Li no site da
RTP que "o Banco Central
da Finlândia reviu em baixa as suas previsões para a Economia e antecipa agora
um agravamento da recessão no país ao longo do ano. O regulador estima uma
contração de 0,8 por cento no Produto Interno Bruto em 2013 quando em dezembro
antecipava um crescimento de 0,4 por cento do PIB. Conhecido por ser um dos
mais ardentes defensores da austeridade na Zona Euro, o país nórdico está a ser
também vítima da crise e das medidas de austeridade nos outros países europeus,
que diminuíram a procura pelas exportações de que depende a pequena economia
finlandesa.
Ao abrandamento das exportações, e à correspondente quebra dos investimentos,
soma-se um aumento da taxa de desemprego que num ano subiu de 7,3 para 8,8 por
cento e que vem acompanhado de uma queda acentuada do consumo. O Banco Central
diz que a confiança dos consumidores finlandeses enfraqueceu e que são necessárias
reformas económicas. “Os problemas da Economia, que anteriormente eram
encarados como um fenómeno cíclico e temporário, revelaram agora ter uma
natureza duradoura e estrutural”, disse o governador do Banco Central Erkki
Liikanen.
"Fraqueza estrutural"
A fraqueza estrutural a que o governador
do Banco Central se refere está relacionada com o declínio na procura de duas
grandes exportações finlandesas: O papel para impressão e os telemóveis da
Nokia. Há dez anos, o papel e a indústria eletrónica contribuíam em dez por
cento para o desempenho económico do país mas, no ano passado, a proporção foi
inferior a quatro por cento. Não obstante as estimativas pessimistas, o
regulador central finlandês espera que a economia volte a crescer em 2014,
embora apenas 0,7 por cento, aumentando para 1,4 por cento no ano seguinte. Apesar
de estar a braços com a terceira “recessão técnica” desde o início da crise
financeira, a Finlândia viu confirmada há apenas três semanas a notação de “triplo
A” pela agência Moody’s A Moody’s justificou a manutenção da nota máxima com o
facto de o país ser o único dos 17 que nunca quebrou, até agora, as regras
fiscais e orçamentais da Zona Euro.
Papel de economia modelo ameaçado
No entanto, os analistas acreditam essa
situação não vá durar. Fazem notar que nos últimos anos, o governo de Helsínquia
foi sempre capaz de colmatar o seu défice fiscal com aumentos de impostos e
cortes na despesa. No entanto, de acordo com o Banco Central, as presentes
condições impedem o executivo de lançar mão dessas medidas, pelo que a dívida
nacional da Finlândia deverá ultrapassar daqui a 2 anos a meta europeia dos 60
por cento do PIB. Os economistas estimam
que, em 2015, o rácio da dívida finlandesa deverá atingir os 61,8 por cento
quando em 2008, no início da crise financeira era de apenas 34 por cento. A transgressão das regras europeias não
acarreta, por enquanto, penalizações por parte de Bruxelas, mas poderá assustar
os investidores, que até agora consideravam a Finlândia como um exemplo de
gestão financeira a quem era 100 por cento seguro emprestar dinheiro. Este
estatuto é um dos que tem dado ao país uma influência extraordinária nos
resgates aos outros países da zona monetária. A Finlândia pertencia, até agora,
ao clube dos chamados “países ricos” do norte da Europa que tem vindo a exigir
duras reformas às endividadas nações do sul a troco dos empréstimos concedidos a
título de resgate"