Segundo o Jornal I, “o presidente do Banco BIC
Português diz ao jornal i que se fosse primeiro-ministro demitia o assessor, mas
não acredita que ele o faça. O assessor económico do primeiro-ministro, Rudolfo
Rebelo, pediu "juízo e recato" a uma elite que considera ser "a
mais incapaz do pós-25 de Abril" e destaca dois nomes: Mira Amaral e Bagão
Félix, pessoas com as quais, no exercício das suas funções, poderá ter de
contactar, no limite, para resolver conflitos. Passos Coelho não comenta o
assunto. Em Março, Cavaco Silva exonerou dois dos seus consultores apenas por
terem assinado um manifesto de reestruturação da dívida. "Mira Amaral, o
ultrapassado, parece conviver momentos de lucidez com outros de menor
felicidade (tou a ser simpático). É mais um instalado ex-barão, que aparece
para aí a cuspir nas TV, defensor das reformas... altas. Na linha de Bagão
Félix. Porque será que a mais incapaz elite do pós 25, que se 'abasteceu' no
pós cavaquismo, se atira ao governo?", escreve Rudolfo Rebelo numa rede
social. O presidente do Banco BIC Português, Mira Amaral, reagiu dizendo que
"se fosse primeiro-ministro e tivesse um assessor destes, que não sei se é
formado em ciências económicas ou em ciências ocultas, a primeira coisa que
fazia era demiti--lo por fazer afirmações idiotas". Rudolfo Rebelo não
quis comentar o que escreveu na sua página de Facebook, que não será assim tão
pessoal, se tivermos em conta que veio parar às mãos do jornal i através de
alguém que nem pertence a qualquer rede social. No seu post, o assessor de
Passos Coelho questiona o motivo por que Bagão Félix e Mira Amaral atacam a
política do governo em matéria de reformas. "Será porque mais de 85% das
reformas e pensões escapam aos cortes? Ou será porque reformas a partir dos
seis mil euros são cortadas em mais de 40%? Sim, vão para as TV defender os
interesses de pouco mais de 3% dos pensionistas (milionários), sendo que muitos
destes não descontaram o que possuem de benefícios e vivem à custa de
milhões... Rapaziada fina. Tenham juízo e recato." Mira Amaral lembra que
descontou para a Segurança Social e a Caixa Geral de Aposentações "desde
os 22 anos de idade e continuo a descontar para a Segurança Social passados
mais de 40 anos. As reformas são um seguro de velhice, sempre paguei os meus
impostos, não devo nada a ninguém. Fiz dois cursos superiores em universidades
de elite e por todos os locais onde passei ninguém me acusou de incompetência
ou de preguiça". Mira Amaral não gostou do que ouviu, mas a questão que se
coloca, neste caso, é a da separação de águas. Até que ponto um assessor, ainda
por cima económico, pode tecer comentários desta natureza sobre pessoas com as
quais poderá ser chamado a contactar em nome do governo e que repercussões
podem eles ter em termos diplomáticos. Com que legitimidade poderá negociar ou
conversar Rudolfo Rebelo, se chamado a tal, com Bagão Félix, que representa uma
associação de resseguradores, ou Mira Amaral, que representa um banco e os seus
accionistas. O comediante Jô Soares tinha uma rábula, da qual se lembrarão
hoje, provavelmente, poucas pessoas abaixo dos 40 anos - e numa altura em que
não havia internet, Facebook e posts - que dizia: "Posso falar o que eu
acho? Mas fala baixo!" Em Março, o Presidente da República exonerou dois
dos seus consultores, Armando Sevinate Pinto e Vítor Martins, por estes ter
subscrito um manifesto promovido por João Cravinho, com o título
"Reestruturar a dívida insustentável e promover o crescimento, recusando a
austeridade", um documento assinado por 74 personalidades de diversos
quadrantes políticos, entre os quais Manuela Ferreira Leite e Francisco Louçã -
e que viria a receber o apoio de outras tantas personalidades estrangeiras. O
pedido de exoneração dos cargos de consultores para os Assuntos Económicos e
Empresariais foi apresentado pelos próprios, numa tentativa de preservar a
imagem de Cavaco Silva”