sábado, outubro 10, 2020

Economia ganha mais com novos confinamentos do que com medidas mais “ligeiras”, defende FMI

O Fundo Monetário Internacional (FMI) defende que o confinamento da população para impedir a propagação da Covid-19 será menos prejudicial à economia do que tentar superar a curva de contágio através de medidas mais “ligeiras”, de acordo com o seu relatório ‘World Economic Outlook‘, publicado esta quinta-feira.

“Apesar de ter custos económicos a curto prazo, os bloqueios podem abrir caminho para uma recuperação mais rápida ao conter a disseminação do vírus e reduzir a necessidade de distanciamento social ao longo do tempo, potencialmente com efeitos positivos na economia em geral”, afirma a organização liderada por Kristalina Georgieva.

De acordo com esta análise, o declínio da atividade económica na maioria dos países pode ser atribuído, em partes iguais, aos bloqueios e às decisões individuais dos cidadãos para limitar a sua exposição ao novo coronavírus.

O FMI considera que, especificamente, nas economias mais desenvolvidas, o distanciamento voluntário tem sido responsável por um novo recuo na economia, o que explica com o facto de os cidadãos de países ricos terem mais facilidades para trabalhar em casa e poderem “pagar” para parar de trabalhar temporariamente, em muitos casos graças aos benefícios sociais.

Em contraste, os trabalhadores de países pobres não têm estas redes de segurança, portanto, têm menos ferramentas para reduzir o contacto com outras pessoas.

De acordo com o documento, as economias dos diversos países do mundo continuarão a “operar abaixo de seu potencial” enquanto persistirem os riscos à Saúde, mesmo que os bloqueios sejam suspensos. Desse modo, conter o vírus em confinamento estrito, apesar do impacto de curto prazo, poderia ser compensado a médio e longo prazo .

“A observação de que os bloqueios podem reduzir as infeções, mas acarretam custos económicos de curto prazo, costuma ser usada para argumentar que os bloqueios representam uma compensação entre salvar vidas e proteger a economia . Esta narrativa deve ser reconsiderada à luz das conclusões preliminares. que mostram que o aumento das infeções também pode ter efeitos prejudiciais sobre a atividade económica” , explicou a instituição com sede em Washington.

Por outro lado, as análises realizadas pelo FMI também mostram que os confinamentos aumentaram as desigualdades. De acordo com os dados de mobilidade de pessoas disponibilizados pela Vodafone em Itália, Portugal e Espanha, a percentagem de mulheres que saíram de casa durante o confinamento foi dois pontos percentuais inferior à dos homens. Este número é “estatisticamente significativo” e, para o Fundo, pode significar que as mulheres têm mais probabilidade de ficar a cuidar dos filhos quando as escolas estão fechadas (Executive Digest, texto da jornalista Sónia Bexiga)

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