Escreve o Correio da Manhã que "no espaço de 15 meses, a subida da taxa de juro da dívida pública ‘comeu’ 67 milhões de euros. A taxa de juro das Obrigações do Tesouro (OT) a 15 meses, título que ontem foi alvo de uma emissão extraordinária de 1,64 mil milhões de euros, aumentou quase 238% em menos de um ano. Com esta subida imparável, os encargos com os juros vão custar mais 67 milhões de euros. Os especialistas já dizem que o recurso à ajuda financeira externa é apenas uma questão de tempo, dado que as taxas de juro se aproximam dos 10%. Ontem, a Fitch classificou Portugal como quase "lixo". O Instituto de Gestão da Tesouraria e do Crédito Público (IGCP), presidido por Alberto Soares, emitiu ontem 1,64 mil milhões de euros em OT com maturidade em Junho de 2012 à taxa de 5,793%, quando em Abril de 2010 pagara numa emissão semelhante, 1,715%. Mesmo assim, os juros de ontem ficaram abaixo da taxa superior a 6% praticada no mercado secundário. O Ministério das Finanças diz que o leilão de ontem, "apesar do difícil contexto político e económico que o País atravessa", acabou por apresentar "resultados positivos, uma procura superior à oferta em 1,4 vezes". E "compromete-se a continuar a realizar os esforços necessários junto dos mercados financeiros, com o objectivo de continuar a assegurar a colocação de dívida pública e a garantir a liquidez do Estado português". Com base nesta realidade, Bagão Félix considera que a ajuda do Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF) e do Fundo Monetário Internacional (FMI) "vai ser inevitável", apesar de não o desejar. Para o ex-ministro das Finanças, "não é possível Portugal pagar dívidas com dívida cada vez mais de curto prazo e cada vez mais cara". João Duque, presidente do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG), não só concorda que o apoio externo "é cada vez mais provável", como diz que "é apenas uma questão de tempo". Para este especialista, "agora vamos [o País] pagar aquilo que tem sido uma teimosia [do Governo]". PASSOS APOIARÁ GOVERNO SE FOR PRECISO AJUDA EXTERNA Passos Coelho afirmou ontem que o seu partido, o PSD, "não deixará de apoiar um recurso de emergência que possa ter de ser feito", salientando, todavia, que essa é uma missão do Governo de José Sócrates. À margem de uma visita a uma escola em Vila Franca de Xira, frisou que "se o Governo achar que, por qualquer razão, é preciso contrair um empréstimo especial para evitar incumprimento de Portugal no exterior, o Governo tem todas as condições para o poder fazer e não será o PSD que vai pôr isso em causa". Mas avisou: "Qualquer quadro de ajuda mais estrutural só pode ser negociado por um futuro governo." BRUXELAS PODE DAR 80 MIL MILHÕES Bruxelas informou ontem que tem tudo a pronto para ajudar Portugal. Basta que a ajuda, na ordem dos 70 a 80 mil milhões de euros, seja pedida. Ontem, um membros do Conselho de Governadores do BCE, Ewald Nowotny, disseque Portugal "deve pensar cuidadosamente se deve pedir ajuda". A Comissão Europeia contraria a visão do Governo demissionário, dizendo que tem legitimidade para pedir ajuda, bastando para isso um mandato. Para Estela Barbot, conselheira portuguesa do FMI, Portugal tem duas hipóteses: "Ou a ajuda externa ou um milagre".
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