segunda-feira, abril 15, 2013

Lagarde diz que vão fechar bancos em países como Portugal




Li no Jornal I, num texto do jornalista António Ribeiro Ferreira, que "recado de Lagarde no dia em que a Moody’s diz que bancos portugueses vão precisar de mais capital. É um recado que atinge em cheio os ministros das Finanças da zona euro e da União Europeia que começam amanhã, em Dublin, a discutir matérias sensíveis e mesmo fundamentais para o futuro da moeda única, com a união bancária à cabeça. E que acerta em cheio também nos países periféricos da zona euro, como Portugal, Espanha, Itália, Chipre e, agora, também a Eslovénia. Mais do que isso, acontece no dia em que a Moody’s diz que os bancos portugueses, nomeadamente o BCP, BPI e Banif, que já recorreram aos 12 mil milhões de euros da troika, vão precisar de mais capital. Christine Lagarde, directora-geral do FMI, foi curta e grossa na mensagem: a zona euro deve preocupar-se em limpar o seu sistema financeiro e não ter medo de fechar bancos. O discurso foi feito no Clube Económico de Nova Iorque, mas as suas palavras vão atingir com força uma zona euro que anda a empurrar graves problemas com a barriga há demasiado tempo. “Em particular na periferia, muitos bancos ainda estão numa fase precoce de reparação - sem capital suficiente e com demasiados maus créditos nos seus balanços”, atirou Lagarde.
Juros baratos, créditos caros
A directora-geral do FMI, sem papas na língua, o que não é muito habitual na linguagem de altos responsáveis, afirmou também que a política monetária está a “girar as rodas”, o que significa que as “baixas taxas de juro não se estão a traduzir em crédito barato para as pessoas que dele precisam”.
Canalização entupida
A directora-geral do FMI considerou também que a “canalização está entupida” e lembrou que por toda a “periferia europeia o crédito contraiu 5% desde o começo da crise, atingindo pequenas e médias empresas com particular impacto”. Num recado dirigido à Alemanha de Angela Merkel, Christine Lagarde sublinhou que a zona euro precisa de soluções políticas colectivas, como uma “recapitalização directa pelo Mecanismo Europeu de Estabilização de bancos em dificuldades que criem implicações sistémicas”. “Para além disso, a zona euro precisa de uma união bancária real para fortalecer as fundações da união monetária”, declarou a directora-geral do FMI.
À espera de Berlim
Acontece que a união bancária, prevista para arrancar em Março de 2014, continua envolta em muita neblina exactamente por falta de vontade política de Berlim em dar os passos necessários para a sua concretização. União essa que países da periferia como Portugal, Itália e Espanha, sonham para separar a crise da banca e do sistema financeiro das dívidas soberanas. Algo fundamental para os países poderem financiar-se nos mercados sem terem que pagar juros leoninos e insuportáveis"