terça-feira, dezembro 17, 2019

Em 2018, o Norte apresentou o maior crescimento, impulsionado pelo turismo e pela indústria e energia

De acordo com os resultados provisórios das Contas Regionais de 2018, estima-se que todas as regiões tenham registado crescimentos do PIB em termos reais, embora com intensidades diferenciadas, sendo a região Norte (2,9%) e a Área Metropolitana de Lisboa (2,6%) as únicas com crescimento superior à média nacional (2,4%). No Algarve o crescimento foi idêntico ao do país, enquanto no Centro (2,2%) e na Região Autónoma dos Açores (2,0%) o PIB registou crescimentos mais moderados. O Alentejo e a Região Autónoma da Madeira apresentaram as variações do PIB mais baixas (1,0% e 0,6%, respetivamente).
Os resultados finais de 2017 revelaram que as assimetrias do PIB per capita entre as vinte e cinco regiões atingem a sua expressão máxima na comparação do Alentejo Litoral (138,9) com a do Tâmega e Sousa (60,8). Note-se que, face a 2016, verificou-se um aumento da disparidade regional neste indicador, passando a diferença entre essas duas regiões de 72,1 p.p. para 78,1 p.p., sobretudo devido ao crescimento do PIB per capita do Alentejo Litoral.
Ainda assim, no contexto da União europeia, considerando a informação referente a 2017 por regiões NUTS II, Portugal destacava-se por ser um dos países com assimetrias regionais mais baixas em termos do PIB per capita.

