Voar para fora de Portugal já é possível, mas as restrições são tantas para os estrangeiros que, na prática, podemos dizer que foi aberta apenas uma nesga do espaço aéreo. Há voos a partir de Lisboa e do Porto para 12 destinos (ver mapa), 10 na Europa e dois no Brasil. Porém, as limitações impostas tornam-nos pouco atrativos. Há apenas dois destinos na Europa para onde os portugueses poderão voar livremente e em lazer: Amesterdão e Viena. Londres está intermitente, já que se aguarda, a qualquer momento, a imposição de quarentena obrigatória a quem chega de fora. Bucareste e Dublin não colocam barreiras a estrangeiros, mas obrigam também a 14 dias de isolamento — o que será o mesmo que dizer que são destinos para os quais não se pode voar para fazer turismo. Dentro de Portugal, a Madeira e os Açores continuam a impor idêntica obrigação. São nove os países para os quais se pode voar a partir de Portugal: Alemanha, Áustria, França, Reino Unido, Suíça, Holanda, Irlanda, Roménia e Brasil. Mas a generalidade destes voos, embora haja exceções, está vedada a quem não seja cidadão desse país. Vários permitem também a entrada à família nuclear, a portadores de cartão de residência, diplomatas, médicos e enfermeiros, especialistas em coronavírus e passageiros em trânsito.
O retomar dos voos regulares tem sido festejado pela indústria da aviação. O sector emprega cerca de 25 mil pessoas em Portugal e cada mês que passa sem que os aviões levantem voo aumenta a probabilidade de as empresas não terem balanço para aguentar. A segunda quinzena de maio será um barómetro relevante para perceber o rumo do verão, tem defendido o sector. O espaço aéreo deverá começar a abrir de forma generalizada em junho, mas também pode não acontecer. A imprevisibilidade é grande.
O presidente da Groundforce, Paulo Neto Leite, disse ao Expresso que 18 das 30 companhias que voam para Portugal estão a preparar-se para regressar à atividade e parte delas planeia começar a voar já em junho. Mas, claro, tudo dependerá da procura dos passageiros, já que não irão voar com uma ocupação baixa. Atualmente, os dias de maior pico no aeroporto de Lisboa são quinta-feira e sábado. Até ao final de maio prevê-se 13 voos diários no Humberto Delgado, longe dos 220 previstos para esta altura. Já no Porto haverá 10 voos semanais (60 era a média anterior).
ONDE SE PODE (E NÃO PODE) VOAR
O atual estado de calamidade em Portugal proíbe os voos para fora da União Europeia, com algumas exceções. É permitido às companhias voar para países de expressão oficial portuguesa, como o Brasil ou Angola, mas também onde existam fortes comunidades de emigrantes, como EUA, Venezuela, Canadá ou África do Sul. E também para a Noruega, Islândia e Suíça, que não estão na UE mas pertencem ao Espaço Schengen. Já para Itália, pelo menos até 15 de junho continuam suspensas as ligações por causa da pandemia.
O regresso dos voos para os EUA e Brasil é também determinante para o retomar de uma certa normalidade. Assim como para Espanha, um dos maiores mercados de Portugal, que poderá ter o espaço aéreo fechado até, pelo menos, 7 de junho, data em que termina o estado de emergência.
Para quem gosta de viajar e de fazer escapadinhas, uma das grandes dúvidas é se acabou a era das viagens baratas e da massificação do turismo. Mas ninguém arrisca responder a essa questão, embora haja quem admita que os voos baratos têm mesmo os dias contados.
As companhias pedem uma harmonização internacional das regras de proteção. É, para já, obrigatório viajar com máscara. Esta semana, o Governo anunciou que os aviões deixam de ter lotação de passageiros reduzida, de dois terços, a partir de 1 de junho. O objetivo é “alinhar as regras nacionais pelas regras europeias para a retoma do setor e da confiança dos passageiros” (Expresso, texto dos jornalistas ANABELA CAMPOS E HUGO FRANCO)
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