sexta-feira, abril 12, 2013

Finlândia e Alemanha exigem a Gaspar cortes na despesa já

Segundo o Dinheiro Vivo, o "Eurogrupo deverá dar hoje mais sete anos, em média, para Portugal pagar o empréstimo da troika, mas as negociações têm sido muito duras, com países como a Alemanha e a Finlândia a exigirem "garantias" e "compromissos muito fortes" ao ministro das Finanças nos cortes da despesa pública. Aparentemente, Vítor Gaspar já entregou as 'provas' de que vai conseguir impor mais sacrifícios aos portugueses para tapar o desvio de 1.300 milhões de euros deixado pela decisão do Tribunal Constitucional. Foi por isso que os ministros das Finanças do euro (Eurogrupo) já sinalizaram que darão o ok ao pedido de Portugal. Ontem, Gaspar já estava em Dublin, na Irlanda, para combinar o guião dos cortes, juntamente com o seu homólogo irlandês. Portugal e Irlanda estão a gerir conjuntamente estas negociações. As reuniões informais do Eurogrupo e do Ecofin (ministros das Finanças de toda a UE) decorrem hoje e amanhã.No final da reunião do conselho de ministros, Luís Marques Guedes, o porta-voz da respetiva presidência, explicou que "a confiança e a credibilidade do nosso país face aos nossos parceiros europeus" pressupõe que "o Governo dê garantias". "Essas garantias é o que o Governo tem vindo a trabalhar afincadamente desde sexta-feira à noite junto dos parceiros internacionais".
Ontem, a TSF avançou que Vítor Gaspar terá levado consigo um número para jogar como trunfo na mesa do Eurogrupo e do Ecofin: um corte de 600 milhões de euros na despesa. Relativamente ao número, Luís Marques Guedes, o porta-voz do Conselho de Ministros, comentou que "têm existido muitas especulações". Uma horas depois, Carlos Moedas, o secretário de Estado dos memorandos, distanciou-se e disse que esse tipo de informações são "ruído". Nenhum desmentiu, em todo o caso."Tratam-se de garantias, garantias nas quais os nossos parceiros europeus, os outros países, possam confiar, é isso que está em causa. Não está em causa em Dublin a discussão de nenhum programa, esses programas têm de ser discutidos sim com a troika", juntou Marques Guedes.Segundo apurou o Dinheiro Vivo, as negociações entre Gaspar e pesos pesados do Eurogrupo (Alemanha, Finlândia, Holanda, Áustria) estavam a progredir, mas as exigências em compromissos nos cortes na despesa foram pesadas.
Helsínquia em Lisboa para ajudar
Em Lisboa, o primeiro-ministro finlandês, disse ao que vinha. Apoiou Portugal, mas em resposta à necessidade de mais cortes na despesa pública recordou os sacrifícios dos finlandeses nos anos 90 do século passado e vaticinou: "a austeridade leva ao crescimento". "Quem empresta dinheiro a um país que não faz o trabalho de casa?", deixou cair.Ainda assim, a Finlândia, um dos membros mais conservadores do Eurogrupo, que costuma alinhar com as posições da Alemanha e Holanda, sinalizou que deverá apoiar a extensão das maturidades da dívida oficial portuguesa. Jyrki Katainen, o primeiro-ministro finlandês, esteve ontem à tarde na Universidade Nova de Lisboa, onde foi orador principal num debate sobre o modelo finlandês e a forma como este estará a resistir à crise. Ao lado de Carlos Moedas, o secretário de Estado adjunto para os memorandos da troika, o chefe do Governo de Helsínquia disse que "não iremos tomar nenhuma posição oficial aqui", mas "eu e o nosso ministro das Finanças entendemos muito bem a necessidade dessa flexibilização para Portugal"."Entendemos bem a situação e vamos fazer a nossa parte para que Portugal regresse aos mercados", sublinhou Katainen. A proposta que está a ser negociada deverá permitir que Portugal alongue o prazo dos reembolsos da dívida à UE em cerca de 5 a 7 anos, em média."Portugal já fez muito, reganhou a confiança dos mercados", acrescentou. "Agora é preciso continuar a aprofundar as reformas estruturais para criar novas oportunidades de crescimento".Carlos Moedas recusou dar quaisquer pormenores sobre o alegado corte de 600 milhões de euros que estará a ser preparado para este ano (era para ser 400 a 500 milhões). O governante disse apenas que tudo o que se pode dizer nesta altura, em que as coisas estão a ser debatidas, "é ruído". A posição da Alemanha, Finlândia e outros governos do norte da Europa não é estranha. A Comissão Europeia e o FMI também já exigiram ao Governo uma resposta imediata e rápida à decisão do TC"