quinta-feira, março 19, 2020

Nota: e o governo de Centeno quando vai negociar com os bancos?

Se como dizem, estamos perante uma situação excepcional em termos sociais e económicos, se as pessoas são obrigadas a ficar em casa, preventivamente, não percebo porque motivo o Ministério das Finanças (que até recomendou aos portugueses que usem menos dinheiro, notas e moedas) não negoceia com os bancos nacionais a aplicação, por exemplo, de uma moratória de 3 ou 4 meses que suspenda o pagamento de prestações de créditos, para empresas ou privados. Se tecnicamente parece que é possível depois prolongar esse tempo ao prazo previsto de vigência dos créditos, tudo indica que o problema esteja em Bruxelas - mas duvido que levantasse objecções - ou na falta de vontade politica. Sem dinheiro a circular as empresas estão descapitalizadas e as pessoas, impedidas de uma vida normal (algumas penalizadas ou ameaçadas com o desemprego ou a lay-off que reduzem drasticamente os rendimentos das famílias), precisarão de ter recursos financeiros preventivos que possam responder a qualquer eventualidade mais urgente nesta crise e sem a pressão de cumprimento de compromissos bancários que sempre respeitaram. Sinceramente não percebo como é que ainda se diz que se quer ajudar empresas e pessoas mantendo tudo na mesma e não fazendo rigorosamente nada, porque estamos reféns da obsessão doentia do défice, do superavit, dos pagamentos antecipados de dívida a entidades externas, etc. Quem não tem créditos, que dê graças a Deus, acenda uma vela e reze o terço. É bom sinal, agradeça a sorte que teve. Quem tem créditos, sem que isso signifique qualquer menorização pessoal ou social, fica à espera de decisões concretas, pressionado pela necessidade já este mês de Março de sair de casa para respeitar os compromissos negociados com a banca. E as empresas descapitalizadas, porque o dinheiro deixou de circular abalando o consumo das pessoas, caso não tenham outros recursos financeiros, a exigirem dos proprietários recursos financeiros adicionais para garantirem o pagamento de salários. É assim que se ajuda a economia, pessoas e empresas? Não me gozem (sei que há exemplos que tomaram a iniciativa e segundo foi noticiado a CGD já deu os primeiros passos para contactar os seus clientes por sua iniciativa).
Lembro que os cinco principais bancos em Portugal lucraram 2,4 milhões de euros por dia em 2019, num ano em que a Caixa Geral de Depósitos viu os resultados dispararem com a venda de operações internacionais e apesar do Novo Banco ter voltado a registar prejuízos acima dos mil milhões de euros. E nem vale a pena falarmos da recessão que se seguirá a tudo isto quando a prioridade das prioridades é defender as pessoas, lutar pela preservação da vida humana e acabar de vez esta crise sanitária sem precedentes (LFM)

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