Escreve o Jornal I: “O voto contra ao Orçamento do
Estado dos deputados do PSD eleitos pela Madeira “é o resultado de uma visão
diferente em relação às autonomias que surgiu desde que Pedro Passos Coelho é
presidente do PSD. Há uma tendência para equiparar as autonomias às câmaras e
às freguesias e isso não é admissível”. Esta posição “teve este epílogo
infeliz”, diz ao i Hugo Velosa, deputado eleito pela Madeira que até ontem era
o responsável do PSD para os assuntos de Direitos, Liberdades e Garantias.
Demitiu-se do cargo, assim como Guilherme Silva, vice-presidente da bancada
social-democrata até agora, ficou sem o seu. “Este grupo parlamentar omitiu a
história do PSD e a história do que foram as relações do PSD com as regiões
autónomas, nomeadamente com a Região Autónoma da Madeira”, afirma Hugo Velosa.
“Não é aceitável! O PSD sempre foi o partido das autonomias”, insiste o
deputado, admitindo que a estratégia de menorização das autonomias “viola
direitos constitucionais”. Hugo Velosa, Guilherme Silva, Correia de Jesus e
Francisco Gomes votaram contra o Orçamento do Estado e são agora alvo de um
processo disciplinar dentro do PSD. Guilherme Silva e Correia de Jesus não
querem falar sobre o assunto. “Não falarei a não ser no âmbito do processo
disciplinar quando me for dada a oportunidade para isso”, afirma ao i Guilherme
Silva. O mesmo diz Correia de Jesus: “Estou a aguardar a nota de culpa para apresentar
a minha defesa”.
“Deslealdade”
Na reunião do grupo parlamentar, na quarta-feira à
noite, o confronto entre o líder parlamentar Luís Montenegro e o seu
vice-presidente em vias de o deixar de ser, Guilherme Silva, foi violentíssimo.
O líder parlamentar acusou os deputados da Madeira de “deslealdade”, Guilherme
Silva justificou com a relação entre PSD e autonomias. Fonte da direcção afirma
que a ira de Montenegro em relação aos deputados da Madeira tem a ver com o
facto de ter sabido em cima da hora da decisão de votar contra o Orçamento do
Estado. Até às 11 da manhã do dia da votação, o líder parlamentar do PSD
desconhecia totalmente a hipótese de um voto contra por parte dos deputados
eleitos pela Madeira. Nunca tinha havido uma abordagem sobre o assunto nem
conversa prévia à decisão. Os deputados madeirense invocam que estavam a
negociar com o Ministério das Finanças e que acreditaram até ao fim na
possibilidade de um acordo. Na altura, os deputados da Madeira justificaram a
ruptura com “compromissos que falharam por parte de algumas pessoas do governo,
ao nível de secretário de Estado”. Em causa está a definição de verbas para a
Madeira do fundo de coesão e da Lei de Meios (criada para fazer face aos danos
causados pelo temporal da Madeira)”