domingo, maio 31, 2009

Desastre: GM anuncia amanhã a falência!

A revelação foi feita hoje no Publico: "Termina amanhã o prazo dado pela Administração norte-americana para a General Motors, maior construtora automóvel mundial, digerir a ideia da falência. O CEO da companhia, Fritz Henderson, marcou para a manhã de segunda-feira uma conferência de imprensa em Nova Iorque, onde se espera que confirme a falência e apresente o plano de reorganização. O pedido de falência ocorrerá ao abrigo do Capítulo 11 de protecção de empresas, e poderá ser menos “traumatizante” do que se antecipava há uma semana, quando não havia acordo entre as várias partes. Entretanto, a Administração conseguiu fechar as negociações com a United Auto Workers, a organização sindical que representa os interesses dos trabalhadores e os detentores da dívida da empresa, avaliada em 27 mil milhões de dólares. Os trabalhadores concordaram com a revisão dos acordos laborais e dos planos de pensões e de saúde, de forma a eliminar mais de dez mil milhões de dólares do orçamento anual da companhia. Uma maioria de investidores que detêm a dívida aceitou reconverter os seus títulos em acções, garantindo 10 por cento do capital da GM (e o direito de preferência para mais 15 por cento das acções). Ao mesmo tempo, a GM acordou com a canadiana Magna International e o Governo alemão a venda das operações europeias da Opel, abrindo a porta ao emagrecimento do portfólio da companhia, que deverá ver-se livre de outras marcas americanas como a Hummer, Saturn, Pontiac e Saab. Em curso estão ainda as negociações com a Delphi, a sua subsidiária produtora de partes igualmente falida, e centenas de concessionários. A Administração está preparada para investir mais 30 mil milhões de dólares (além dos 19,4 mil milhões que já emprestou a título de resgate) para financiar a salvação da GM".
***
Ainda sobre este tema recomendo a leitura do excelente trabalho da jornalista Rita Siza intitulado "Detroit prepara-se para nova onda de desemprego", também do Público, sobre as consequências desta decisão naquela cidade: "Nos arrabaldes de Detroit, em comunidades como Warren ou Sterling Heights, onde se concentra a maior população de trabalhadores do sector automóvel no mundo, a falência da General Motors (GM) é uma espécie de machadada final: desta feita, na inevitável vaga de despedimentos que se aproxima, são os empregos mais qualificados, dos engenheiros, designers e quadros superiores, que vão desaparecer. O Centro Técnico da GM em Warren é uma gigantesca unidade de tecnologia de ponta. O edifício principal, desenhado pelo conceituado arquitecto finlandês Eero Saarinen, remonta aos anos 50; o complexo entretanto cresceu e hoje alberga outras 25 construções e cerca de 18 quilómetros de estradas. O parque de estacionamento está apinhado, mas não tarda muito poderá estar tão deserto quanto os das fábricas vizinhas. “Daqui a uma semana se calhar não temos ninguém para almoçar”, reparava Jeremy, o empregado do Papa Vino’s, restaurante italiano que é um dos favoritos entre os engenheiros da GM. Ali ao lado, as duas fábricas da Chrysler, que declarou falência a 30 de Abril, estão completamente paradas, e uma grande parte dos operários que agora está em casa sabe que nunca mais voltará ao trabalho. Na Ford, a única companhia que para já parece conseguir sobreviver sem a intervenção estatal, o processo de reestruturação não é menos doloroso: uma renegociação de 40 por cento da dívida, cortes salariais e a revisão dos benefícios pagos aos trabalhadores e a consolidação de unidades industriais. No futuro imediato, a GM terá de decidir quais das suas 14 fábricas americanas podem prosseguir actividade e quais as que acabarão agora o seu tempo útil. As estimativas atiram o número de despedimentos para mais 21 mil trabalhadores.No final do ano passado, a indústria automóvel era responsável por 850 mil postos de trabalho nos Estados Unidos. E cada emprego das companhias automóveis suportava cinco empregos indirectos. O efeito de dominó do fecho das fábricas da Chrysler e GM em Warren e Sterling Heights é evidente: o dono da loja de conveniência “7 Eleven” perdeu mais de metade dos clientes; na barbearia North Pointe, onde um corte custa 12 dólares, Dave Thompson diz que o negócio caiu 20 por cento e a MacKenzie Tavern, que sempre enchia à hora de almoço, tinha sete clientes quando o PÚBLICO lá esteve, pouco depois do meio-dia".

Sem comentários: