domingo, abril 02, 2023

Sondagem: Costa com nota negativa e simpatizantes do PS mais descontentes com o Governo

Sondagem para a SIC/Expresso indica uma queda de sete pontos do PS. Mais de um ano depois da posse do Governo, PS e PSD empatam nas intenções de voto e Chega é quem mais cresce. O primeiro-ministro, António Costa, teve na mais recente sondagem do ICS/Iscte para a SIC e o Expresso a pior avaliação neste barómetro, com uma nota negativa – a primeira nesta sondagem. Ao mesmo tempo, o descontentamento entre os simpatizantes do PS está a aumentar. Conclusão: se as eleições fossem hoje, PS e PSD empatavam com 30%, o que se traduz num resultado bem diferente da maioria absoluta alcançada pelos socialistas há pouco mais de um ano.

Vamos então a números. Numa escala de zero (muito negativa) a 10 (muito positiva), o chefe do Governo teve 4,6 pontos, menos 0,8 pontos do que na sondagem de Dezembro de 2022. Trata-se, segundo o Expresso, da primeira marca negativa registada neste barómetro. Todos os políticos descem, incluindo o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e excluindo o líder do Chega, André Ventura, que arrecada mais 0,4 pontos do que em Dezembro. Duas notas importantes: não há dados comparativos para o líder da IL, Rui Rocha; e apesar da descida de Marcelo, o chefe de Estado é o único em terreno positivo com 6,5 pontos.

A sondagem revela que os simpatizantes do PS estão mais descontentes do que em Dezembro. Do inquérito apurou-se que entre os simpatizantes do PS, 39% consideram o trabalho do Governo "mau" ou "muito mau". Este valor compara com os quase dois terços (mais precisamente 64%) de inquiridos sem segmentação por preferência partidária que fazem uma avaliação negativa do executivo e mostra que o descontentamento entre os potenciais votantes PS está a crescer, já que segundo o Expresso há um aumento de 12 pontos dos socialistas insatisfeitos com o trabalho do executivo.

Ficha técnica

Sondagem cujo trabalho de campo decorreu entre os dias 11 e 20 de março de 2023. Foi coordenada por uma equipa do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS-ULisboa) e do ISCTE — Instituto Universitário de Lisboa (ISCTEIUL), tendo o trabalho de campo sido realizado pela GfK Metris.

O universo da sondagem é constituído pelos indivíduos, de ambos os sexos, com idade igual ou superior a 18 anos e capacidade eleitoral activa, residentes em Portugal continental. Os respondentes foram seleccionados através do método de quotas, com base numa matriz que cruza as variáveis sexo, idade (4 grupos), Instrução (3 grupos), região (5 regiões NUTII) e habitat/dimensão dos agregados populacionais (5 grupos). A partir de uma matriz inicial de região e habitat, foram seleccionados aleatoriamente 84 pontos de amostragem onde foram realizadas as entrevistas, de acordo com as quotas acima referidas.

A informação foi recolhida através de entrevista directa e pessoal na residência dos inquiridos, em sistema CAPI, e a intenção de voto em eleições legislativas recolhida recorrendo a simulação de voto em urna. Foram contactados 2787 lares elegíveis (com membros do agregado pertencentes ao universo) e obtidas 807 entrevistas válidas (taxa de resposta de 29%, taxa de cooperação de 40%). O trabalho de campo foi realizado por 35 entrevistadores, que receberam formação adequada às especificidades do estudo.

Todos os resultados foram sujeitos a ponderação por pós-estratificação de acordo com a frequência de prática religiosa e a pertença a sindicatos ou associações profissionais dos cidadãos portugueses com 18 ou mais anos residentes no continente, a partir dos dados da vaga mais recente do European Social Survey (Ronda 10).

A margem de erro máxima associada a uma amostra aleatória simples de 807 inquiridos é de +/- 3,5%, com um nível de confiança de 95%. Todas as percentagens são arredondadas à unidade, podendo a sua soma ser diferente de 100%

A sondagem foi feita entre os dias 11 e 20 de Março, o que significa que na comparação com a de Dezembro, cujo trabalho de campo tinha sido feito entre os dias 3 e 15 desse mês, integrará toda a leitura que os inquiridos fazem da crise política que abalou o Governo – o caso TAP foi no final de Dezembro, bem como a demissão do ex-ministro das Infra-estruturas, Pedro Nuno Santos, e os restantes casos de saídas do executivo – e da forma como o Governo está a responder ao aumento do custo de vida. Porém, os resultados não levam em linha de conta as medidas mais recentes apresentadas pelo Governo, nomeadamente o IVA zero, e os novos apoios sociais já apresentados depois de feitas as entrevistas.

Nas intenções de voto, o PS não resistiu a esta conjugação de factores. E se em Dezembro o Expresso titulava "PS mantém-se. PSD não descola", agora o cenário mudou principalmente para os socialistas. Nesta sondagem, o PS perde sete pontos para 30% e o PSD sobre um ponto para 30%. Um empate, portanto. Mas é no Chega que se dá a maior subida, recolhendo mais 4 pontos para 13%. A CDU mantém-se nos 5% de Dezembro, o BE perde dois pontos para 5%, a IL sobe dois pontos para 4% e o PAN perde um ponto para 2%. Os indecisos (que foram distribuídos) sobem de 16% em Dezembro para 18%.

Estes valores permitem várias conclusões. À direita não há maioria no Parlamento sem o Chega e apenas juntando o CDS (que obtém 2%) este bloco chega aos 49%. À esquerda, juntando o Livre (que tem 1%) somam-se 43% dos votos. Tendo em conta que os partidos à esquerda não sobem, não é claro para onde vão os votos que o PS perde (Publico, texto da jornalista Marta Moitinho Oliveira)

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