Os números são
apresentados pela Pordata no âmbito do Dia Europeu das Estatísticas, que se
celebra esta terça-feira. Segundo a base de dados estatísticos da Fundação
Francisco Manuel dos Santos, Portugal fica também bastante aquém do resto da
comunidade no que ao saldo migratório diz respeito (diferença entre os
imigrantes e os emigrantes), mas alcança, ainda assim, a 7.ª posição.
Por cá, 4,7% da
população é estrangeira, o que compara com os 47,4% do Luxemburgo, por exemplo.
No sentido oposto, apenas 0,6% das pessoas que residem na Roménia são de outras
nacionalidades.
Já quando o assunto é idade, Portugal é um dos mais envelhecidos da Europa: está no 25.º lugar no ranking referente à população com menos de 15 anos, uma vez que apenas 13,8% corresponde a este grupo etário. A média da UE27 é 15,2%, mas o grande destaque vai mesmo para a Irlanda, onde 20,7% da população é menor de 15 anos.
Por outro lado,
21,7% da população portuguesa tem 65 ou mais anos, em linha, ainda assim, com a
média europeia de 20,1%. Apenas atrás de Itália e da Grécia, é o terceiro país
com mais idosos residentes. A esperança de vida à nascença, para homens e
mulheres, é de 81,5 anos.
Ainda sobre a
composição da população, o novo relatório “Retrato de Portugal na Europa”
mostra que 2,5 é o número médio de pessoas por agregado familiar (versus 2,3 da
UE27). Do total de agregados domésticos, 23% corresponde a uma só pessoa e,
destes, 55% diz respeito a uma só pessoa com 65 ou mais anos.
Como vivem e
trabalham os portugueses?
O rendimento médio
anual das famílias portuguesas é de 12.785 PPS (poder de compra padrão),
fazendo com que o País fique em 20.º lugar no total das 27 nações que integram
a análise da Pordata. A média europeia é de 19.233 PPS.
Em linha com estes
números, a desigualdade na distribuição do rendimento (entre os 20% mais ricos
e os 20% mais pobres) fixa-se nos 5,2 em Portugal, ligeiramente acima dos 5,1
na UE27. A taxa de risco de pobreza após transferências sociais (17,3%) também
fica acima da média europeia (16,8%).
Confrontados com
despesas inesperadas, 34,7% dos portugueses não tem capacidade para assegurar o
seu pagamento, o que compara com os 55,3% da Letónia ou com os 13,9% de Malta.
A média da UE27 é de 32,2%.
O mesmo relatório
evidencia que a Portugal é mais activo do que a média europeia: taxa de
actividade de emprego e mercado de trabalho ascende a 59% versus 56,4% da UE27.
Apresenta também uma taxa de emprego superior tanto no que concerne os homens
(60,7%) como as mulheres (50,9%).
Portugal
destaca-se ainda em termos de empregadores sem o ensino secundário ou superior
(47,4%) e em termos de trabalhadores por conta de outrem sem o ensino
secundário ou superior (39,3%). Em ambos os indicadores, ocupa mesmo o primeiro
lugar entre os países da UE27.
Quanto ao número
médio de horas trabalhadas por semanas (entre trabalhadores por conta de
outrem), os portugueses aparecem na 7.ª posição com 35,6 horas. A média
europeia é de apenas 29,9 horas, sendo os alemães os que apresentam o horário
laboral mais reduzido (25,6).
Mas número de horas
trabalhadas não parece ser igual a produtividade: Portugal é somente o 18.º
país com o maior índice de produtividade laboral por hora de trabalho, ficando
atrás do Chipre, Espanha, Itália, Alemanha ou Países Baixos.
O ranking
referente à remuneração média dos trabalhadores por conta de outrem também não
apresenta boas perspectivas para Portugal, uma vez que se encontra no 21.º
lugar (26.062 PPS versus 37.091 PPS da UE27). É ainda o 14.º país em termos de
salário mínimo nacional: dividindo o valor anual por 12 meses, fica-se pelos
843 euros, significativamente abaixo dos 1.643 do Luxemburgo, por exemplo.
Ainda assim supera os 547 euros da Letónia.
Falando ainda em
mercado de trabalho, Portugal consegue lugares mais apetecíveis no ranking em
comparação com os restantes países analisados, no que concerne a taxa de
desemprego que se fixa nos 5,8% nos homens e nos 7,1% nas mulheres.
Portugal parece
também gastar mais em pensões do que os seus vizinhos, considerando que 14,2%
do PIB corresponde a despensas em pensões, colocando o País no 4.º lugar da
tabela. A média da UE27 é de 12,8%.
Menos educação e
mais saúde
Em Portugal, 24,8%
da população residente entre os 25 e os 34 anos não tem o ensino secundário ou
superior. É o terceiro país da União Europeia com mais jovens a não prosseguir
estudos, ficando apenas atrás de Espanha e Malta. A taxa de abandono escolar
precoce (10,6%), embora em linha com a média europeia (10,2%), também não abona
a favor do País, atribuindo-lhe a sétima posição no total dos 27 países analisados.
Já na saúde,
Portugal é o terceiro com mais médicos: há 515 profissionais por cada 100 mil
habitantes. A média da UE27 é de 378, de acordo com a Pordata. Grécia é o país
com mais (610) e a Roménia o país com menos (305). Por outro lado, tem apenas
345 camas por 100 mil habitantes.
O estudo revela
ainda que 5,3% das despesas totais das famílias portuguesas estão relacionadas
com saúde, acima dos 4,4% verificados a nível europeu.
Prisões a 101%
Portugal é o
sétimo país da União Europeia com uma taxa de ocupação efectiva das prisões
mais elevada: 101%. Este valor compara com os 120% de Itália e com os 78% da
Estónia, nos extremos opostos da análise.
Ainda no campo da
justiça e segurança, há 451 agentes policiais em Portugal por cada 100 mil
habitantes, posicionado o País no top 5 a nível europeu. Apenas Chipre, Grécia,
Croácia e Malta têm mais agentes nesta proporção. Por outro lado, há apenas 17
magistrados judiciais por 100 mil habitantes, ficando em 14.º lugar.
Do total de
tópicos abordados, eis cinco curiosidades que a Pordata destaca:
- Portugal está entre os dez países com menor peso de estrangeiros no total da população residente;
- Portugal é o país, ao lado da Eslováquia e Croácia, com menor % de pessoas a viver sozinhas no conjunto dos agregados domésticos. A Suécia lidera o ranking: quase 6 em cada 10 dos agregados domésticos são compostos por apenas uma pessoa;
- O país ocupa a 9.ª posição entre os países com maior desigualdade na distribuição dos rendimentos;
- Portugal é o 3.º país com maior % de trabalhadores com contrato de trabalho temporário no total da população empregada. Espanha e Polónia ocupam as primeiras posições;
- É também o 3.º país, a seguir à Grécia e Itália, com maior dívida das Administrações Públicas em % do PIB (Executive Digest)
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