Também
o Jornal I aborda o assunto: “É provável” que Alberto João Jardim, depois
de 12 de Janeiro, venha para a Assembleia da República. Esta é a convicção de
um dirigente próximo de Jardim, com quem o presidente do Governo Regional já
discutiu o cenário. A decisão não está fechada mas, se abandonar o cargo de
presidente dentro de um mês, “o lugar público que Alberto João Jardim tem em
aberto é o lugar de deputado à Assembleia da República”, afirma a mesma fonte. É
certo que Jardim também pode ocupar o cargo de deputado à Assembleia
Legislativa Regional da Madeira, mas depois do Palácio do Governo Regional isso
podia saber a pouco para um homem que sempre alimentou ambições nacionais –
embora até agora sem sucesso. Confrontado com a hipótese de Jardim assumir o
cargo de deputado, para o qual foi eleito nas legislativas de 2011 como cabeça
de lista pela Madeira, a resposta que surge é clara: “É provável que isso
aconteça.” Contactado pelo i, o gabinete de Alberto João Jardim não faz
qualquer comentário sobre este assunto. Certo é que nos bastidores o cenário nunca
é descartado e não choca ninguém, sobretudo num momento em que os deputados
eleitos pela Madeira estão a ser objecto de um processo disciplinar por terem
votado contra o Orçamento do Estado para o próximo ano.
Este
PSD não entende a autonomia, acusam os deputados madeirenses (ver texto ao
lado). Assumindo as funções de deputado, Jardim teria um argumento acrescido
para decidir vir “explicar” a autonomia “a Lisboa”. O líder madeirense tem um
rol de declarações nesse mesmo sentido e até uma desafio, lançado há um ano,
directamente para Passos Coelho: “Ter a coragem de assumir uma decisão
democrática e permitir um referendo na Madeira que, de uma vez por todas,
demonstre a vontade do povo madeirense, reforce a coesão nacional e finalmente
encerre o contencioso da autonomia”. Tendo em conta o estado a que chegou esta
discussão, somada à dissidência tornada pública na votação do Orçamento do
Estado para o próximo ano, “agora no parlamento existe um ambiente excelente
para Jardim ser recebido”, ironiza um deputado, vincando a incompreensão do PSD
face às autonomias. Mas uma nova frente de guerra poderia ser o princípio de um
belo fim de carreira política.
Antecipadas?
Anteontem, Alberto João Jardim enviou uma carta aos candidatos à liderança do
PSD-Madeira a dar conta da sua intenção de ser demitir a 12 de Janeiro. Entre
os seis candidatos, a maioria (quatro) aponta como melhor solução para
responder a esta decisão de Jardim a convocação de eleições antecipadas. A
liderança do partido ficará definida antes desta data colocada pelo presidente
do governo regional, com as directas agendadas para o dia 19 e a segunda volta,
caso exista necessidade, a 29. Depois disso, tudo o resto se clarificará. Certo
é que, de acordo com o estatuto político administrativo da Madeira, o pedido de
exoneração do presidente implica a
demissão do governo regional. Mas a Constituição dita que a dissolução da
Assembleia Legislativa só pode acontecer pela mão do Presidente da República e
depois de ouvido o Conselho de Estado e ainda os partidos nela representados. Em
todo o caso, a demissão de Jardim faz com o que o governo fique logo limitado a
actos de gestão e em funções até que um novo tome posse. No caso de a isto se
somar a dissolução da Assembleia legislativa e a antecipação de eleições, elas
podem demorar um máximo de 60 dias a acontecer, pelo que o presidente
madeirense só estaria livre para tomar o passo seguinte no mês de Abril”