Os mais recente
dados disponíveis indicam que a taxa de mortalidade não está a acompanhar a
subida de casos. Mas nem tudo são boas notícias. O fenómeno é global: tanto a
Europa como os Estados Unidos enfrentam agora uma segunda vaga da pandemia de
Covid-19, registando subidas diárias de infeções pelo SARS CoV-2 – mas, segundo
a estatística esse aumento não se verifica nas taxas de mortalidade. “A nossa
estimativa atual é que esse valor possa aumentar um pouco, mas de forma alguma
a valores próximos dos que vivemos anteriormente e é pouco provável que isso
mude”.
Quem fala assim é Jason Oke, especialista em estatística do Departamento de Ciências da Saúde do Instituto Nuffield, no Reino Unido, que tem estado a acompanhar as taxas de mortalidade de Covid-19. Segundo as suas pesquisas, no final de junho, a taxa de mortalidade era ligeiramente inferior a 3%, no Reino Unido. Em agosto, tinha descido até aos 0,5% – e atualmente, situava-se nos 0,75 por cento. “Pensamos que é muito devido ao facto de os novos pacientes serem mais novos, mas também por outros fatores, como o tratamento”, sublinhou. Não é um exclusivo da Europa; nos Estados Unidos verifica-se o mesmo. Segundo um estudo da NYU Grossman School of Medicine, publicado no Journal of Hospital Medicine, enquanto em abril 6,7 % dos casos resultou em morte, agora a mesma taxa não alcança os 2 por cento.
Doentes mais
jovens e melhor tratamento
A razão mais óbvia
para o menor número de mortes é a idade, dado que, na primeira vaga, os mais
atingidos foram os mais idosos, depois de o vírus ter alastrado nos lares e
hospitais. Entre janeiro e maio, a média das pessoas infetadas estava nos 54
anos, enquanto durante junho e julho já tinha baixado para os 39, dados do
Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças. “Não quer dizer que não
contagia pessoas mais velhas, se isso acontecer claro que esse valor aumenta
outra vez”, sublinha à CNN Julian Tang, virologista clínico e professor da
Universidade de Leicester. “O que verificámos foi que a variação na gravidade
da doença deve-se também à idade do hospedeiro”.
Além disso, todos
são unânimes em reconhecer que agora há melhores tratamentos disponíveis e os
prestadores de cuidados de saúde são mais experientes. Mudou igualmente a forma
como os doentes são tratados. Por exemplo, os ventiladores, tão amplamente
utilizados no início, são menos utilizados enquanto o ato de deitar os doentes
de barriga para baixo tornou-se mais comum – depois de se demonstrar que ajuda
a aumentar a quantidade de oxigénio que entra nos pulmões de alguns doentes. Há
ainda medicamentos (como o remdesivir) que se sabe encurtarem o tempo de
duração da infeção e outros (como a dexametaona) que aumentam as hipóteses de
sobrevivência.
Mais testes… maior
risco?
A isto tudo,
junta-se o aumento de testes efetuados – embora aqui os especialistas façam
várias advertências. A mortalidade por Covid-19 é calculada com base no número
de mortes de um total de infeções, o que significa que só é exata ser os
números refletirem a realidade. Ora,
como explicou ainda o virologista Julian Tang, se testarmos apenas os casos
sintomáticos, isso pode subestimar o número de infetados, tendo em conta que se
suspeita haver uma grande proporção de assintomáticos. “O risco é isso mascarar as taxas de
mortalidade nos mais velhos: continuarão a morrer da doença, mas pode não se
notar se todos os grupos etários forem avaliados em conjunto” (Visão)
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