De
repente, tudo mudou.
Em
apenas dois meses, passámos do entusiasmo de uma trajetória positiva e de recuperação
económica, para o pânico da invasão silenciosa do novo vírus, COVID 19.
Em
apenas dois meses, os seis anos consecutivos de crescimento e desenvolvimento social
e económico, de aumento de postos de trabalho e de saneamento das contas públicas
regionais, ficaram sob forte risco de ruir e dar lugar a uma crise económica
sem precedentes.
Tempos
excecionais exigiram medidas excecionais. E em apenas dois meses, o mundo parou
e o nosso modo de vida desassossegou, ameaçando hábitos diários e alterando
todo o tipo de relações sociais e pessoais.
Definindo
como primeira prioridade a defesa da saúde de todos os Madeirenses e Portosantenses,
o Governo Regional focou-se, desde logo, no combate para travar a disseminação
do vírus e, ao mesmo tempo, reduzir os efeitos socioeconómicos da pandemia.
As
primeiras medidas foram tomadas em fevereiro, muito antes da Região registar qualquer
caso.
A
determinação do confinamento chegou a 16 de março, com o encerramento de todos
os estabelecimentos de ensino, centros de dia, de convívio, discotecas,
complexos balneares, restrições nas visitas aos lares e suspensão de todas as
atividades desportivas.
Não
obstante todas as medidas adotadas se terem revelado indispensáveis, a
declaração do estado de emergência - decretado pela primeira vez na história da
democracia portuguesa – e a consequente paragem de quase todos os setores de
atividade, trouxeram à economia regional, perdas no PIB regional no valor de
430 milhões de euros por mês.
Estima-se
que até ao final de maio, esse prejuízo possa chegar aos 970 milhões de euros.
Pese
embora ainda imprevisíveis quanto à sua extensão e magnitude, estes impactos a longo
prazo vão depender de quão rapidamente os governos souberem dar uma resposta coordenada
para tentar conter os efeitos gravosos que se adivinham.
Por
isso, e em apenas dois meses, o Governo Regional já derramou na economia mais de
440 milhões de euros exclusivamente do orçamento regional.
mais
de 230 milhões de euros de apoios concedidos às empresas e às famílias da Madeira
e do Porto Santo, para mitigar os impactos na saúde pública e na economia regional,
decorrentes da pandemia e outros 211 milhões de pagamentos a fornecedores e a
entidades terceiras.
Para
além de reforçar a área da Saúde em mais de 60 milhões de euros, o Executivo disponibilizou
todas as ajudas existentes e produziu, de igual modo, medidas complementares de
apoio às empresas e ao rendimento dos trabalhadores, como a que apoia os
trabalhadores independentes e a que determina o apoio duplicado aos sócios gerentes
afetados pela crise.
Perante
uma lista extensa de apoios concedidos para ajudar as empresas a reduzir ou aliviar
os compromissos perante a banca, o fisco e a segurança social, destacam-se também
aquelas que foram criadas no sentido de garantir rendimentos às famílias, como o
reforço do orçamento do apoio social em meio milhão de euros para pedidos
adicionais de ajuda à compra de
alimentos, medicamentos, e outras despesas emergentes; a isenção de pagamento
de rendas, de luz e de eletricidade; o apoio na área educação, através da disponibilização
de computadores aos alunos mais carenciados.
A
todos estes valores acrescem, também, apoios de cerca de 5 milhões de euros
para ajudar os agricultores regionais e o setor das pescas.
Num
curto espaço de tempo, o Governo Regional tomou todas as medidas ao seu dispor para
pôr a circular dinheiro na economia e para tentar minimizar as dificuldades dos
nossos empresários e das nossas famílias.
A
somar aos 230 milhões de apoios concedidos, entre o dia 09 de março e o dia 08
de maio, procedemos a pagamentos a fornecedores e a entidades terceiras,
superiores a 211 milhões de euros.
Para
além da observância dos nossos compromissos financeiros, o objetivo tem sido, sempre,
ajudar a tesouraria das empresas regionais e, dessa forma, evitar falências, preservar
empregos e garantir rendimentos às famílias madeirenses e porto-santenses.
Neste
sentido, temos vindo a reduzir o prazo médio de pagamentos para os bens e
serviços fornecidos à Administração Pública, com particular atenção às
incumbências assumidas para com as pequenas e médias empresas. Este prazo é já
de 59 dias, enquanto que nos Açores é de 157 dias e em alguns serviços do
Estado chega a ser superior a 590 dias.
Por
outro lado, tem sido reforçado, também, o pagamento a entidades terceiras, de
que são alguns exemplos as associações de caráter social, várias instituições,
casas do povo, corporações de bombeiros, escolas, bolseiros do Governo Regional
e, entre outros, o pagamento do subsídio de mobilidade para os estudantes.
Estamos,
portanto, a trabalhar a todos os níveis para superar a atual pandemia. O
esforço que estamos a fazer no pagamento célere aos nossos fornecedores e a
várias entidades, é mais uma medida de apoio à liquidez das empresas que estão
a sofrer o impacto imediato e significativo da atual crise.
Ainda
recentemente, a Comissão Europeia considerou que os impactos negativos em 2020
poderão ser mitigados por políticas atempadas e eficazes por parte das
instituições europeias e dos Estados-Membros, particularmente as que compensem
reduções no consumo privado das famílias e na liquidez das empresas.
