sábado, abril 02, 2011

Crise: Sócrates atinge défice recorde



Lembra o jornalista do Correio da Manhã, António Sérgio Azenha, que “José Sócrates alcançou em 2009, ano de três actos eleitorais e de forte aumento da despesa pública, o maior défice orçamental da democracia em Portugal: 10%. Com a revisão em alta dos défices das contas públicas desde 2007, por força da contabilização dos buracos do BPN e do BPP e de várias empresas de transportes, o próprio défice do Estado de 2010 disparou para 8,6%. Por isso, ontem, os juros da dívida pública atingiram novos recordes, a ponto de alcançarem 9,52% a cinco anos. A actualização das contas públicas, ontem divulgada pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), colocou o défice orçamental de 2010 em 14,9 mil milhões de euros. Com este resultado, o buraco orçamental do Estado custa aos portugueses mais de 1,2 mil milhões por mês, 40,8 milhões de euros por dia, e 1,7 milhões de euros por hora. O aumento dos défices orçamentais desde 2007 resulta de alterações impostas pelo Eurostat, organismo estatístico da União europeia. O ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, garantiu ontem que "estes impactos da alteração metodológica fizeram-se sentir em 2010 e esgotam-se em 2010". Seja como for, por via destas mudanças, o défice do Estado de 2007 subiu para 3,1%, quando antes era de 2,6%. E, por isso, Miguel Macedo, líder parlamentar do PSD, não perdeu a oportunidade de recordar a frase de José Sócrates em Julho de 2009: "Digam o que disserem, ainda está para nascer um primeiro-ministro que tenha feito melhor no défice." Por causa da revisão em alta do défice em 2010, as taxas de juro da dívida pública dispararam ontem para novos recordes, a ponto atingirem 9,15% a três anos e 9,52% a cinco anos. Daí que os especialistas dêem como certa a intervenção do FMI e da UE em Portugal. BANCA A UM PASSO DO LIXO A agência de notação financeira Standard & Poor's (S&P) cortou ontem o rating de quatro grandes bancos portugueses: Caixa Geral de Depósitos, Banco Espírito Santo, Santander Totta e BPI, e de duas subsidiárias, que ficaram com a mesma nota que já tinha o BCP, que é a um nível acima de ‘junk': lixo. É a segunda vez nesta semana que a S&P corta a classificação da Banca portuguesa, reduzindo agora a avaliação dos maiores bancos portugueses de ‘BBB' para ‘BBB-'. Esta é uma nota que dificulta o acesso ao crédito. BURACOS DO BPN E BPP PENALIZAM DÉFICE DE 2010 O INE corrigiu ontem os défices do Estado de 2007 a 2010 e incluiu os prejuízos do BPN e do BPP, de João Rendeiro, nas contas do último ano. O INE contabilizou assim 1800 milhões do buraco do banco fundado por Oliveira e Costa, o que corresponde a 1% do PIB. Já o prejuízo do BPP foi contabilizado em 450 milhões, ou seja, 0,3% do PIB. Ainda assim, o buraco do BPN - que não é final - já ultrapassa os 2500 milhões de euros, pelo que as contas públicas dos próximos dois anos deverão incluir a diferença.”

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