Paulo Cafofo ainda não falou com António Costa depois da frustrada ida para um tacho governamental em Lisboa, à beira do qual esteve. O primeiro-ministro, que apostou tudo em Cafofo nas regionais, gastando um a pipa de massa na campanha e pré-campanha eleitoral, e que não é apoiante entusiasta da liderança de Emanuel Câmara, saiu frustrado das eleições regionais de 22 de Setembro apesar de ter estado disposto a levar Cafofo para Lisboa, para fazer o que Soares fez com César, protegendo durante algum tempo a sua imagem fora da Região e criando condições para um regresso futuro quando fosse feita uma avaliação política à existência de reais possibilidades de mudança - algo que nos Açores aconteceu quando Mota Amaral abandonou a política regional local.
Eu mantenho o que escrevi:
1. Houve pessoas na Região, bem conhecidas e ligadas ao PS-Madeira que depois das legislativas nacionais meteram uma cunha por Cafofo, directamente junto de António Costa - graças às boas relações pessoais que com ele mantêm - algo que ocorreu em Lisboa escassos dias depois das eleições para a Assembleia da República.
2. Depois do governo de Lisboa ter sido constituído - e de em círculos partidários nacionais se ter falado na possibilidade de Cafofo poder ser ou secretário de estado das comunidades ou secretário de estado adjunto do ministro com tutela no sector autárquico (embora esta possibilidade fosse mais remota) - a ausência do candidato derrotado à chefia do governo madeirense (em 22 de Setembro) levou a que as mesmas pessoas que intercederam por ele, em novo encontro com Costa, e uma vez mais em Lisboa, tivessem procurado indagar o que se passou porque tudo estaria bem encaminhado para que esse desiderato de confirmasse
3. Sem que tivesse sido dados pormenores concretos, nem falados os nomes que foram, autores da campanha contra Cafofo, sei, e mantenho que Costa justificou a não ida de Cafofo para Lisboa devido a fortes pressões feitas a partir do Funchal, que "surpreenderam" o próprio secretário-geral do PS e que o fizeram recuar na sua disposição de levar Cafofo consigo pelos motivos antes referidos. Costa terá mesmo confidenciado aos defensores de Cafofo que ficou surpreso com essas pressões "fortes" e inesperadas e que optou por não arranjar problemas com a estrutura madeirense dos socialistas, ainda por cima depois do impacto negativo da derrota nas regionais.
4. O que posso referir, para além de manter tudo o que sobre este estranho caso já escrevi, é que Cafofo terá sido surpreendido mais recentemente por factos aqui referidos e que estará interessado em descobrir os contornos da pretensa tramóia interna que o lixou e das intenções a ela subjacentes. E mantenho que Costa não lhe deu nenhuma informação pro menorizada sobre o assunto apesar de alegadamente ter subscrito no início de Novembro o seu pedido de filiação no PS, algo que obriga a uma recalendarização da agenda partidária dos socialistas madeirenses, incluindo do seu congresso regional e das directas internas. Julgo que Costa nem mesmo falou com Cafofo sobre a eventualidade que esteve em cima da mesa.
5. Sei igualmente que as diligências realizadas junto de Costa nem foram do conhecimento prévio de Cafofo. Tudo o que for dito sobre alegados mentores e dos contornos da objecção partidária - comprovadamente associada ao PS-M - a essa promoção de Cafofo - será especulativo. Admito que essa esperança de ida para Lisboa - que eu próprio revelei neste blogue, julgo que antes de outros o terem feito, mas isso não é relevante - explica o facto de PC não ter aceite nenhum cargo de responsabilidade no quadro da actividade parlamentar regional. Sei que Costa não desvendou aos seus interlocutores os mistérios do que se passou nem a natureza das objecções a Cafofo e sua autoria. Mantenho sim, e reafirmo,que se nada disso se tivesse passado Paulo Cafofo seria hoje membro do governo de Lisboa, algo que também poderia afectar a ambição pessoal, assumida desde 2013 (autárquicas do Funchal) mas nunca publicamente revelada (apenas admitida por PC a um restrito grupo de colaboradores directos da sua confiança pessoal) de se candidatar à liderança do PS-Madeira, já que seria intolerável que o maior partido da oposição tivesse uma liderança a viver em Lisboa. Aliás, recordo que enquanto não regressou aos Açores, e mesmo nos primeiros anos depois desse regresso, Carlos César não foi o líder do PS-Açores (LFM)
Sem comentários:
Enviar um comentário