domingo, abril 14, 2013

Matos Correia foi coautor do discurso de demissão de Relvas



Segundo o Expresso, numa peça da autoria dos jornalistas Ângela Silva e Filipe Santos Costa, "o Deputado e um dos mais destacados barrosistas, Matos Correia confirma que ajudou a escrever declaração de renúncia. José Matos Correia, antigo chefe de gabinete de Durão Barroso, quando este era primeiro-ministro, e ex-vice-presidente do PSD, foi coautor do discurso de demissão de Miguel Relvas. Na quinta-feira passada, após ter anunciado a sua demissão, lendo um documento escrito, Relvas enviou esse texto aos deputados do PSD e do CDS, para lhes dar conhecimento das suas razões. Ora, nas propriedades desse documento word, a que o Expresso teve acesso, "José de Matos Correia" é identificado como o autor desse documento. E a última versão do texto, antes de este ser enviado para todos os deputados da maioria, foi gravada pela secretária de Miguel Relvas. Entre o texto original, de Matos Correia, e o final foram gravadas sete versões diferentes do discurso de demissão do ainda ministro-adjunto e dos Assuntos Parlamentares. Contactado pelo Expresso, Matos Correia confirma que colaborou com Relvas, a pedido deste. "Confirmo que enviei um documento a Miguel Relvas com sugestões para o discurso que ele faria quando saísse. Isso foi feito dias antes da sua demissão", diz o deputado social-democrata. Segundo o Expresso apurou, este não foi o único contributo recebido pelo ministro demissionário. Para além de ser um dos mais destacados barrosistas no ativo, Matos Correia é o atual presidente da comissão parlamentar de Defesa Nacional e tem sido um dos nomes mais falados para a remodelação governamental. O antigo colaborador de Durão Barroso tem sido apontado, nos bastidores da maioria, como uma boa hipótese para uma pasta de coordenação política do Governo - seja como substituto de Miguel Relvas, seja ocupando a pasta dos Assuntos Parlamentares ou da Presidência do Conselho de Ministros, caso Passos Coelho opte por separar as duas áreas. No texto que leu na quinta-feira, Relvas anunciou que deixava o Governo por falta de "condições anímicas para continuar". Apesar de se colocar "fora da atividade governativa", deixava claro que não deixará a política: "Continuo a participar e, mais do que tudo, a acreditar na validade e no acerto do projeto político liderado pelo Dr. Pedro Passos Coelho", disse. Na mesma declaração, Relvas fez ainda questão de deixar um remoque ao primeiro-ministro, ao sublinhar que "aos dois anos de funções governativas devem somar-se os três anos que os antecederam. Dois anos em que acreditei e lutei, no interior do meu partido, pela afirmação de um novo líder que encabeçasse um projeto de mudança para Portugal. Depois, mais um ano em que acreditei e lutei pela eleição de um novo primeiro-ministro". "Ao todo, foram cinco anos de extrema exigência", disse Miguel Relvas, "cinco anos que foram, ao mesmo tempo, uma longa aprendizagem e uma dura lição de vida". No email em que enviou esse texto a todos os deputados da maioria, Miguel Relvas agradecia-lhes "toda a colaboração e amizade demostradas".