Mais de 5,9 milhões de pessoas em todo o mundo foram infectadas pelo novo coronavírus, e mais de 365.000 mortes foram registadas globalmente até este sábado, de acordo com os dados da Universidade Johns Hopkins. O impacto do vírus na vida das pessoas, na economia e na sociedade como um todo leva muitos a pensar, quanto tempo é que levará para sairmos deste surto atual. Quando voltaremos à dita “normalidade”? Gabe Kelen, diretor do Departamento de Medicina de Emergência da universidades Johns Hopkins, responde: “não tão cedo como esperávamos.” “Não estamos nem perto do pico. E há vários picos. Apenas atingimos o primeiro, e estamos agora a deslizar um pouco”, explica Kelen, especialista em infecções emergentes. “Acabámos de ver um pequeno mini pico agora. Portanto, é inevitável que, a menos que uma vacina chegue, ainda exista uma enorme quantidade de pessoas a serem infectadas. Uma segunda onda é virtualmente inevitável, possivelmente uma terceira e uma quarta ”, sublinha Kelen.
Quando o vírus começou a percorrer o mundo no início deste ano, os países começaram a implementar grandes estratégias de mitigação, como diretrizes de distanciamento social e confinamento, com o intuito de retardar a propagação do COVID-19. Mas “achatar a curva” não significa o fim antecipado do surto.
“Costumamos ouvir dizer ‘vamos achatar a curva’, mas o achatamento da curva não diminui o número total de infecções. O motivo para achatar a curva é que o sistema de saúde fica menos sobrecarregado e há mortes que se conseguem evitar ”, afirma Kelen.
Cerca de uma dúzia de candidatos à vacina COVID-19 estão em estágios iniciais de testes ou prontos para começar em todo o mundo. Mas especialistas dizem que mesmo que tudo corra na perfeição, 12 a 18 meses para desenvolver uma vacina estabeleceriam um recorde de velocidade.
Por isso, antes de chegarmos à parte da vacina, Kelen diz que precisamos atingir um limiar conhecido como “imunidade de rebanho” para ver o fim do surto. Isso significa que, uma vez que um número suficiente de pessoas se torna imune ao novo coronavírus, ele não pode espalhar-se tão facilmente por toda a população.
“De uma maneira ou de outra, precisamos de atingir a imunidade de rebanho para que esse vírus se extingua”, diz Kelen. “Segundo as estimativas da maioria dos cientistas, isso significa que cerca de 60% da população precisa de ser infectada. Pode ser um pouco menos, pode ser um pouco mais, dependendo do que o vírus faz. ”
Estudos efetuados a nível mundial, com o objetivo de quantificar o número de pessoas que foram infectadas pelo vírus, descobriram que a percentagem de pessoas imunes ao vírus não chega aos dois dígitos na maioria dos países.
“Neste momento, em alguns países a percentagem é de menos de 1%, outros podem ter 15%, então estamos muito longe”, alerta Kelen. “Podemos correr e podemos esconder-nos. Mas este vírus vai fazer o que quer fazer. ”
Kelen adverte ainda para as implicações de facilitar as estratégias de mitigação, como usar máscara e permanecer em casa, mas também aponta a dificuldade em manter as restrições em vigor.
“Não conheço ninguém que não tenha previsto outro pico, que provavelmente será maior, a menos que realmente mantenhamos essas estratégias de mitigação, que são muito difíceis de executar”, diz (Executive Digest)
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