domingo, abril 02, 2023

Sondagem: Costa com primeira negativa


Da esquerda à direita, quase todas as figuras políticas recebem avaliação negativa dos portugueses na sondagem ICS-ISCTE. A exceção é Marcelo Rebelo de Sousa, que continua a ser o político mais bem ava­liado do país. Ainda assim, a trajetória do Presidente da República mantém-se no sentido descendente desde dezembro de 2021. O PR, que andou muitas vezes perto dos 8 pontos, está agora nos 6,5, o que representa uma perda de 0,5 pontos em relação ao último estudo. Nessa altura, envolto em polémicas relacionadas com as declarações sobre os abusos na Igreja ou a ida da seleção portuguesa de futebol ao Catar, Marcelo mantinha, apesar da tal curva descendente, a popularidade em relação a meses anteriores. Agora já não: desce, pela primeira vez, abaixo dos 7 pontos.

O caso do primeiro-ministro é diferente. Há um ano, acabado de conquistar a maioria absoluta, António Costa recebia nota positiva, como, aliás, recebeu ao longo dos quatro anos de sondagens ICS-ISCTE, que atravessam a parte final da ‘geringonça’ e o Governo sem maioria que ficou marcado pelo combate à covid-19. Agora, e pela primeira vez, Costa vai ao vermelho. Como todos os políticos à esquerda. Ainda assim, é o líder partidário mais bem cotado.

À direita, o cenário é parecido, mas tem uma exceção. André Ventura aparece como o único líder partidário a crescer em termos de popularidade no atual contexto de contestação e aumento do custo de vida. É o contrário do líder do PSD, Luís Montenegro, que ainda não chega aos valores da última avaliação de Rui Rio, em dezembro de 2021, antes de deixar o partido (foi de 4,9 pontos).

Nota ainda para Rui Rocha. Avaliado pela primeira vez nestes estudos, tem uma cotação 0,8 pontos, abaixo da de João Cotrim de Figueiredo, o antecessor na liderança da Iniciativa Liberal. No entanto, apenas 29% dos inquiridos avaliaram Rui Rocha. Os outros, mais de dois terços, disseram não o conhecer.

FICHA TÉCNICA

Sondagem cujo trabalho de campo decorreu entre os dias 11 e 20 de março de 2023. Foi coordenada por uma equipa do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS-ULisboa) e do ISCTE — Instituto Universitário de Lisboa (ISCTEIUL), tendo o trabalho de campo sido realizado pela GfK Metris. O universo da sondagem é constituído pelos indivíduos, de ambos os sexos, com idade igual ou superior a 18 anos e capacidade eleitoral ativa, residentes em Portugal continental. Os respondentes foram selecionados através do método de quotas, com base numa matriz que cruza as variáveis sexo, idade (4 grupos), Instrução (3 grupos), região (5 regiões NUTII) e habitat/dimensão dos agregados populacionais (5 grupos). A partir de uma matriz inicial de região e habitat, foram selecionados aleatoriamente 84 pontos de amostragem onde foram realizadas as entrevistas, de acordo com as quotas acima referidas. A informação foi recolhida através de entrevista direta e pessoal na residência dos inquiridos, em sistema CAPI, e a intenção de voto em eleições legislativas recolhida recorrendo a simulação de voto em urna. Foram contactados 2787 lares elegíveis (com membros do agregado pertencentes ao universo) e obtidas 807 entrevistas válidas (taxa de resposta de 29%, taxa de cooperação de 40%). O trabalho de campo foi realizado por 35 entrevistadores, que receberam formação adequada às especificidades do estudo. Todos os resultados foram sujeitos a ponderação por pós-estratificação de acordo com a frequência de prática religiosa e a pertença a sindicatos ou associações profissionais dos cidadãos portugueses com 18 ou mais anos residentes no continente, a partir dos dados da vaga mais recente do European Social Survey (Ronda 10). A margem de erro máxima associada a uma amostra aleatória simples de 807 inquiridos é de +/- 3,5%, com um nível de confiança de 95%. Todas as percentagens são arredondadas à unidade, podendo a sua soma ser diferente de 100% (Expresso, texto do jornalista JOÃO DIOGO CORREIA e infografia de SOFIA MIGUEL ROSA)

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