Segundo a
jornalista do Público, RAQUEL MARTINS, “os estágios profissionais deram um
contributo importante para o aumento do emprego no sector privado durante o
terceiro trimestre do ano. A conclusão consta do Boletim Económico do Banco de
Portugal (BdP) divulgado nesta quarta-feira, que conclui que o emprego por
conta de outrem no sector privado registou um crescimento de 2,5%, tendo os
estágios profissionais contribuído com 0,9 pontos percentuais para esta
evolução. O BdP recorre a várias fontes estatísticas para tentar qualificar a
evolução recente do emprego, nomeadamente os registos do Ministério do Emprego,
da Direcção-Geral da Administração e do Emprego Público (DGAEP), o Instituto do
Emprego e Formação Profissional (IEFP) e Instituto Nacional de Estatística
(INE). A análise, explica a instituição, torna-se premente tendo em conta o
período de transição do Inquérito ao Emprego, elaborado pelo INE e que, no
terceiro trimestre, foi actualizado com base nos Censos de 2011. Os dados do
Ministério, conjugados com os da DGAEP, do IEFP e do INE permitem concluir que
o número de trabalhadores por conta de outrém no sector privado está a crescer
2,5% em termos homólogos, depois de ter crescido 1,6% na primeira metade de
2014. Para esta evolução, refere o BdP, terão também contribuído as políticas
activas de emprego. Citando dados do IEFP, o banco central conclui que o número
de pessoas abrangidas por estágios profissionais “apresenta uma evolução
crescente, com particular incidência a partir do último trimestre de
2013". “Estima-se que o aumento significativo dos estágios profissionais
no último ano terá contribuído para o crescimento homólogo do emprego privado
por conta de outrém em cerca de 0,9 pontos percentuais no terceiro trimestre do
ano” e de 0,8 pontos percentuais na primeira metade do ano, refere-se no
documento. A grande questão é saber se estes efeitos de que fala o BdP serão
duradouros ou apenas temporários. Ou seja, é preciso esperar mais tempo para
perceber se os jovens que fizeram estágios subsidiados pelo Instituto do
Emprego e Formação Profissional (IEFP) ficam, depois, nas empresas. Por outro
lado, é difícil saber se os que fizeram estágio teriam entrado no mercado de
trabalho caso não tivessem recorrido a este mecanismo. Recentemente, também a
Comissão Europeia alertava para os efeitos das políticas activas de emprego na
evolução do mercado de trabalho, levantando dúvidas se o crescimento do emprego
seria sustentável. "O dinamismo recente do emprego - diz o BdP - poderá
não ser inconsistente com o crescimento moderado da actividade neste período”,
mas a instituição liderada por Carlos Costa alerta que a recuperação do emprego
privado por conta de outrem ao longo de 2014 é mais moderada do que a implícita
no Inquérito ao Emprego do INE, que apontava para um crescimento homólogo de 6%
e trimestral de 2,3% do emprego por conta de outrem. O BdP conclui ainda que o
emprego por conta própria tem vindo a cair, assim como o emprego nas
administrações públicas”