domingo, junho 02, 2013

Krugman: O "pesadelo em Portugal" é fruto das políticas económicas europeias



Li no Negócios que "no seu artigo de opinião desta segunda-feira, Paul Krugman aponta a "política orçamental" e "monetária" seguida na Europa como parte da justificação do “pesadelo” que o país atravessa. Como solução para a situação do país, que considera “inaceitável”, aponta uma expansão “mais forte da Zona Euro como um todo” e uma “taxa de inflação mais elevada”. Paul Krugman dedica, esta segunda-feira, um dos artigos do blog que mantém no “New York Times” à situação económica do país, no seguimento de uma reportagem publicada, também hoje, no “Financial Times” (FT) que faz um retrato social de Portugal, a partir das dificuldades do pequeno comércio. “O FT tem um longo e profundamente deprimente retrato das condições em Portugal, focado nas dificuldades do comércio tradicional familiar – em tempos o núcleo duro da economia e sociedade portuguesa, agora em declínio”, inicia Paul Krugman. O economista e prémio Nobel da Economia considera que tanto os “decisores políticos” como os “analistas” deveriam estar focados, “acima de tudo”, em “como e porquê” foi permitido este “pesadelo” acontecer “outra vez três gerações depois da Grande Depressão”.
“Não me digam que Portugal teve más políticas no passado e profundos problemas estruturais. Claro que teve; muitos países tiveram, e enquanto, a nível argumentativo, Portugal for pior do que outros países, como é que pode fazer sentido lidar com estes problemas condenando um vasto número de trabalhadores ao desemprego?”, questiona Krugman. Paul Krugman vai mais longe e identifica algumas das soluções para a situação económica do País: “A resposta para estes problemas que Portugal agora enfrenta, como sabemos há muitas décadas, é uma política monetária e orçamental expansionista".
O Nobel advoga também que Portugal não vai conseguir sair da situação económica em que se encontra sozinho, uma vez que “já não tem moeda própria”. “Ok, então: ou sai do euro ou alguma coisa deve ser feita para isto funcionar, porque o que estamos a ver (e os portugueses estão a experienciar) é inaceitável” sublinha Krugman. O economista indica ainda soluções a nível europeu, como uma “expansão mais forte da Zona Euro como um todo” ou um “aumento da taxa de inflação no coração da Europa”. “Uma política monetária mais flexível poderia ajudar”, aponta. Contudo, “o BCE, como a Fed, é basicamente contra uma taxa de juro abaixo de zero”, refere Krugman. Krugman considera ainda que os decisores europeus devem mudar o seu ângulo das suas políticas, que “nos últimos três anos têm sido focadas inteiramente nos supostos perigos da dívida pública”. “Não considero que seja desperdício de tempo discutir esse ângulo, inclusive, o infeliz papel desempenhado por alguns economistas que têm feito um belo trabalho no passado e, presumivelmente, irão fazer no futuro. Mas o mais importante agora é mudar as políticas que estão a criar este pesadelo”, advoga o Nobel da Economia"