O aumento da dívida é de 28% face ao que existia no início do ano. A indústria saúda as ajudas estatais mas está aflita com os custos do seu financiamento, especialmente numa altura em que os aviões vão andar mais vazios. A dívida global do setor aéreo pode subir para 550 mil milhões de dólares (501 mil milhões e euros) até o final do ano. Isso representa um aumento de 120 mil milhões de dólares (110 mil milhões de euros) em relação aos níveis de dívida no início de 2020, ou seja um aumento de 28%. A estimativa foi divulgada esta terça-feira pela Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA), que considera que a ajuda financeira às companhias aéreas “é uma tábua de salvação para superar o pior da crise” que obrigou mais de 60% da frota mundial de aviões a ficar no chão. Os apoios governamentais estão, segundo a IATA, a ajudar a manter a indústria em funcionamento. No entanto, “o próximo desafio será impedir que as companhias aéreas afundem sob o peso da dívida que a ajuda está a criar”, disse hoje Alexandre de Juniac, diretor geral e presidente executivo daquela associação.
No total, os governos comprometeram-se com 123 mil milhões de dólares em ajuda financeira às companhias aéreas. Desse montante, 67 mil milhões terão de ser reembolsados.
A IATA considera que mais da metade do alívio concedido pelos governos acaba por criar novos passivos. “Menos de 10% serão adicionados ao património das companhias aéreas”, sublinha aquela associação.
A questão é que, isso muda completamente o quadro financeiro da indústria. “Pagar a dívida dos governos e credores privados significará que a crise vai durar muito mais do que o tempo necessário para o regresso à normalidade da procura ”, acrescentou ainda o presidente da IATA.
Alexandre de Juniac considera que conter a Covid-19 e sobreviver ao choque financeiro é apenas o primeiro obstáculo. Mas as medidas de controle pós-pandemia tornarão as operações mais caras. Os custos fixos das companhias terão que ser distribuídos por menos viajantes e serão necessários investimentos para cumprir metas ambientais. Além de tudo isso, remata Juniac, as companhias aéreas precisarão pagar dívidas massivamente aumentadas decorrentes dos empréstimos que vão receber (Expresso, texto do jornalista Vitor Andrade)
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