quinta-feira, dezembro 15, 2022

Salário de jovens licenciados caiu quase 15% em nove anos

 

Os jovens com mestrado ganhavam, em média, mais 22% que os licenciados em 2019, um valor superior em 12 pontos percentuais face a 2010, segundo o Livro Branco "Mais e Melhores Empregos para os Jovens". O prémio salarial associado à educação tem vindo a diminuir nos últimos anos para quem tem licenciatura, mas no caso dos jovens com mestrado aumentou, segundo o documento elaborado pela Fundação José Neves, pelo Observatório do Emprego Jovem e pelo Escritório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) para Portugal. "O prémio salarial da educação continua a existir de forma clara, mas tem vindo a diminuir o que, por sua vez, pode reduzir os incentivos dos jovens ao prolongamento do seu percurso educativo e formativo", pode ler-se no Livro Branco.

Um em cada cinco jovens não consegue encontrar trabalho

Um em cada cinco jovens não consegue encontrar trabalho. Desde 2015, a taxa de desemprego dos jovens com menos de 25 anos é o dobro da taxa da população em geral e durante o período da pandemia chegou a ser três vezes mais alta. No final de 2020, cerca de 40% dos jovens, entre os 15 e os 29 anos, estavam desempregados. Já no ano passado, 25% entre os 20 e os 34 anos não conseguiram emprego depois de terminar o ensino secundário ou superior.

“Exatamente porque não há oportunidades de emprego. Os jovens mais qualificados são aqueles que conseguem empregos, mas que não são adequados à sua formação, mas o que está a acontecer é que estes jovens mais qualificados também estão a tirar emprego a jovens, por exemplo, com o 12º ano”, explica Fátima Suleman, coordenadora do Observatório do Emprego Jovem. Uma das soluções para atenuar o impacto desta realidade passa por uma maior articulação entre o sistema de ensino e as competências mais procuradas pelos empregadores.

2010 vs 2019: o que mudou em nove anos?

Em 2010, um jovem adulto (entre os 25 e 34 anos) com licenciatura ganhava, em média, mais 95% do que um jovem com ensino básico e mais 59% do que um jovem com o ensino secundário, mas, em 2019, estes diferenciais caíram para 60% e 42%, respetivamente.

Por outro lado, o prémio salarial associado ao mestrado "aumentou substancialmente", salientam os autores, indicando que em 2019 os jovens mestres ganhavam em média mais 22% do que os licenciados, 12 pontos percentuais acima do registado em 2010.

Em 2019, segundo o Livro Branco, o salário médio de um jovem mestre, com idades entre 25 e 34 anos, era de 1.617,16 euros, enquanto o de um licenciado se fixava 1.326,76 euros. Já um jovem com o ensino secundário ganhava em média 934,44 euros e para um jovem com o ensino básico a média era de 827,65 euros.

Salário dos jovens licenciados caiu quase 15%

Olhando para os salários reais, o Livro Branco revela ainda que as remunerações dos jovens trabalhadores licenciados recuaram 14,5% entre 2010 e 2019, enquanto para os mestres e doutorados a queda salarial real foi de 5,1% e de 5,6% respetivamente.

Para os jovens com o ensino secundário, a queda salarial real foi de 4,6% no mesmo período, tendo, no entanto, os salários subido em 3,7% no caso dos jovens com o ensino básico.

"Os baixos salários dos jovens refletem-se na proporção expressiva de jovens a auferir o salário mínimo", referem os autores, indicando que a percentagem era de 33,9% no caso dos jovens até 25 anos e de 25,8% entre os 25 e 29 anos, em junho de 2021.

De acordo com o Livro Branco, em Portugal, o emprego jovem continua a ser de baixa qualidade e esta tendência é acentuada durante as crises económicas, como a da pandemia de covid-19.

Ainda segundo o estudo, existe um "desfasamento entre as competências dos jovens trabalhadores e as profissões que exercem", com cerca de 30% dos graduados, dos 25 aos 34 anos, a serem considerados sobrequalificados para a profissão que exercem (SIC Noticias)

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