Li no Dinheiro Vivo que “o
sistema bancário português ainda necessita de 8 mil milhões de euros de
capital, segundo os testes de stress da Moody's, numa base mais conservadora,
disse Pepa Mori, analista para Portugal desta agência de rating. A responsável
salientou que o crédito malparado aumentou mais do que o esperado devido à
recessão, justificando as suas perspetivas mais negativas. "Nós
identificámos, de acordo com os nossos testes de stress, necessidades de
capital de 8 mil milhões de euros para o sistema (bancário) como um todo. Isto
é de acordo com o nosso cenário mais conservador", adiantou a analista em
entrevista à Reuters.
"O que é positivo é
que sabemos que 6 mil milhões de euros estão disponíveis para recapitalizar o
sistema bancário caso seja necessário", acrescentou. Recorde-se que o
memorando da troika previa uma linha de recapitalização para a banca portuguesa
no valor de 12 mil milhões de euros, sendo que quase metade deste montante já
foi utilizado por alguns bancos, o que significa que serão necessários mais 2
mil milhões de euros. Pepa Mori realçou: "é verdade que o apetite para
procurar capital no mercado parece limitado, mas já aconteceu e, por isso, não
podemos dizer que não há possibilidade, de todo, dos bancos obterem capital no
mercado". Questionada se os bancos poderão obter financiamento através da
emissão de dívida, depois do BES ter dado o pontapé de saída no ano passado,
Mori afirmou que essa probabilidade não está fora de questão. "É verdade
que o apetite por capital no mercado parece estar limitado, mas já aconteceu no
passado, por isso não podemos afirmar que não existe a possibilidade de todos
os bancos captarem capital nos mercados. "É ainda demasiado cedo para
fazer comentários definitivos se, em setembro, Portugal conseguirá reganhar o
acesso total ao mercado. Muitas coisas podem acontecer até lá durante os
próximos meses", disse Kathrin Muehlbronner. Kathrin Muehlbronner,
analista de rating da Moody's, salientou que "temos de ver como estão a
reagir os investidores, mas penso que toda a gente está atenta - e seguramente
o governo está atento - as restrições que têm pela frente".