O Instituto Nacional de Estatística (INE) apresentou os resultados definitivos dos Censos 2021. No total, foram divulgados mais de 200 indicadores estatísticos que vão além de dados preliminares já conhecidos e que abrangem as áreas de demografia, migrações, educação, mercado de trabalho, movimentos pendulares, incapacidades, composição dos agregados domésticos e organização das estruturas familiares. E estas são algumas das conclusões:
População
Portugal perdeu 2,1% da população entre
2011 e 2021. “Residiam em Portugal, à data do momento censitário, dia 19 de
abril de 2021, 10.343.066 pessoas (4.920.220 homens e 5.422.846 mulheres)”,
adiantou o INE;
Esta redução constitui uma inversão na tendência de crescimento da população que se verificou nas últimas décadas e representa a “segunda quebra populacional registada desde 1864, ano em que se realizou o I Recenseamento Geral da População”.
Escolaridade
O nível de escolaridade da população em
Portugal cresceu de forma significativa na última década, destacando-se o
aumento de pessoas com ensino superior: a percentagem era de 13,9% em 2011 e
atingiu 19,8% entre as pessoas com 15 ou mais anos em 2021, representando um
total de 1.782.888 indivíduos;
A estes dados junta-se ainda o peso
crescente de pessoas com o ensino secundário e pós-secundário, que evoluiu de
16,7% para 24,7% na última década.
Envelhecimento e estrangeiros
Mais de 23% da população portuguesa era
idosa em 2021, um fenómeno de envelhecimento que se agravou na última década, e
os estrangeiros a viver no país aumentaram 37% desde 2011;
A percentagem de jovens até aos 14 anos
era de apenas 12,9% em 2021. “A baixa natalidade e o aumento da longevidade que
se verificou nas últimas décadas refletem-se na pirâmide etária correspondente
aos censos 2021 que, de 2011 para 2021, evidencia um estreitamento dos grupos
etários da base e um alargamento nas idades mais avançadas”, adiantou o
instituto.
Desequilíbrio no território
O desequilíbrio na distribuição da
população pelo território português acentuou-se entre 2011 e 2021, com perda de
habitantes no interior e a concentração em torno de Lisboa e no Algarve;
“O padrão de litoralização do país e de
concentração da população junto da capital foi reforçado na última década.
Cerca de 20% da população do país concentra-se nos sete municípios mais
populosos, que abrange uma área de apenas 1,1% do território. No outro extremo,
representando também cerca de 20% da população, temos os 208 municípios menos
povoados e que ocupam 65,8% da área do país”, descreve o INE;
Na Região Autónoma dos Açores, as ilhas
de São Miguel e da Terceira registam o maior valor de densidade populacional,
enquanto na Região Autónoma da Madeira é na parte sul da ilha da Madeira que se
verifica a maior densidade.
Agregados familiares
A percentagem de divorciados aumentou
na última década e representa já 8% da população residente em Portugal,
ultrapassando assim o número de viúvos (7,5%);
De acordo com os dados, 43,5% da
população residente no território nacional era solteira em 2021 (acréscimo de
três pontos percentuais em 10 anos), enquanto 41% tem como estado civil casado,
o que traduz um recuo de 5,6 pontos percentuais em relação a 2011 (46,6%);
Houve um aumento da proporção das
uniões de facto, com o número de indivíduos neste regime conjugal a crescer
38,2% face a 2011.
Religião
O número de católicos em Portugal
diminuiu 0,8% numa década, cifrando-se em 2021 em 7.043.016, o que corresponde
a 80,2% da população maior de 15 anos que respondeu a esta questão. No que
respeita às igrejas cristãs, o Censos de 2021 apurou que 186.832 se assumem
como protestantes/evangélicos (75.571 em 2021) e 60.381 se apresentam como
pertencentes à Igreja Ortodoxa (56.550 em 2011), enquanto outras confissões
religiosas cristãs apresentam um número total de 90.948. As Testemunhas de
Jeová, que aparecem pela primeira vez isoladas, são 63.609;
Entre as religiões não cristãs, os
muçulmanos são 36.480, após registarem significativa subida em relação a 2011,
quando eram 20.640. Os hindus são 19.471, os budistas são 16.757 e a religião
judaica é seguida por 2.910 pessoas (3.061 em 2011);
No Censos de 2021 duplicou o número dos
que assumem não ter religião, com 1.237.130, enquanto dez anos antes foram
615.332 os que declararam não professarem qualquer crença religiosa.
Emigrantes que regressam
Mais de 1,6 milhões de portugueses residentes em Portugal estiveram pelo menos durante um ano emigrados;
Trata-se de portugueses que regressaram ao país de origem após um período de emigração em França (23,2%), Angola (14,0%), Suíça (8,1%), Brasil (7,2%), Moçambique (6,5%) e Alemanha (6,3%);
Estes antigos emigrantes portugueses voltaram maioritariamente para o interior das regiões norte e centro e na Região Autónoma da Madeira (Sapo, texto da jornalista Alexandra Antunes)
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