sábado, outubro 12, 2019

Nota: a "culpa" não morre solteira mas os factos são os factos (Porto Santo)

Peço muita desculpa mas prefiro nem comentar os "motivos" avançados pela demissionária CPR do PSD do Porto Santo, para justificar seja o que for. Pragmaticamente a demissão aconteceu, inevitavelmente, porque falharam e porque na realidade reconheço que uma das causas - a mais importante - teve a ver com o descalabro eleitoral em Setembro que se repetiu em Outubro, resultados que se ficaram a dever, na minha opinião, a motivos diferentes é certo, mas que apresentam pontos de contacto como causas das derrotas
Vamos recapitular:
Eleições regionais de 2011 (as piores com a anterior liderança de AJJ)
Abstenção - 44,1%
PSD - 1.745 votos, 55,8%
PS - 511 votos, 16,3%
Eleições autárquicas de 2013 (as piores com a liderança de AJJ no PSD)
Abstenção - 37,2%
PSD - 1.310 votos, 38,6%
PS - 1.484 votos, 41,4%
Eleições regionais de 2015 (as primeiras com MA na liderança do PSD-M)
Abstenção - 49,9%
PSD - 1.532 votos, 55%
PS - 504 votos, 18,1%
Eleições legislativas de 2015 (as primeiras com MA que não foi candidato a São Bento)
Abstenção - 47,2%
PSD - 982 votos, 38,6%
PS - 812 votos, 31,9%
Eleições autárquicas de 2017 (recuperar da edilidade mas sem maioria absoluta)
Abstenção - 35,9%
PSD - 1.283 votos, 37,9%
PS - 1.251 votos, 37,9%
Eleições europeias de 2019 (normalmente as eleições mais difíceis para o PSD-M)
Abstenção - 65,4%
PSD - 639 votos, 35,7%
PS - 638 votos, 35,6%
Eleições regionais de 2019 (a pressão socialista não explica tudo)
Abstenção - 40,8%
PSD - 1.089 votos, 35,7%
PS - 1.547 votos, 50,8%
Eleições legislativas de 2019
Abstenção - 53,4%
PSD - 858 votos, 31,5%
PS - 982, 38,6%

Há coisas que eu não entendo, porque me parecia mais do que evidente que alguma coisa estava a penalizar eleitoralmente o PSD-M no Porto Santo, nos últimos anos.
E não quero desenvolver de forma mais aprofundada e polémica o tema porque acho - apesar de muitas outras ramificações, que são sobretudo de natureza pessoal e têm a ver com o perfil de certas escolhas e a receptividade das mesmas junto das pessoas, por isso espero algumas mudanças, porque inevitáveis na medida em que nada pode ficar na mesma nem as responsabilidades morrerem solteiras - que o essencial de tudo isto teve a ver também com o processo de escolha do deputado do Porto Santo parta as eleições de 2019. A discussão devia ter sido maior e em vez de pressões o pragmatismo deveria ter estado presente. Não vou desenvolver mais o assunto, mas acho que o PSD do Porto Santo devia ter agido como todos sugeriam, arranjando uma solução que propiciasse nova dinâmica e que garantisse unidade, algo que me repetidamente garantem ser a causa de tudo o que se passou. Aliás, o próprio deputado sabe como chegou à ribalta política em 2015 em condições que não vale a pena discutir, porque se há coisa que é óbvia, e ele sabe-o, nunca assegurou a unidade do PSD portosantense. Duvido que tenha, que alguma vez tenha tido qualquer representatividade efectiva ou que tivesse capacidade para se impor na estrutura social-democrata do Porto Santo muito dividida e com especificidades muito complexas. Peço desculpa mas é isso que eu penso.  Isso não tem nada a ver com pessoas, tem a ver com o perfil de pessoas e com limitações que todos percebiam existir. Julgo que não estarei a dizer nada de mais se afirmar que o deputado esteve para ser substituído, mas que acabou por continuar devido sobretudo aos efeitos do jogo das pressões de bastidores. Obviamente que o problema não é apenas o da representatividade do deputado e a sua aptidão, sim ou não, para a política no terreno.
Não gosto de ficar pelas meias-palavras, mas odeio quem sacode a água do capote ou desvaloriza questões que são essenciais. Os resultados foram péssimos, a representatividade do deputado do PSD é perfeitamente questionável e desigual face ao eleito do PS (mais de 50% dos votos) mas gostaria que a CPR demissionária, nomeadamente o seu Presidente, identificassem quais foram as alegadas "intromissões externas"... Que eu saiba as únicas intromissões falhadas foram as de manter tudo na mesma quando deviam ter feito mudanças. Embora seja relativo, continuo a afirmar que o Porto Santo contribuiu decisivamente para "roubar" ao PSD-M o seu 23º mandato. Estamos a falar de uma diferença para o PS de quase 500 votos (LFM)
Frases:
  • “A demissão deveu-se não só aos resultados locais, mas também a um conjunto de atitudes e opções políticas durante a campanha eleitoral, por parte do PSD Madeira, que entendemos terem sido prejudiciais”. O que é isto quando claramente fogem ao reconhecimento da verdade?
  • “Assumimos, em primeiro lugar, a nossa quota-parte de responsabilidade nos resultados obtidos. Para o bem e para o mal entendemos ser os primeiros responsáveis. Posteriormente indicámos ao Presidente do Partido aquilo que entendemos ter corrido mal, por opções políticas tomadas sem a nossa consulta e contra os diversos avisos e alertas dados no decorrer de todo o processo”. E admitem que a causa principal da queda eleitoral foi a que foi, aquela que no Porto Santo todos dizem ter acontecido?

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