Em 2018, o PIB nacional registou uma variação nominal de 4,1% e real de 2,4%. Estima-se que tenham ocorrido variações positivas nominais em todas as regiões, sendo as mais acentuadas, e superiores à média nacional, observadas no Algarve (4,9%), no Norte (4,5%) e na Área Metropolitana de Lisboa (4,2%). O Alentejo (2,0%) e a Região Autónoma da Madeira (2,2%) apresentaram os menores crescimentos nominais enquanto as regiões Centro (3,9%) e Região Autónoma dos Açores (3,7%) apresentaram uma variação ligeiramente abaixo do país.
Em volume, estima-se que o PIB regional cresceu em 2018 em todas as regiões, embora com intensidades diferenciadas. A região Norte (2,9%) e a Área Metropolitana de Lisboa (2,6%) registaram crescimentos superiores à média nacional (2,4%). No Algarve estimou-se um crescimento idêntico ao país, e no Centro (2,2%) e na Região Autónoma dos Açores (2,0%) o PIB registou crescimentos mais moderados. O Alentejo e a Região Autónoma da Madeira destacam-se por apresentarem os crescimentos reais mais baixos (1,0% e 0,6%, respetivamente).
O crescimento do PIB da região Norte foi influenciado pelo desempenho do VAB do ramo da indústria e energia e pelo ramo do comércio, transportes, alojamento e restauração, ramos com relevância na sua estrutura produtiva.
A evolução menos favorável do PIB da Região Autónoma da Madeira foi influenciada em grande medida pela diminuição da atividade dos serviços de comércio localizada no Centro Internacional de Negócios da Madeira e, em menor grau, pela desaceleração da atividade turística na região, com um efeito particular no alojamento e restauração.
O crescimento do PIB do Alentejo foi influenciado negativamente pelo desempenho do VAB da indústria e energia, especificamente pelos ramos da indústria de fabricação de coque e de produtos petrolíferos e da eletricidade, gás, vapor, água quente e fria e ar frio, atividades com especial importância na região.
Em 2017, em termos reais, todas as regiões registaram crescimentos do PIB, tal como estimado anteriormente em base 2011, destacando-se o Algarve (5,4%), a Região Autónoma da Madeira (5,1%) e a Área Metropolitana de Lisboa (3,6%), que apresentaram variações reais superiores ao país. A região Norte (3,5%) apresentou um crescimento idêntico ao nacional, enquanto as regiões Centro (3,1%), Alentejo (3,0%) e Região autónoma dos Açores (1,7%) registaram crescimentos inferiores à média nacional.
A revisão da estimativa nacional do VAB das atividades imobiliárias na base 2016 refletiu-se de forma positiva no VAB de todas as regiões, e de forma mais acentuada no Algarve, contribuindo com 1,1 p.p. para a revisão (2,2%) do VAB da região. Adicionalmente esta região beneficiou do aumento do VAB da agricultura, silvicultura e pesca, em grande parte devido à produção de frutos pequenos de baga e dos citrinos, com um contributo de 1,0 p.p.
O VAB da Região Autónoma dos Açores foi o único revisto em baixa em 2017 (-0,5%), devido em grande medida à indústria e energia, especificamente pela diminuição do VAB das indústrias alimentares e da eletricidade, cujo impacto no conjunto do VAB desta região foi de -0,8 p.p.
Já a revisão em alta do VAB dos serviços prestados às empresas, com importante presença no CINM, contribuiu decisivamente para o aumento do valor do VAB da Região Autónoma da Madeira, com um contributo para a revisão de 2,1 p.p.. Esta região beneficiou igualmente da revisão em alta do VAB da administração pública, defesa, saúde e educação, ramos com grande relevância na região, com um contributo de 1,2 p.p.
As revisões não alteraram substancialmente a estrutura regional do PIB. Note-se apenas a ligeira diminuição dos pesos relativos do Centro e da Área Metropolitana de Lisboa e um aumento dos pesos relativos do Algarve e Alentejo no PIB nacional.
Em 2017, a produtividade do trabalho, avaliada pelo quociente entre o VAB em termos reais e o emprego medido em indivíduos totais, manteve-se inalterada para o conjunto do país, apresentando, contudo, comportamentos diferenciados a nível regional. Na Área Metropolitana de Lisboa e no Algarve registaram-se decréscimos de produtividade, em resultado do aumento real do VAB inferior à variação de emprego. Nas restantes regiões, verificaram-se aumentos de produtividade, sendo mais expressivos na Região Autónoma da Madeira (1,0%) e no Alentejo (0,9%).
Como resultado do diferencial de crescimento da produtividade face à variação da remuneração média anual, o custo de trabalho por unidade produzida (CTUP) aumentou em todas as regiões, com menos expressão na Região Autónoma da Madeira. O ligeiro aumento dos CTUP (0,3%) ocorrido nesta região deveu-se ao maior aumento da remuneração média anual (1,3%) face ao observado na produtividade (1,0%).
O Alentejo apresentou igualmente uma variação nos CTUP (1,7%) inferior à média do país, devido ao aumento da remuneração média anual (2,6%) superior ao crescimento da produtividade (0,9%), resultado em grande medida influenciado pelo VAB do ramo da indústria de fabricação de coque e de produtos petrolíferos.

