Isto (estes quadros oficiais) nunca pode
ser considerado a "normalidade" e - pedindo desculpa por não ser
especialista no tema e mesmo sabendo que
o mundo turístico local se irrita com as ingerências externas de ignorantes
como eu... - é um facto que eu sei, todos sabemos, há quem olhe para a
principal actividade económica regional de uma forma leviana, demagógica,
superficial, deficiente e patética, como se tudo se resolvesse com paleio ou boas intenções. Estes dados
reportam-se a Agosto deste ano. Não há varinhas mágicas.
O turismo depende de haver ou não turistas,
não do que dizemos, escrevemos ou queremos. Mas para haver turistas, mais do
que as precauções tomadas por hotéis e restaurantes - que no caso da Madeira
reconheço que têm realizado um grande esforço para corresponderem às exigências
de segurança sanitária um momento tão estranho e deprimente como este que ainda
vivemos - precisamos apenas de ter turistas.

Ou seja, os turistas, apenas por eles, é
que decidem se, numa Europa claramente em segunda vaga pandémica e com a ameaça
de novas medidas restritivas, viajam ou não. Apenas isso. Tudo o resto são
tretas. Não há promoção que vença o medo, não há preçários que suplantem a
dúvida e a hesitação em tempos de pandemia. Também Canárias se preparam para
agravar as exigências (nomeadamente quanto aos testes PCR) a quem desembarca
nas ilhas, numa região - é bom lembrá-lo - em que o próprio Presidente do
Governo, Torres, reconheceu que 8 em cada 10 famílias daquela CCAA dependem
directa ou indirectamente do turismo!
Numa conjuntura marcada por falências no
sector, em que há companhias
aéreas que não vão resistir, (e ninguém sabe o que vai acontecer à TAP), quando
já temos mais de 200 aeroportos europeus falidos ou à beira da falência (e
garante a ACI que esse número vai aumentar), o que precisamos enquanto destino
diferenciador, é de discutir o futuro (o passado passou a ser lixo, nada
valendo, e presente tem um prazo de validade que nunca foi tão reduzido),
definir prioridades promocionais, adoptar medidas selectivas que evitem a
proliferação descontrolada de empresas prestadoras de serviços, funcionando
porta-sim-porta-não, ou frente-frente uma da outra, sem qualidade e que de
forma leviana provocaram concorrência selvagem, uma espécie de caos empresarial
no sector turístico (prestação de serviços periféricos), perceber se é recomendável
estarmos numa terra como a nossa onde fecham negócios e se abrem tascas e
restaurantes uns atrás dos outros, dezenas deles sem alguma vez terem tido
qualquer qualidade e que se encontram hoje encerrados sem possibilidades de
reabrirem (poderia falar, por exemplo, de rent-a-car que nem parques de
estacionamento próprios foram obrigadas as ter, de pequenas tascas ou
restaurantes em zona turística que nunca tiveram a visita de uma inspeção de
controlo sanitário e de qualidade....).

Julgo que é que é preciso discutir, com
pragmatismo, com frontalidade e verdade, independentemente de incomodar.
Discutir os desafios em termos de alojamento turístico regional (quem controla
a qualidade da oferta e com que periodicidade?), das ligações aéreas que são o
cerne de tudo isto, da dependência da Madeira dos aviões e dos operadores
turísticos - não se esqueçam que nesta altura temos hotéis fechados, alguns de
4 e 5 estrelas e que em Canárias hotéis que abriram animados nos meses de Verão
(até de grandes grupos como a Lopesan ou a Riu)
já anunciaram que vão fechar várias das suas unidades até a Páscoa,
Aliás o mesmo pode acontecer no Algarve. O que precisamos discutir é o impacto
de tudo isto. E por favor, por amor da Santa, não politizem este tema, não
metam partidos e política na discussão que se exige séria em torno do nosso
futuro, porque o nosso futuro passa pelo futuro do turismo.

E não se esqueçam
disto, mesmo que não queiram encarar isso: nada ficará como antes depois da
pandemia passar - e vai passar - nunca voltaremos a uma certa rebaldaria de
serviços prestados que existia em Portugal e na Europa turística. E pronto
disse o que me apetecia dizer mesmo não sendo, nem quero ser, especialista no
assunto. Mas confesso que me irritam certos aproveitamentos demagógicos,
vaidades institucionais, sentimentos de arrogância ou de pança-cheia, e
lirismos idiotas associados ao turismo, presente e futuro, na nossa Região
(LFM).

Nota: uma nota final. A Secretaria Regional
de Turismo (que nada tem a ver com a Estatística da Madeira) que actualize
rapidamente o seu item “estatísticas” porque acho que não fica bem a um site
institucional com a projeção e procura do site da SRT, manter estatísticas
reportadas apenas a Março deste ano, como se o mundo tivesse parado nesse mês.
Por favor, actualizem rapidamente essa informação e outra que entendam por útil
nesta fase em que vivemos
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