sábado, maio 07, 2011

Desemprego atinge 880 mil

Li no Correio da Manhã que "Teixeira dos Santos reconhece que o desemprego vai atingir mais 100 mil portugueses até 2013. O ministro das Finanças disse ontem que o desemprego irá atingir nesse ano 13% da população activa, mais dois dígitos do que em 2011. Os especialistas em assuntos laborais discordam, e aumentam as previsões avançadas. O economista Eugénio Rosa diz ao Correio da Manhã que "o desemprego afectará 880 mil portugueses em 2013." Na conferência de imprensa em que apresentou o acordo do Governo com a troika (FMI, Comissão Europeia e Banco Central Europeu), Teixeira dos Santos previu uma subida da taxa de desemprego para 13% em 2013, face aos 11,1% registados em Março. Eugénio Rosa, que é consultor da CGTP, afirma ao CM que "não é por acaso que o ministro só deu os números do desemprego de 2013, porque espera que nesse ano recomece o crescimento económico". Num clima de recessão, o desemprego vai sofrer uma escalada. O chamado "desemprego oficial" chegará a 735 mil portugueses, mas o "desemprego efectivo", ou real, irá atingir 880 mil portugueses. Num ponto, porém, Eugénio Rosa coincide com Teixeira dos Santos: o crescimento do desemprego irá alargar-se a mais 100 mil portugueses. O especialista sindical diz que, já em 2011, os desempregados efectivos serão 807 mil, mais do que os 657 mil dos números oficiais que escondem parte da realidade. Ao desemprego soma-se o corte nas prestações sociais. Segundo o economista, "o número de desempregados a receber o subsídio de desemprego diminuiu, entre Março de 2010 e Março de 2011, de 367 712 para apenas 293 281, segundo a Segurança Social." Em Dezembro de 2010, apenas 47,6% dos desempregados recebiam cobertura do respectivo subsídio. Eugénio Rosa conclui: "A percentagem de desempregados com direito ao subsídio de desemprego diminuirá ainda mais, e a miséria aumentará ainda mais."
O QUASE ADEUS DO MINISTRO
O ministro das Finanças não respondeu ontem aos jornalistas sobre se iria ficar no Governo caso o PS ganhe as eleições. Numa declaração ambígua, disse ter "uma sensação do dever cumprido", por "deixar este trabalho feito". Mais: "Este é um bom programa, e é também uma oportunidade que não pode ser desperdiçada." E concluiu: "Fiz o que estava ao meu alcance."
78 MIL MILHÕES SÃO SUFICIENTES
"Os 78 mil milhões de euros são um montante que, nas nossas estimativas e avaliações, será suficiente para cobrir as nossas necessidades", disse Teixeira dos Santos, acrescentando que "há aqui também [no programa] uma aposta muito clara em fazer com que Portugal possa regressar o mais rapidamente possível aos mercados."
GOVERNO ERRA NAS PREVISÕES
Em pouco mais de um mês, o cenário macroeconómico de Portugal mudou completamente: entre Março e Maio deste ano, as previsões sobre o comportamento da economia em 2012 passaram do crescimento para a recessão, e os valores do défice orçamental praticamente duplicaram. E, em relação ao corrente ano, a estimativa de quebra da economia prevista em Março era de 0,9% e agora passou para uma diminuição de 2%. No Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC) 4, o Governo de José Sócrates previa que o PIB crescesse 0,3% em 2012 e 0,7% em 2013. Com o recurso à ajuda financeira externa e a intervenção dos técnicos do FMI, do Banco Central Europeu (BCE) e da Comissão Europeia, o cenário mudou: a economia vai ter uma recessão em 2011 e 2012, para começar a crescer em 2013. As previsões do défice das contas públicas registaram uma trajectória semelhante: no PEC 4, o Executivo previa um défice orçamental de 3% em 2012 e de 2% em 2013. Os técnicos da troika ampliaram este cenário e deram mais folga ao ajustamento: em 2012, o défice orçamental será de 5,9%".

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