Segundo o novo jornal "i", num texto do jornalista Adriano Nobre, "Belém quer paz entre o governo central e a Madeira e Alberto João Jardim vai corresponder ao apelo de Cavaco Silva: sossego e silêncio. O presidente do governo regional já disse que não faria quaisquer declarações depois da reunião com José Sócrates e prepara, para receber o primeiro-ministro, uma extraordinária contenção.O anúncio da primeira deslocação de Sócrates, enquanto primeiro-ministro, à aldeia gaulesa do regime foi acompanhado por Belém com apelos à moderação verbal do presidente do governo regional. Alberto João Jardim correspondeu imediatamente ? está pronto a receber José Sócrates na sexta-feira de "braços abertos" porque fica "feliz sempre que há uma visita de Estado à Madeira". Flores à chegada e absoluta contenção à partida: as palavras de boas-vindas foram acompanhadas pela promessa de um voto de silêncio: o mais prolixo dirigente político nacional já afirmou aos jornalistas que não fará quaisquer declarações, nem antes nem depois da reunião que vai ter com o primeiro-ministro no Palácio de S. Lourenço, que é a sede do representante da República na Madeira.Guilherme Silva, o homem-forte de Alberto João Jardim em Lisboa (deputado eleito pela Madeira, é vice-presidente da Assembleia da República), espera "que o gesto do primeiro-ministro seja o assumir de uma posição institucional que corresponda ao apelo que o Presidente da República tem feito no sentido de que seja assegurado o melhor relacionamento entre órgãos de soberania e órgãos de governo próprio da região". A Madeira está pronta a corresponder ao apelo do Presidente da República: "Do lado da Madeira haverá todo o procedimento e comportamento amistoso, na tradição da nossa hospitalidade e de uma grande abertura de coração que ultrapassa rancores", disse ontem Guilherme Silva ao i.Não se espera, portanto quaisquer actos de protesto por parte do presidente do governo regional em relação a José Sócrates, com quem mantém o litígio da Lei das Finanças Regionais, que, na óptica do governo madeirense, prejudica a região. "Quando se recebe alguém não é o momento próprio" para protestos ou "actos de hostilidade", diz Guilherme Silva. Agora o conflito está lá e permanecerá "enquanto não houver abertura desta maioria e deste primeiro-ministro para repor um tratamento mais equitativo relativamente às duas regiões autónomas, que está a ter implicações financeiras muito grandes na Madeira".O líder do PS Madeira, João Carlos Gouveia, também considera que "os braços abertos" de Jardim na recepção a José Sócrates não significam o ponto final na polémica que tem pautado a relação entre o presidente do Governo Regional da Madeira e o primeiro-ministro. "Acredito que José Sócrates vai ser muito bem recebido pelos habitantes da região, como acontece sempre que há visitas de Estado. Mas, do ponto de vista político, a máquina partidária do PSD continua a ter um comportamento indecoroso, como fica provado pelas palavras e atitudes do seu líder parlamentar", defendeu em declarações ao i, numa alusão ao facto de Jaime Ramos ter anunciado que não acompanhará a visita de Sócrates, por ter agendado uma visita de trabalho à ilha de Porto Santo.Ainda assim, João Carlos Gouveia saúda o "timing perfeito" da visita de Sócrates à Madeira. "Há uma carga simbólica tremenda, porque a região atravessa uma crise estrutural profunda, com um modelo de desenvolvimento esgotado", argumenta o líder do PS Madeira. José Sócrates chega ao Funchal na manhã de sexta-feira. No Palácio de S. Lourenço recebe as autoridades regionais: representante da República, presidente do governo regional, presidente da Assembleia Legislativa Regional. Depois almoça com empresários locais ligados ao turismo e visita uma escola, no âmbito do programa e-escolinhas - vulgo, distribuição de computadores Magalhães".
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