Segundo
o Dinheiro Vivo, "os casos de
Miguel Relvas e José Sócrates estão longe de serem virgens. Nos últimos tempos
têm sido recorrentes as notícias sobre irregularidades em cursos
universitários, que têm como protagonistas políticos em cargos de topo. Conheça
10 casos.
Jeroen
Dijsselbloem
O
atual presidente do Eurogrupo e ministro das Finanças holandês retirou do
currículo o mestrado em Economia Empresarial, pela University College Cork. A
denúncia surgiu no Sunday Independent, que garantiu, citando uma fonte, que o
mestrado “não existia”. Dijsslbloem foi obrigado a mudar o currículo,
substituindo o mestrado por uma “investigação em Economia Empresarial com vista
à obtenção de um mestrado na University College Cork”.
Miguel
Relvas
O
ex-ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares apresentou a demissão no dia 4
de abril invocando razões pessoais. O caso que mais fragilizou o ex-ministro
terá sido o da sua licenciatura na Universidade Lusófona, depois da Inspeção
Geral de Educação e Ciência ter ordenado a verificação do processo de
atribuição de equivalências. Miguel Relvas cumpriu a licenciatura em Ciência
Política em apenas um ano, na qual recebeu equivalência a 32 das 36 cadeiras
pela sua “experiência política”. O relatório do Ministério da Educação e
Ciência revelou que existe “prova documental de que uma classificação de um
aluno não resultou, como devia, da realização de exame escrito”.
José
Sócrates
O
ex-primeiro ministro, agora comentador na RTP, também teve problemas com a sua
licenciatura em Engenheira Civil na Universidade Independente. Este é um caso
envolto de confusão, nas datas, nos documentos por assinar, no facto da
investigação se ter baseado, segundo o Público, em fotocópias. A grande
controvérsia resulta da cadeira Inglês Técnico ter aparecido assinada pelo
reitor da Universidade Independente, ao contrário do que acontece no documento
original, que é escrito a azul e não é assinado pelo professor. O Departamento
de Investigação e Acção Penal (DCIAP), onde decorreu o inquérito, concluiu não
ter havido qualquer ilegalidade,
Joe
Biden
O
caso do atual vice-presidente dos Estados Unidos remonta a 1965. O braço
direito de Barack Obama plagiou um trabalho em Metodologia Legal na Law School
(Faculdade de Direito). O episódio só ganhou expressão quando Biden concorreu a
candidato democrata para as Presidenciais de 1988. Um ano antes, abandonou a
corrida por causa do plágio, que justificou como um “erro” da juventude, pois
não tinha conhecimento que tinha de citar as fontes com cuidado. Na altura, Joe
Biden terá sido também acusado de plagiar discursos de outros políticos,
nomeadamente do britânico Neil Kinnock e Robert F. Kennedy.
Vladimir
Putin
Em
meados dos anos 90, o líder russo concluiu um doutoramento em Economia, cuja
tese levantou e levanta ainda muitas dúvidas a investigadores. Com o nome “The
Strategic Planning of Regional Resources Under the Formation of Market
Relations”, Putin terá inserido na sua tese textos de dois professores da
Universidade de Pittsburgh - William R. King e David I. Cleland -, escritos 20
anos antes (“Strategic Planning and Policy”). Numa autobiografia, quando se
tornou presidente da Rússia em 2000, Putin não fez qualquer menção à tese,
preferindo abordar outras temáticas do doutoramento. Segundo o Washington
Times, o reitor que validou o doutoramento, Vladimir Litvinenko, continuou
perto de Putin e garantiu algumas regalias e cargos de importância. Em 2006,
Litvinenko tornou-se no conselheiro de Putin para a política energética. Em
2010, foi nomeado Presidente do Conselho da PhosAgro, a maior produtora de
fertilizantes à base de fosfato do país. O russo detém 5% das ações da empresa.