Mas
há dois meses que seguem sucessivos pedidos de ajuda da Região ao Governo da República,
para acudir às nossas empresas e às nossas famílias.
Há
dois meses que dura o silêncio e que Lisboa ignora o apelo dos Madeirenses e
Portosantenses.
Nas
várias solicitações feitas ao Primeiro-Ministro, a Região requereu a aplicação
de um conjunto de medidas que se apresentam como essenciais à revitalização da
economia regional, já de si condicionada pelos constrangimentos permanentes
derivados da sua condição ultraperiférica e de exiguidade do seu mercado, agora
confrontado com os graves efeitos da pandemia.
São
medidas excecionais de suporte financeiro para fazer face ao apoio ao setor da saúde,
nomeadamente para o reforço de meios e de recursos humanos; ao apoio à manutenção
dos postos de trabalho existentes e ao apoio imediato à tesouraria das empresas.
Reivindicações
mais do que justas, que passam pela suspensão da Lei de Finanças das Regiões
Autónomas, possibilitando ao Governo Regional contrair endividamento para acudir
a toda a população, bem como a todo o setor empresarial.
De
forma a libertar meios financeiros necessários para fazer face à situação
particular que vivemos, solicitámos, também, uma moratória no pagamento do
capital e juros das próximas duas prestações do empréstimo do PAEF do Estado à
Região, no valor global de 96 milhões de euros.
Em
consonância com a flexibilização das regras orçamentais por parte da Comissão Europeia,
solicitamos a eliminação da limitação ao endividamento, pois só assim se poderá
fazer face às medidas urgentes de apoio às famílias e ao setor empresarial.
Mas
passados dois meses, a Região também não recebeu qualquer resposta à
autorização do Estado para, através de recursos próprios - concedidos pelo
equilíbrio dos últimos anos das suas finanças públicas, desencadear uma
operação para endividamento líquido adicional, no valor de 300 milhões de
euros, destinado a medidas que cheguem rapidamente às empresas e aos
trabalhadores e que garantam a sobrevivência da nossa economia.
A par
destas, existem mais medidas que a nossa Região reivindica legitimamente e cuja
resposta é importante definir e esclarecer, face, inclusive, à necessidade da
elaboração de um Orçamento Regional retificativo ou suplementar, que contemple
todas as necessidades e as expectativas da nossa população.
Numa
altura em que a solidariedade da República é tão necessária e que adiamentos de
um ou dois dias podem custar a sobrevivência de muitas empresas, mais
desemprego e mais pobreza, o que recebemos são derivas demagógicas de um Estado
centralista, que ignora as suas regiões e que gere a grave crise que vivemos
através da propaganda política.
Há
dois meses que o Primeiro-ministro não responde, numa atitude de indiferença e
de desinteresse, que coloca problemas complicados à Madeira e que deixa os
Madeirenses mais fragilizados.
Não
há uma resposta ao pedido de ajuda financeira, mas há disponibilidade imediata para
injetar 850 milhões na recapitalização de um banco que já custou a todos os contribuintes
portugueses, mais de 3 mil milhões de euros.
Não
há uma única palavra aos apelos dos Madeirenses, mas há dinheiro para cobrir os
prejuízos financeiros da TAP, que já ultrapassam os 2 mil milhões de euros, e
para pagar bónus aos seus administradores.
A
falta de resposta do Estado Português para com a Região contrasta, todavia, com
a exigência de solidariedade feita à União Europeia.
Esta
postura inaceitável da República conta com a cumplicidade do Partido Socialista
da Madeira e dos seus deputados que, atendendo à indiferença manifestada por
Lisboa, procuraram sempre, de forma irresponsável e contra os interesses
daqueles que os elegeram, disfarçar e desculpar a falta de solidariedade de um
Governo que vota ao esquecimento, ao desemprego e à pobreza, uma parte da sua
população.
E não
vale a pena tentar ludibriar com promessas de orçamentos suplementares para finais
de junho ou julho, por que os madeirenses precisam de dinheiro agora. Não daqui
a dois meses.
Não
contem connosco para pedir ao Povo da Madeira que passe fome até julho!
Não
nos calam com atos de politiquice barata. Esgotaremos todas as soluções e
iremos até às últimas consequências para defender as justas reivindicações dos
Madeirenses e Porto-Santenses.
Somos
cidadãos portugueses de parte inteira, pelo que é ilegítimo e escandaloso não reconhecer
a plenitude das nossas reivindicações.
Se há
coisa que neste momento de crise económica e social menos se espera, são
“contas de mercearia” e falta de solidariedade para com a Região.
Esta
é uma atitude que traz por detrás de si uma posição política, que “repugnamos”.
Tudo
isto é preocupante e revela a manipulação eleitoralista que a República faz dos
instrumentos do Estado para criar dificuldades ao Governo Regional da Madeira.
Mas
os Madeirenses e Porto-Santenses saberão dar, no momento certo, a resposta adequada
a esta partidarização da coisa pública por parte do Partido Socialista e do Governo
da República.
Do
Governo Regional, o Povo da Madeira poderá continuar a contar com a implementação
das respostas que têm de ser dadas e com a certeza de uma ação política positiva
e de responsabilidade social, no sentido de salvaguardar a sua população e, sobretudo,
de garantir o nosso futuro coletivo.
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