Coesão Regional

A coesão regional é normalmente avaliada através da expressão atingida pelas assimetrias regionais do PIB per capita e da produtividade, no contexto do país e da União Europeia (UE).
Em 2017 as assimetrias do PIB per capita entre as vinte e cinco regiões NUTS III atingem a sua expressão máxima na comparação do índice da região Alentejo Litoral (138,9) com o da região Tâmega e Sousa (60,8), tal como acontecia em 2016. No entanto, verificou-se um aumento da disparidade regional neste indicador, passando a diferença entre aquelas duas regiões de 72,1 p.p. em 2016 para 78,1 p.p. em 2017. Note-se contudo que as duas regiões registaram um aumento do PIB per capita, tendo o aumento da disparidade resultado do crescimento mais acentuado do PIB per capita do Alentejo Litoral.
Ao nível das regiões NUTS III a região do Alentejo é a que evidencia maior disparidade regional, com um diferencial de 61,7 p.p. entre o Alentejo Litoral (138,9) e o Alto Alentejo (77,2). A região Norte apresenta uma disparidade regional significativamente inferior à do Alentejo, com um diferencial de 35,0 p.p. entre o maior e o menor índices observados, respetivamente, na Área Metropolitana do Porto (95,8) e no Tâmega e Sousa (60,8). Por fim, a região Centro evidencia uma disparidade regional ligeiramente inferior à da região Norte, 31,5 p.p., correspondentes à diferença entre os índices da Região de Leiria (99,5) e das Beiras e Serra da Estrela (68,0).
Tal como em relação ao PIB per capita, apenas as regiões da Área Metropolitana de Lisboa e do Algarve apresentam, em 2017 e 2018, índices de disparidade da produtividade superiores a média nacional, embora com valores inferiores aos índices de disparidade do PIB per capita. A Região Autónoma da Madeira apresenta, nos dois anos, índices de disparidade da produtividade inferiores aos índices de disparidade do PIB per capita e inferiores à média nacional. As restantes regiões NUTS II apresentam índices de disparidade da produtividade inferiores à média nacional mas superiores aos índices de disparidade do PIB per capita.
Considerando as regiões NUTS III, observa-se uma maior disparidade regional da produtividade em 2017. A região do Alentejo Litoral continua a apresentar o maior índice de produtividade (143,6) superior ao de 2016 (138,7) e a região do Douro o menor índice de disparidade (66,5), inferior ao de 2016 (67,6), passando a diferença entre essas duas
regiões de 71,1 p.p. para 77,1 p.p. face a 2016.
A região Alentejo Litoral é a região que apresenta os maiores índices do PIB per capita e da produtividade facto relacionado com a localização, na zona de Sines, de atividades económicas com elevado rácio capital/trabalho.

Disparidade do PIB per capita nos países da União Europeia em 2017

De acordo com a informação disponível na base de dados do Eurostat, o PIB per capita regional, expresso em Paridades de Poder de Compra (PPC) em 2017, oscilou entre 31% da média da União Europeia (UE28) verificado na região North-West na Bulgária e 626% na região Inner London-West no Reino Unido.
Existem diferenças consideráveis do PIB per capita na União Europeia e dentro dos próprios países, sendo possível verificar que a disparidade observada em Portugal é bastante menor que em muitos outros países, variando entre 65% da média da UE28 na região Norte e 100% da média na região da Área Metropolitana de Lisboa.
As regiões que registaram o PIB per capita mais elevado foram Inner London-West no Reino Unido (626% da média da UE28), Luxemburgo (253%), Southern na Irlanda (220%), Hamburgo na Alemanha (202%), Bruxelas na Bélgica (196%), Eastern & Midland na Irlanda (189%) e Praga na República Checa (187%).
Em todos os países com mais de uma região NUTS II, o PIB per capita mais elevado foi registado na região da capital, com exceção de Berlim na Alemanha, Eastern & Midland na Irlanda e Lazio em Itália.
As regiões com o PIB per capita mais baixo foram North-West na Bulgária (31% da média da UE28), Mayotte em França e North-Central na Bulgária (ambas com 34%) e South-Central também na Bulgária (35%).
É importante sublinhar que neste momento os dados podem não ser estritamente comparáveis devido ao processo de mudança de base das Contas Nacionais e Regionais implementado por 17 países da União Europeia em 2019. Com efeito, os dados relativos a Portugal das Contas Regionais representados na figura anterior estão de acordo com a nova base 2016, mas tal pode não acontecer para vários países que poderão ainda transmitir informação revista até ao final do ano.
A Formação Bruta de Capital Fixo do país registou um crescimento de 13,8% em 2017 face a 2016, atingindo 32 888 milhões de euros. Todas as regiões contribuíram para esse crescimento: Norte (4,5 p.p.), Centro (3,6 p.p.), Área Metropolitana de Lisboa (3,2 p.p.), Alentejo (1,2 p.p.), Algarve (0,7 p.p.), Região Autónoma da Madeira (0,4 p.p.) e Região Autónoma do Açores (0,2 p.p.).
Para o crescimento da Formação Bruta de Capital Fixo nas regiões Centro (19,6%) e Alentejo (18,5%) foi determinante o acréscimo do investimento no ramo da indústria e energia. Nas regiões Norte, Algarve e Região Autónoma da Madeira o ramo que mais contribuiu para o acréscimo da Formação Bruta de Capital Fixo foi o ramo do comércio, transportes, alojamento e restauração, seguido do da indústria e energia no Norte, das atividades imobiliárias no Algarve e da administração pública, defesa, saúde e educação na Região Autónoma da Madeira. A Área Metropolitana de Lisboa (8,9%) e a Região Autónoma dos Açores (9,6%) foram as únicas regiões que registaram um crescimento da Formação Bruta de Capital Fixo inferior à média nacional. Para este crescimento contribuiu o aumento do investimento no ramo das atividades imobiliárias e no ramo da administração pública, defesa, saúde e educação.
Em 2017, a Área Metropolitana de Lisboa apresentou um investimento de 11 184 milhões de euros correspondente a 34,0% do total do investimento nacional, seguida da região Norte (10 441; 31,7% do total) e da região Centro (6 343; 19,3%). Nas restantes quatro regiões, responsáveis por 14,9% do investimento total, o menor contributo para o total nacional foi o da Região Autónoma dos Açores (1,8%) e o maior foi o do Alentejo (6,7%).

