Nunca em Portugal a Justiça teve tanto protagonismo como nas últimas semanas. Mesmo com isso, ou talvez por isso, aumenta o salto negativo da imagem de juízes e procuradores do Ministério Público. Muito se escreveu, disse e mostrou em Portugal desde meados de novembro sobre juízes e magistrados judiciais. Carlos Alexandre, o juiz que mandou deter José Sócrates (e titular de outros processos mediáticos), é hoje uma figura nacional. Rosário Teixeira, o procurador que conduziu as investigações ao antigo primeiro-ministro, e que já teve em mãos outros casos de grande interesse público, passou também a ser presença assídua nos telejornais, por exemplo.
No retrato que pode ser esboçado a partir dos resultados do estudo de opinião da Eurosondagem para o Expresso e a SIC nem Alexandre nem Teixeira (rostos do funcionamento da Justiça) saem bem na fotografia. Com efeito, a atuação de juízes e a de magistrados do Ministério Público continuam a merecer mais opiniões negativas do que positivas. E em ambos os casos houve um aumento do saldo negativo. Nos primeiros dias de dezembro de 2014, no rescaldo da prisão de Sócrates e de altos quadros da Administração Pública envolvidos nos vistos 'gold', assim como de mais rugas no universo Espírito Santo, só um em cada cinco inquiridos (19,3%) tem uma opinião positiva da atuação dos juízes e apenas um em cada sete (16%) tem uma opinião positiva da atuação do Ministério Público. Ângulos de leitura que têm correspondência em mais dois pontos. Interrogados se a atuação da justiça com Sócrates foi correta, a resposta é resvés: 45,3% são pelo “sim”, 42,7% dizem “não”. Há outro resultado equilibrado (contrário a uma certa leitura empírica da situação), na opinião sobre a severidade da justiça para com os políticos: 47,1% acham que está mais severa, 41,8% consideram o contrário (fonte: Expresso Diário)