O PSD nacional - entregue como está a um gangue de oportunistas, que se apoderou do partido para, através dele chegar ao poder no cumprimento de uma missão alegadamente "messiânica" mas essencialmente ideológica e política à vista de todos - resolveu instaurar um processo disciplinar aos 4 deputados da Assembleia da República eleitos pela Madeira e aos 3 deputados social-democratas eleitos pelos Açores. Já nem sequer falo do facto de estarmos a falar de um ex-Presidente do Governo Regional dos Açores e ex-Presidente da Assembleia da República (Mota Amaral) ou de um actual Vice-Presidente da Assembleia da República e antigo líder parlamentar do PSD no parlamento nacional, Guilherme Silva. Nem sequer recordo que estamos a falar de um ex-secretário de estado (Correia de Jesus), de um dos mais experimentados deputados e durante anos um dos porta-vozes do PSD no parlamento para as questões jurídico-financeiras mais complexas, Hugo Velosa ou de um experimentado deputado social-democrata dos Açores, Joaquim da Ponte. Nem sequer recordo que a estes nomes se juntam duas jovens estreantes, a madeirense e antiga dirigente da JSD, Cláudia Aguiar e a açoriana e jornalista Lídia Bulcão (ambas desde Junho de 2011). Motivo terem votado contra avergonha proposta de lei de finanças regionais do governo de coligação, instrumento de roubalheira descarada e que não corresponde, apesar das diferenças existentes entre as duas regiões, as expectativas da Madeira e dos Açores neste domínio financeiro. Os deputados insulares do PSD unidos, votaram contra tal provocação bandalha e como nada se vai alterar depois da absoluta perda de tempo que será a discussão na especialidade, devem obrigatoriamente repetir a mesma votação quando a referida proposta de lei for submetida a votação final.
Para além de não perder tempo a questionar, porque não ligo nem a bandalhos nem a bandalhices, a legitimidade, ética, moral e política de um partido desfigurado, mantido refém de interesses obscuros, transitoriamente entregue a um gangue de oportunistas - até que um dia as bases, em defesa da sua dignidade colectiva, se revoltem e ponham termo a este triste espectáculo que vai destruindo o PSD de Sá Carneiro - quero essencialmente manifestar a minha total solidariedade pessoal e política aos 7 deputados e pedir-lhes que, mantendo-se tudo na mesma, como suspeito que vai acontecer, que repitam a sua votação, porque com ela defenderão estoicamente os interesses das duas regiões e defenderam sobretudo a sua dignidade pessoal e política.
Não posso lamentar, neste contexto, o comportamento indigno e asqueroso do conhecido maçónico e líder parlamentar laranja, Montenegro, que se tivesse um pingo de decência e de dignidade política teria obviamente reagido de forma diferente da que fez. E por falar em Montenegro nem perco tempo com as alegadas insinuações de neutralização habilidosa dos deputados insulares - recordo que nem no debate sobre a lei de finanças regionais estas ramificações do gengue de bandalhos permitiram que fossem os deputados das ilhas, como deveria ter acontecido, caso falássemos de um partido com dignidade e credor de respeitabilidade, a participar na discussão - no quadro de uma sistemática obstaculização de muitos outros deputados privados de uma intervenção política no parlamento mais visível. Basta-nos as intervenções deste Montenegro que não passam de exemplares actos do mais vergonhoso lambe-botismo. (LFM)