sábado, dezembro 21, 2019

Nota: o PSD-Açores aposta futuro e sobrevivência com Bolieiro

José Manuel Bolieiro, que é também vice-presidente de Rui Rio na direcção nacional do PSD, foi eleito para a liderança do PSD/Açores - era o único candidato - obtendo 98,5% votos. Julgo que para o PSD-Açores esta deverá ser uma das últimas tentativas, depois de anos de travessia do deserto que deixaram marcas no partido, tirando-lhe votos - porque nunca conseguiu ser uma alternativa credível e consistente - e desmobilizando as bases tradicionais do PSD-A que entretanto se dispersaram ou alimentaram a abstenção por causa da desilusão e sucessão de lideranças fracas e perdedoras.Os resultados  nas regionais falam por si. Veja-se a evolução eleitoral, apenas nas regionais, do PSD e do PS nos Açores:
1976 - PSD com 59.114 votos, 55,4% e PS com 36.049 votos e 33,8%
1980 - PSD com 68.960 votos, 57,4% e PS com 32.790 votos e 27,3%
1984 - PSD com 60.112 votos, 56,4% e PS com 25.835 votos e 24,2%
1988 - PSD com 51.503 votos, 48,6% e PS com 37.625 votos e 35,5%
1992 - PSD com 61.110 votos, 53,6% e PS com 41.519 votos e 36,4%
1996 - PSD com 77.365 votos, 56,9% e PS com 33.790 votos e 24,8%
2000 - PSD com 32.642 votos, 32,5% e PS com 49.438 votos e 49,2%
2004 - PSD com 38.883 votos, 36,8% e PS com 60.140 votos e 57%
2008 - PSD com 27.254 votos, 30,7% e PS com 44.940 votos e 49,9%
2012 - PSD com 35.572 votos, 33% e PS com 52.827 votos e 49%
2016 - PSD com 28.793 votos, 33,6% e PS com 43.274 votos e 46,4%

Em 2000 duvido que os social-democratas do PSD-Açores tenham tentado perceber as causas reais desta impressionante reviravolta eleitoral que não se ficou apenas a dever ao abandono de Mota Amaral da liderança do partido.
Em 2004 tivemos uma demonstração da incompetência política dos social-democratas açorianos quando formalizaram uma desastrosa coligação com o CDS que foi esmagada pelos socialistas nas urnas. O PS alcançou nesse ano o seu melhor resultado em termos de votos obtidos, superando os 60 mil algo nunca mais atingido pelos socialistas.
Abstenção perigosa
Outro aspecto preocupante da realidade política e eleitoral dos Açores, tem a ver com a dimensão da abstenção nas regionais, que sempre foi preocupante, como podemos ver, mas que se tem vindo a agravar sobretudo depois de 2000 e mais intensamente depois de 2008 com os valores a superarem os 50% dos eleitores açorianos:
1976 - 32,5%
1980 - 23,0%
1984 - 37,7%
1988 - 41,2%
1992 - 37,9%
1996 - 34,7%
2000 - 46,7%
2004 - 44,8%
2008 - 53,3%
2012 - 52,1%
2016 - 59,2%
Numas eleições internas em que votaram 1.550 pessoas, Bolieiro colheu 1.526 votos, ou seja 98,5%, um resultado que vale pelo que parece ser um sinal de algum consenso.
“Há, efectivamente uma maturidade para a coesão do partido com uma candidatura única, com o reconhecimento e a responsabilidade da importância do PSD se reorganizar, reforçar a sua credibilidade, e apostar numa mensagem de confiança para os Açores e os açorianos”, disse o líder social-democratas que é também presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada, capital dos Açores.
O vice-presidente de Rui Rio quer um PSD-A a ser “um grande partido de alternativa na governação dos Açores”, mas temos de esperar pelo congresso regional para 17 a 19 de Janeiro para percebermos a estratégia e as escolhas de Bolieiro que já disse pretender “reorganização das estruturas regionais".
Lembro que o eleito social-democrata sucede a outro autarca, da Ribeira Grande, Alexandre Gaudêncio, alvo de uma investigação judicial por suspeita de violação de regras de contratação pública, de urbanismo e ordenamento do território. Gaudêncio anunciou a sua demissão do cargo sensivelmente um ano depois de ter derrotado Pedro Nascimento Cabral nas directas do PSD/Açores de 2018.
José Manuel Bolieiro já reconheceu que a estrutura partidária "vive um momento de fragilidade". mas quer preparar o PSD/Açores "para este ciclo político e para ser alternativa credível". Segundo ele, os Açores precisam de "uma mudança de políticas".
Nas eleições de 2018, Alexandre Gaudêncio recolheu 60,9% dos votos contra 37,5% de Pedro  Nascimento Cabral, tendo participado nestas eleições directas 2.820 militantes (LFM)

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