Li no DN deLisboa que "uma onda de rescisões de jornalistas e
artistas está a ocorrer no Brasil. A mais relevante foi a da TV Record, que,
aproveitando- se do fim de algumas novelas, afastou cerca de 400 pessoas,
sobretudo atores. Também foi muito comentada a dispensa de 20 jornalistas pelo
Valor, principal jornal económico do país, que pertence em partes iguais aos
grupos Folha de São Paulo e Globo. Houve demissões também na MTV brasileira,
que acabou com diversos programas, o que a levou também a afastar jornalistas e
artistas. Em abril, o jornal O Estado de São Paulo despediu 31 jornalistas e a
Folha de São Paulo confirmou a saída de 24 jornalistas, entre as quais Danuza
Leão, que durante décadas foi colunista social de importantes publicações.
Entretanto, a Editora Abril ainda não confirma, mas há insistentes informações
de que a revista Playboy irá fechar no Brasil.
Um sítio da Internet
chamado Agência Pública – que, apesar do nome, é uma empresa privada – revelou
que, de março a maio deste ano, houve, apenas em São Paulo, 280 despedimentos
de jornalistas, número que é 37,9% superior ao de igual período do ano passado.
A mesma fonte afirma que há indícios de rescisões no jornal Brasil Econômico –
que tem participação da portuguesa Ongoing – e na revista Caros Amigos, além do
jornal A Tribuna, de São Paulo.
“O panorama mostra que
2013 será pior do que 2012 em relação a emprego para jornalistas”, afirma a
Agência Pública. Cita que, em alguns casos, as empresas alegam que a economia
brasileira está a crescer lentamente – apenas 0,6% no primeiro trimestre do ano
– e outras companhias afirmam que, graças ao uso de mais tecnologia, podem
libertar mão-de-obra sem perda de qualidade dos produtos. Paulo Totti, que tem
quase 60 anos de carreira no jornalismo e acaba de ser despedido de Valor,
afirmou que, no seu caso, é fácil para as empresas afastarem profissionais mais
conhecidos – ele venceu o principal prémio brasileiro no sector, o Esso, em
2006 – e colocarem no seu lugar profissionais recém- licenciados, de salário
incomparavelmente inferior.
Na Folha de São Paulo
– líder de vendas no país – a responsável pela ética e qualidade do jornal,
Suzana Singer, transmitiu a informação da direção de que “as redações do futuro
deverão ser cada vez mais pequenas, assim como o produto impresso”. Na Editora
Abril, líder no sector de revistas, após a morte do presidente, Roberto Civita,
a 26 de maio, houve um afastamento de seis diretores e circula a informação de
que haverá cortes em diversas revistas, porque está prevista uma reformulação
ampla. Segundo Paulo Zocchi, diretor do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo,
o ambiente na Abril é de intranquilidade, diante da iminência de novos cortes,
em número que pode superar uma centena. O ex- presidente do Sindicato dos
Jornalistas de São Paulo, Audálio Dantas, afirma que o mercado será sempre mau
porque é muito concentrado, isto porque, ao contrário de outros países, no
Brasil um mesmo grupo pode controlar diversos media na mesma região e, assim,
pode usar menos gente: “O profissional faz o trabalho para o veículo impresso,
a empresa faz uma adaptação do mesmo texto e o trabalho de um profissional é
aproveitado em quatro meios.” O deputado Fernando Ferro, do Partido dos
Trabalhadores ( PT), afirma que não se quer acabar com a liberdade de imprensa,
mas impedir que alguns donos de jornais, revistas e TV “controlem um número
exagerado de meios e, de certa forma, disponham de poder demasiado elevado em
relação à opinião pública” e, assim, tenham condições de encurralar o Governo. As
empresas alegam crise, mas, no seu site, a Associação Nacional dos Jornais (
ANJ) divulga uma mensagem otimista: “A publicidade em jornais brasileiros deve
aumentar 5% em 2013”, informa. Segundo a revista Meio & Mensagem,
especializada em analisar a imprensa, a receita dos jornais com publicidade está
a subir, entre 2012 e 2013"