Segundo o mesmo jornal, Litvinenko tem hoje uma fortuna estimada entre os 260 e
350 milhões de euros.
Karl-Theodor
zu Guttenberg
Há
pouco mais de um ano, o ministro da Defesa alemão apresentou a demissão na
sequência de acusações de plágio na sua tese de doutoramento. Este caso levou a
Universidade de Bayreuth a retirar-lhe o grau de doutor em Direito."É o
passo mais doloroso da minha vida, mas quem se decide pela carreira política
não pode esperar compaixão", afirmou em declaração lida no Ministério da
Defesa. O político reconheceu que cometeu “graves erros” no seu trabalho
académico. Já a oposição acusou Guttenberg de não contar a história toda, pois
acreditam que não terá sido o ex-ministro a escrever a tese. Angela Merkel
defendeu a permanência de Guttenberg no Executivo, alegando que tinha nomeado
um “ministro da Defesa, e não um assistente académico”. O agora ex-ministro era
o ministro mais popular da coligação centro-direita e a grande esperança do seu
partido, a União Social-Cristã, tendo até superado Merkel nos barómetros de
simpatia dos políticos alemães.
Annette
Schavan
Este
é um daqueles casos irónicos. A ministra da Educação alemã foi obrigada a
demitir-se em fevereiro por ter plagiado a tese do seu doutoramento. O Conselho
Académico competente declarou inválido o título obtido há três anos pela
Universidade de Dusseldorf. O caso foi noticiado em outubro pelo semanário Der
Spiegel, que divulgou um relatório técnico que demonstrava que a tese tinha
características de plágio.
Pal
Schmitt
Em
abril de 2012, o presidente húngaro apresentou a demissão depois de se ter
visto envolvido num escândalo de plágio.A Semmelweis University, em Budapeste,
decidiu retirar-lhe o doutoramento em Desporto. Segundo a Euronews, depois de
conduzir uma investigação, a universidade concluiu que 180 páginas do trabalho,
de um total de 215, eram “particularmente idênticas” e 17 eram “completamente
idênticas”. Schmitt resistiu durante meses, alegando que a sua presidência e o
seu doutoramento eram coisas separadas. No entanto, sobretudo devido à pressão
do povo nas ruas, decidiu demitir-se, tornando-se assim no primeiro presidente
a apresentar a demissão na Hungria pós-comunismo.
Zsolt
Semjén
O
vice-primeiro ministro húngaro foi também acusado de plagiar a sua tese de
doutoramento. A notícia foi avançada pelo jornal húngaro HVG. “O
vice-primeiro-ministro Zsolt Semjén cometeu uma grave violação da ética científica
no âmbito da sua tese de Sociologia em 1992”, comunicaram em dezembro os
responsáveis da universidade Lorand Eotvos, em Budapeste. A presidente da
universidade explicou na altura que não podia desencadear qualquer
investigação, pois não são “uma autoridade” e, por isso, “não existirá qualquer
consequência legal” da parte da universidade, ainda assim referiu que “as
transgressões morais vão perdurar”. Já o gabinete de Semjén considerou desde
muito cedo um “caso encerrado” porque a universidade não desencadeou qualquer
procedimento.
Victor
Ponta
Em
junho de 2012, o primeiro-ministro romeno foi acusado de ter plagiado a sua
tese de doutoramento sobre o funcionamento do Tribunal Penal Internacional, na
Universidade de Bucareste. Segundo o Público, a revista científica Nature
revelou ter tido acesso a documentos que indiciavam que mais de metade das 432
páginas da tese “consiste em texto duplicado”. Ponta foi acusado de plagiar os
trabalhos de três académicos romenos: Dumitru Diaconu,Vasile Cretu e Ion Diaconu.
O primeiro-ministro defendeu-se, alegando que se tratava de uma manobra
política da oposição, e disponibilizou-se para responder perante uma comissão
de ética. Victor Ponta não apresentou a demissão e é ainda hoje o
primeiro-ministro romeno"