sábado, abril 08, 2023

Sucessão de polémicas desvaloriza TAP

A sucessão de casos negativos que têm diariamente desfilado em torno da TAP — e que se acentuaram com o caso da indemnização milionária atribuída a Alexandra Reis — desvalorizaram a empresa e acabam por dar argumentos a potenciais candidatos à sua privatização para fazer baixar o preço.n A companhia tem em curso, ainda que informalmente, um processo de privatização. Foi inclusivamente contratada para agilizar o contacto com os investidores uma boutique financeira anglo-saxónica, a Evercore. Uma sugestão feita pela ainda presidente da TAP, uma vez que era uma empresa com quem ela já tinha trabalhado e possuía boa reputação.

António Costa assumiu claramente que o processo de privatização é para acelerar, mas a dramatização que tem havido em torno da companhia não ajuda a que a venda avance com a serenidade que seria desejável. E pode inclusive até atrasá-la, já que os gestores e os decisores políticos estão focados em gerir a crise.

É unânime, no mercado, a ideia de que toda a polémica em torno da TAP e as revelações que têm sido feitas na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) à sua gestão, destapando os “buracos”, acabarão por desvalorizar a companhia aos olhos dos potenciais candidatos. Um dos dossiês mais quentes é o do papel que tiveram as negociações da Airbus com David Neeleman na altura da privatização da TAP, em 2015, e de como a troca da frota permitiu aos acionistas privados capitalizar a companhia com quase 227 milhões de dólares. A questão é saber se com isso a TAP está ou não a pagar mais pelo leasing dos aviões do que os seus concorrentes. O assunto está nas mãos do Ministério Público.

Pouco se sabe sobre a privatização da companhia, é um tema que tem estado pouco em destaque na CPI — não obstante, Christine Ourmières-Widener afirmou na terça-feira que a Evercore ainda não foi contratada oficialmente. Um sinal de que o processo pode estar em banho-maria. Também não vai ajudar na aceleração do processo a saída da CEO e a fragilização do administrador financeiro, Gonçalo Pires, pois eram os dois responsáveis pelo dossiê dentro da TAP. A favor da privatização está, no entanto, a experiência do novo presidente da TAP, Luís Rodrigues, que estava a liderar a privatização da SATA. Resta saber como é que os principais candidatos à compra da TAP — Lufthansa, Air France/KML e IAG — estão a acompanhar o dossiê. Por enquanto, só têm sido notícia as manifestações de interesse (Expresso, texto dos jornalistas ANABELA CAMPOS e DIOGO CAVALEIRO)

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