fundo de Resolução sob a forma de um empréstimo, que injectou 1.037 milhões de euros, destinados à recapitalização do banco.
Na sexta-feira, Costa admitia que «não tinha sido informado que, na véspera, o Ministério das Finanças tinha procedido a esse pagamento», já depois de ter negado o pagamento no dia anterior, durante o debate quinzenal, perante uma uma pergunta feita pela bancada bloquista. Entretanto, o primeiro-ministro pediu desculpa ao partido pela informação errada.
Mário Centeno, por sua vez, assegurou que a transferência «não foi à revelia». O ministro das Finanças, que falava esta quarta-feira no Parlamento, sublinhou que «não há nenhuma decisão do Governo que não passe por uma decisão conjunta do Conselho de Ministros» e que «a ficha de apoio ao senhor primeiro-ministro chegou com um par de horas de atraso e o senhor primeiro-ministro, quando deu a resposta que deu, não tinha à frente dele a informação actualizada».
Também na quarta-feira, O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, criticou a nova injecção de capital no Novo Banco, uma vez que «há uma auditoria que tinha sido anunciada que estaria concluída em Maio deste ano». «O senhor primeiro-ministro esteve muito bem no Parlamento quando disse que fazia sentido que o Estado cumprisse as suas responsabilidades, mas naturalmente se conhecesse previamente a conclusão a auditoria», afirmou. Mário Centeno ameaçou demitir-se, mas decidiu manter-se no cargo depois de uma reunião com o primeiro-ministro, António Costa, que durou três horas. Costa reafirmou, entretanto, «a sua confiança política e pessoal» no ministro das Finanças (Executive Digest, texto dajornalista Ana Rita Rebelo)

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