Contas das famílias de 2016 e 2017

O Rendimento Primário Bruto (RPB3) atingiu, em 2017, 130 659 milhões de euros e o Rendimento Disponível Bruto  (RDB4) 131 562 milhões de euros, o que correspondeu a acréscimos de 3,3% e 3,2% respetivamente, face ao ano  anterior.
3 Rendimentos diretos das famílias gerados pela sua participação no processo produtivo e saldo dos rendimentos de propriedade.
Ainda relativamente à evolução do RPB, ao Algarve seguiram-se a Região Autónoma da Madeira (3,6%) e a Área Metropolitana de Lisboa (3,4%), com crescimentos superiores à média do país, e o Centro (3,2%), o Norte (3,1), a Região Autónoma dos Açores (2,8%) e o Alentejo (2,2%) com crescimentos inferiores àquela média.
No caso do RDB, além do Algarve, apenas a Área Metropolitana de Lisboa evidenciou crescimento (3,7%) superior ao total nacional; apresentaram evoluções positivas mas inferiores à média nacional, por ordem decrescente, o Centro (2,9%), o Norte (2,7%), a Região Autónoma dos Açores e a Região Autónoma da Madeira (ambas com 2,6%) e o  Alentejo (1,6%).
Em 2017, a Área Metropolitana de Lisboa apresentava o PIB per capita, o RPB e o RDB mais elevados entre as diversas regiões; em posição oposta, o Norte apresentava os menores níveis (e índices) de rendimento por habitante. Assim, esses indicadores situavam-se na Área Metropolitana de Lisboa em 54,5%, 43,2% e 32,4%, respetivamente, acima dos mesmos indicadores para a região Norte. Como seria de esperar, a redistribuição dos rendimentos reduzem de forma significativa as diferenças entre as regiões, não havendo alterações sensíveis da disparidade nesses três indicadores em relação ao ano anterior.

Para o país, o RDB per capita é praticamente idêntico ao RPB per capita. Porém, regionalmente, verifica-se que a relação entre o RPB e o RDB se caracteriza por uma certa simetria, na medida em que a região que apresenta maior RPB per capita tende também a ser a que apresenta maior ajustamento negativo do correspondente RDB per capita. Assim, em 2017, na Área Metropolitana de Lisboa o índice de RDB per capita foi 8 p.p. inferior ao respetivo índice de RPB per capita.

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