quinta-feira, abril 18, 2013

Expresso: "Portugal não precisa da troika até setembro"



Segundo o Expresso, num texto do jornalista João Silvestre "o desembolso da oitava tranche do empréstimo Internacional de 2000 milhões de euros não compromete o funcionamento do Estado português. Segundo apurou o Expresso junto de uma fonte governamental, a almofada financeira disponível é mais do que suficiente para Portugal viver sem problemas de financiamento nos próximos meses e suportar o défice orçamental e as amortizações previstas de Bilhetes do Tesouro. Não foi possível saber, com precisão, a dimensão da folga mas, a julgar pelo nível médio de depósitos da Administração Central junto da banca, onde estão as contas da Agência de Gestão da Tesouraria e daDívida Pública (IGCP), poderá rondar 6000 milhões de euros. Pelas contas do Expresso, assumindo que o défice no primeiro trimestre corresponde exatamente ao teto trimestral acordado com a troika (1900 milhões de euros) e partindo de um valor zero no início do ano, a almofada neste momento será, nomínimo, de 4000 milhões ded euros. O que, mantendo o ritmo de emissões de Bilhetes do Tesouro, que no segundo trimestre deverão render entre 4500 e 5250 milhões de euros, permite chegar até setembro. Nessa altura, o Estado português tem de reembolsar 5823 milhões de euros de uma Obrigação do Tesouro que vence acrescida de juros de mais de 300 milhões de euros. A mesma fonte refere que se, entretanto, houver uma emissão de Obrigações do Tesouro a 10 anos, como tem estado a ser preparado, é possível saltar até esta barreira de setembro sem ajuda da troika. O que significa que, se as coisas correrem bem, o Estado até pode sobreviver ‘sozinho’ até final do ano. É uma situação que dá margem ao Governo para negociar calmamente a conclusão da sétima avaliação, que é retomada na próxima semana com a chegada das equipas da Comissão Europeia, Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Central Europeu (BCE), e para não estar excessivamente preocupado com a aprovação da extensão das maturidades dos empréstimos europeus.
Nova emissão continua na calha
A verdade é que Portugal já recebeu a maior parte do envelope financeiro do programa. Até agora entraram já 64,5 mil milhões de euros nos cofres do Estado, dos quais 22 mil milhões de euros do FMI e o restante da União Europeia. Estão ainda pendentes 800 mil euros da sétima tranche, entregueem janeiro e fevereiro, que Portugal não recebeu por não ter necessidade na altura.Para o conjunto deste ano, está previsto que a troika contribua com um financiamento de 10,1 mil milhões de euros para um conjunto total de necessidades do Estado de 38,1 mil milhões de euros. Deste montante, foram já desembolsados 1,6mil milhões de euros e, com a emissão de obrigações em janeiro, Portugal adiantou-se bastante no financiamento este ano. Mas nem por isso foi abandonada a ideia de voltar emitir Obrigações do Tesouro. O acórdão do Constitucional veio juntar- se à turbulência que já existia desde as eleições em Itália e que se agravou com o resgate de Chipre, mas o impacto não foi demasiado significativo. A taxa de juro a 10 anos aproximou-se de 6,5% mas, na comparação com amédia da semana anterior, o salto é pouco relevante. Continua, no entanto, acima dos 5,8% registados a 23 de janeiro, quando se realizou a anterior colocação de Obrigações do Tesouro. A estratégia de avançar com uma nova emissão de obrigações, agora a 10 anos, mantém-se mas está dependente do mercado. O IGCP optou por aguardar pela decisão do Tribunal Constitucional, para não estar a impor riscos adicionais aos investidores, e agora, com os danos limitados, espera apenas pelo momento certo. Será “uma navegação à vista”, diz a mesma fonte".