quinta-feira, abril 11, 2013

Krugman: Menores juros de Portugal resultam do BCE e não do sucesso da austeridade



Li no Dinheiro Vivo que “o economista e prémio Nobel Paul Krugman atribui a descida dos juros da dívida portuguesa à intervenção do Banco Central Europeu (BCE) e não ao sucesso da política de austeridade em curso no país. "Esta descida dos juros não tem nada a ver com a austeridade", sustenta Krugman no seu blogue no New York Times, atribuindo-a, antes, à intervenção do BCE na compra de dívida soberana dos países em dificuldades, nomeadamente Portugal. Neste contexto, o economista critica a Comissão Europeia -- que, na segunda-feira, elogiou a determinação do Governo português em prosseguir a política de austeridade apesar do 'chumbo' do Tribunal de Constitucional a algumas das medidas impostas -- quando esta reclama para si e para a sua política os créditos desta descida dos juros das dívidas soberanas e alega que um abrandamento da austeridade levará a nova escalada. Para Paul Krugman, esta posição da Comissão resulta do facto de a descida dos juros da dívida ser "o único resultado positivo que tem para apresentar após três anos de austeridade". Segundo sustenta o prémio Nobel da Economia, o "risco moral" inicialmente apontado pelos defensores da austeridade relativamente à intervenção do BCE na compra de dívida soberana -- por considerarem que esta "ajuda" poderia levar os países em dificuldades a "relaxarem no aperto do cinto" -- acabou por se concretizar, mas relativamente aos próprios apoiantes da austeridade. "Realmente a intervenção do BCE "ajudou" algumas pessoas, levando-as a prosseguir as suas más políticas. Mas essas pessoas não são os governos endividados, são os próprios membros da 'troika' (Fundo Monetário Internacional, Comissão Europeia e BCE), que usam o argumento da descida dos juros da dívida para alegarem que a austeridade está a resultar", afirma Krugman. No domingo, também no seu blogue no New York Times, Paul Krugman, que tem repetidamente criticado a estratégia europeia de resposta à crise na zona euro, instou os portugueses a "dizer não" a novas medidas de austeridade. "Just Say Nao", ironizou então o prémio Nobel da Economia, notando que a instabilidade se intensifica em Portugal, agora que o Governo de Pedro Passos Coelho anunciou a intenção de avançar com cortes na educação, saúde, Segurança Social e empresas públicas para responder ao 'chumbo' do Tribunal Constitucional de quatro normas orçamentais que representam um 'buraco' de 1.300 milhões de euros”.