sexta-feira, janeiro 04, 2013

Famílias e empresas perdem 21 mil milhões desde o resgate...

Li no Económico, num texto da jornalista Marta Marques Silva que "a carteira de crédito dos bancos nacionais sofreu, em Novembro, a maior queda homóloga de que há registo. Falta de financiamento também já afecta zona euro. A economia portuguesa tem hoje menos 21 mil milhões de euros de crédito - dos quais 13 mil milhões a empresas - em circulação face a Abril de 2011, quando o país foi forçado a pedir o resgate internacional. Quase um terço do montante cedido pela ‘troika' para financiar o país durante três anos. E a tendência não parece abrandar. Os dados referentes a Novembro foram ontem publicados pelo Banco Central Europeu (BCE) e denunciam a maior queda homóloga de que há registo - desde Janeiro de 2003 - na carteira de crédito a famílias e empresas portuguesas. Uma realidade que começa também a levantar preocupações na zona euro, onde o financiamento aos privados caiu pelo sétimo mês consecutivo. "Tudo indica que as restrições de crédito na zona euro vão continuar a actuar como um severo travão à actividade económica na região durante algum tempo", comentava Jonathan Loynes, economista do Capital Economics, à France Presse. Restrições a que o BCE está, desde há muito, atento. Depois de, há precisamente um ano, o regulador ter injectado mais de um bilião de euros no sistema financeiro, Mario Draghi voltava a descer os juros em Julho, para o mínimo histórico de 0,75%, bem como a taxa de juro dos depósitos junto da instituição para zero. Liquidez e taxas de juro nulas que "foram insuficientes para encorajar os bancos a aumentarem os empréstimos ao sector privado", notava Howard Archer, analista da Global Insight em Londres, em declarações ao Nasdaq. O mesmo especialista acrescenta que esta diminuição no financiamento se deve, em parte, à fraca procura por parte dos privados, dada a fraca actividade económica e a incerteza que ainda se vive em torno da zona euro. Mas deixa o alerta: "A principal preocupação é que existem empresas que querem obter crédito, e estão em condições saudáveis para o fazer, mas que estão a encontrar muitas dificuldades para conseguir financiamento". Uma realidade já bem conhecida das empresas portuguesas. Archer conclui que: "As restrições de crédito estão a colocar em causa as perspectivas de crescimento da zona euro". O financiamento a empresas e famílias do euro caiu 0,8% em Novembro, face ao homólogo, precisamente o mesmo que já havia resvalado em Outubro. Em Portugal a variação homóloga do financiamento à economia está em queda há 17 meses, mas bateu em Novembro o valor mais alto, pelo menos, dos últimos 10 anos. A carteira de crédito às empresas diminuiu 8,8%, enquanto o financiamento às famílias encolheu 3,7%. Dados que fazem renascer a especulação em torno da possibilidade de um novo corte de juros por parte do BCE.
Novo corte de juros volta a ser discutido
Depois das várias medidas extraordinárias tomadas pelo BCE em 2012, as munições de Mario Draghi estão agora perto de estar esgotadas. De reserva, o presidente do BCE tem ainda a possibilidade de voltar a descer os juros de referência, mas também a hipótese de oferecer taxas de juro negativas nas aplicações feitas junto da instituição. Os dados referentes a Novembro - que dão conta da falta de crédito à economia e que indicam um nível de circulação monetária (pela qual é medida a inflação futura) abaixo da meta - levam alguns economistas a acreditar num novo corte de juros já na próxima semana. Essa ainda não é, no entanto, a opinião generalizada já que, de acordo com uma sondagem citada pela Bloomberg, a maioria dos especialistas acredita que os juros ficarão inalterados em Janeiro. Apesar das novas previsões que apontam para uma contracção da economia em 2013, o BCE decidiu não agir em Dezembro. Uma atitude que, segundo três fontes próximas do regulador, ouvidas pela Bloomberg, se ficou principalmente a dever ao sinal negativo que um corte de juros daria ao mercado. Os dados ontem divulgados voltam a colocar pressão no regulador para agir, e o assunto voltará com certeza a ser "amplamente discutido" - tal como Mario Draghi o descreveu em Dezembro - na reunião já da próxima semana".