Segundo
o Expresso, numa peça da autoria dos jornalistas Ângela Silva e Filipe Santos
Costa, "o Deputado e um
dos mais destacados barrosistas, Matos Correia confirma que ajudou a escrever
declaração de renúncia. José Matos Correia, antigo chefe de gabinete de Durão
Barroso, quando este era primeiro-ministro, e ex-vice-presidente do PSD, foi
coautor do discurso de demissão de Miguel Relvas. Na quinta-feira passada, após
ter anunciado a sua demissão, lendo um documento escrito, Relvas enviou esse
texto aos deputados do PSD e do CDS, para lhes dar conhecimento das suas
razões. Ora, nas propriedades desse documento word, a que o Expresso teve
acesso, "José de Matos Correia" é identificado como o autor desse
documento. E a última versão do texto, antes de este ser enviado para todos os
deputados da maioria, foi gravada pela secretária de Miguel Relvas. Entre o
texto original, de Matos Correia, e o final foram gravadas sete versões
diferentes do discurso de demissão do ainda ministro-adjunto e dos Assuntos
Parlamentares. Contactado pelo Expresso, Matos Correia confirma que colaborou
com Relvas, a pedido deste. "Confirmo que enviei um documento a Miguel
Relvas com sugestões para o discurso que ele faria quando saísse. Isso foi
feito dias antes da sua demissão", diz o deputado social-democrata. Segundo
o Expresso apurou, este não foi o único contributo recebido pelo ministro
demissionário. Para além de ser um dos mais destacados barrosistas no ativo,
Matos Correia é o atual presidente da comissão parlamentar de Defesa Nacional e
tem sido um dos nomes mais falados para a remodelação governamental. O antigo
colaborador de Durão Barroso tem sido apontado, nos bastidores da maioria, como
uma boa hipótese para uma pasta de coordenação política do Governo - seja como
substituto de Miguel Relvas, seja ocupando a pasta dos Assuntos Parlamentares
ou da Presidência do Conselho de Ministros, caso Passos Coelho opte por separar
as duas áreas. No texto que leu na quinta-feira, Relvas anunciou que deixava o
Governo por falta de "condições anímicas para continuar". Apesar de
se colocar "fora da atividade governativa", deixava claro que não
deixará a política: "Continuo a participar e, mais do que tudo, a
acreditar na validade e no acerto do projeto político liderado pelo Dr. Pedro
Passos Coelho", disse. Na mesma declaração, Relvas fez ainda questão de
deixar um remoque ao primeiro-ministro, ao sublinhar que "aos dois anos de
funções governativas devem somar-se os três anos que os antecederam. Dois anos
em que acreditei e lutei, no interior do meu partido, pela afirmação de um novo
líder que encabeçasse um projeto de mudança para Portugal. Depois, mais um ano
em que acreditei e lutei pela eleição de um novo primeiro-ministro". "Ao
todo, foram cinco anos de extrema exigência", disse Miguel Relvas,
"cinco anos que foram, ao mesmo tempo, uma longa aprendizagem e uma dura
lição de vida". No email em que enviou esse texto a todos os
deputados da maioria, Miguel Relvas agradecia-lhes "toda a colaboração e
amizade demostradas".