terça-feira, abril 02, 2013

Tradução simultânea custa 861 euros por dia ao Estado...

Segundo a jornalista do Público, Mariana Oliveira, "por cada dia em que é necessário recorrer à tradução simultânea no caso das contrapartidas dos submarinos, o Estado tem que desembolsar 861 euros, ou seja, 700 euros mais IVA. Até agora, o tribunal já gastou mais de 3000 euros com a tradução do caso, solicitada pela defesa dos três arguidos alemães que trabalhavam para a multinacional Ferrostaal, que integrou o consórcio alemão que vendeu dois submarinos a Portugal, em Abril de 2004. Uma parte desse montante já foi pago à Crisbet, uma empresa que contratou dois tradutores obrigados a prestar "compromisso de intérprete" junto do tribunal. Este foi o orçamento mais barato encontrado pelos funcionários das Varas Criminais de Lisboa, que consultaram cinco empresas de traduções para atribuir o serviço. A juíza presidente do colectivo da 6.ª Vara, Judite Fonseca, decidiu em 21 de Novembro passado contratar a Crisbet, Traduções e Legendagens, Lda, porque o orçamento apresentado por esta empresa era o que "apresentava menos custos económicos". A empresa, que inicialmente apresentara um orçamento de 370 euros por dia por cada um dos dois tradutores (num total de 740 euros/dia) acabou, por insistência do tribunal, descer o preço para 700 euros/dia, o que só terá ocorrido porque havia a certeza que o serviço implicaria vários dias de trabalho. Todos os outros orçamentos eram superiores ao desta empresa, que tinha a vantagem de apresentar um tradutor que já trabalhara neste caso. Os preços variavam entre os 745 euros mais IVA apresentados pela AP Portugal e os 1100 euros mais IVA apresentados pela L10N Studio. A tradução simultânea pedida pelos alemães e aceite pelos juízes obrigou à montagem de uma cabina na sala de audiência, já depois do início do julgamento em Novembro do ano passado. Até ao final de Março, só tinha sido necessário o apoio dos tradutores por seis vezes, um serviço que custou ao Estado três dias e meio de trabalho da equipa de tradução, ou seja, 3013 euros. Mas avizinha-se um aumento da necessidade dos tradutores, já que deverá ocorrer em breve a audição de seis testemunhas alemãs, por videoconferência, pedidas pelo Ministério Público. Também em breve deverá ser agendada a audição dos três arguidos alemães, que aguardam as respostas finais do Ministério da Economia sobre o novo acordo de contrapartidas, assinado em Outubro passado, para falar. Ninguém sabe quantos dias vão demorar estas audições, mas é previsível que cada um seja ouvido durante pelo menos mais de um dia. Isto porque terão de responder às dúvidas dos juízes e do procurador e de pelo menos meia dúzia de advogados de defesa. Esta não é a primeira vez que as traduções fazem notícia neste caso. A revista Sábado noticiou, em Julho de 2011, que o despacho de pronúncia do juiz Carlos Alexandre estava há seis meses à espera de ser traduzido. O artigo dava conta de que o Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC) ainda não tinha notificado formalmente três dos 10 arguidos pronunciados por burla agravada e falsificação de documentos, porque as 1.500 páginas do despacho de pronúncia ainda não estavam traduzidas para alemão, algo obrigatório. "A tradução deverá ser entregue ao tribunal até ao fim deste mês", esclareceu então à Sábado Carlos Alexandre, que dá duas explicações para a demora: o facto de a Justiça portuguesa não ter tradutores; e as limitações financeiras existentes. "Foram pedidos vários orçamentos. Os primeiros eram de cerca de 50 mil euros, mas depois lá se conseguiu que uma empresa de Peso da Régua fizesse o trabalho por cerca de 35 mil."