Li aqui que “Álvaro
Santos Pereira acaba de publicar um livro sobre a sua passagem pelo Governo. E
diz que há responsáveis políticos que já aceitaram leis para o setor energético
escritas pelas próprias empresas produtoras de eletricidade. O jornal Público
compilou uma série de citações do livro lançado na semana passada pelo
ex-ministro da Economia Álvaro Santos Pereira. "Reformar sem medo, um
independente no Governo de Portugal" é o título do livro que faz o balanço
da sua passagem pelo governo de Passos Coelho. Numa das frases do livro, a
propósito dos lóbis e da sua proximidade com o poder político o ex-ministro
conta o seguinte episódio:
“Um dos membros da minha
equipa foi abordado por um representante dos produtores da energia que lhe
disse que, como sabia que estávamos muito ocupados e não tínhamos recursos,
eles próprios poderiam fazer as transposições de directivas e que depois nos
entregariam as leis para fazermos o que entendêssemos”, relata Álvaro Santos
Pereira. Outra das revelações do livro de Álvaro Santos Pereira é que o
ministro responsável pela pasta do Emprego sabia que as estatísticas oficiais
não correspondiam à situação real do país. “Pelo que parece isso já tinha
acontecido no passado. Como é óbvio, nós agradecemos, mas declinámos a
'gentileza’”, diz o ministro no seu livro, sem especificar a que passado se
estava a referir. O autor apresenta-se
como uma voz quase isolada no Governo na luta contra os lóbis e considera
“fundamental que uma estratégia anticorrupção seja proposta e consensualizada
entre os principais partidos portugueses, de forma a acabar com os comportamentos
menos transparentes, por vezes altamente lesivos do interesse público.” Outra
das revelações do livro de Álvaro Santos Pereira é que o ministro responsável
pela pasta do Emprego sabia que as estatísticas oficiais não correspondiam à
situação real do país. E por isso, ao mesmo tempo que comentava os números
oficiais, o gabinete do ministro preparava as suas próprias previsões da subida
do desemprego “tendo em linha de conta a contração do crédito (que, recordo,
alguns negavam estar a acontecer) e o quase colapso do sector da construção.”
“Quando chegaram os
resultados, foi imediatamente evidente que as nossas previsões eram bastante
mais pessimistas do que as estatísticas oficiais”, recorda o ministro. Acusado
de ter falta de peso político ao lado de Vítor Gaspar, do CDS e da troika,
Álvaro Santos Pereira guarda as piores recordações de Paulo Portas após a
‘demissão irrevogável’ que abriu a crise política de 2013: “Senti que a Pátria
tinha sido traída e que o país tinha sido atirado à lama. E pensei que tínhamos
acabado de deitar o trabalho dos últimos dois anos para o lixo”, diz o
ex-ministro, acrescentando que nem foi à tomada de posse dos novos ministros
“pois recusei-me a apertar a mão a alguém que tinha feito algo tão prejudicial
para o país.”