Li no Jornal I, num texto do jornalista António Ribeiro
Ferreira, que "recado de Lagarde
no dia em que a Moody’s diz que bancos portugueses vão precisar de mais capital. É um recado que
atinge em cheio os ministros das Finanças da zona euro e da União Europeia que
começam amanhã, em Dublin, a discutir matérias sensíveis e mesmo fundamentais
para o futuro da moeda única, com a união bancária à cabeça. E que acerta em
cheio também nos países periféricos da zona euro, como Portugal, Espanha,
Itália, Chipre e, agora, também a Eslovénia. Mais do que isso, acontece no dia
em que a Moody’s diz que os bancos portugueses, nomeadamente o BCP, BPI e
Banif, que já recorreram aos 12 mil milhões de euros da troika, vão precisar de
mais capital. Christine Lagarde, directora-geral do FMI, foi curta e grossa na
mensagem: a zona euro deve preocupar-se em limpar o seu sistema financeiro e
não ter medo de fechar bancos. O discurso foi feito no Clube Económico de Nova
Iorque, mas as suas palavras vão atingir com força uma zona euro que anda a
empurrar graves problemas com a barriga há demasiado tempo. “Em particular na
periferia, muitos bancos ainda estão numa fase precoce de reparação - sem
capital suficiente e com demasiados maus créditos nos seus balanços”, atirou
Lagarde.
Juros
baratos, créditos caros
A
directora-geral do FMI, sem papas na língua, o que não é muito habitual na
linguagem de altos responsáveis, afirmou também que a política monetária está a
“girar as rodas”, o que significa que as “baixas taxas de juro não se estão a
traduzir em crédito barato para as pessoas que dele precisam”.
Canalização
entupida
A
directora-geral do FMI considerou também que a “canalização está entupida” e
lembrou que por toda a “periferia europeia o crédito contraiu 5% desde o começo
da crise, atingindo pequenas e médias empresas com particular impacto”. Num
recado dirigido à Alemanha de Angela Merkel, Christine Lagarde sublinhou que a
zona euro precisa de soluções políticas colectivas, como uma “recapitalização
directa pelo Mecanismo Europeu de Estabilização de bancos em dificuldades que
criem implicações sistémicas”. “Para além disso, a zona euro precisa de uma
união bancária real para fortalecer as fundações da união monetária”, declarou
a directora-geral do FMI.
À
espera de Berlim
Acontece
que a união bancária, prevista para arrancar em Março de 2014, continua envolta
em muita neblina exactamente por falta de vontade política de Berlim em dar os
passos necessários para a sua concretização. União essa que países da periferia
como Portugal, Itália e Espanha, sonham para separar a crise da banca e do
sistema financeiro das dívidas soberanas. Algo fundamental para os países
poderem financiar-se nos mercados sem terem que pagar juros leoninos e
insuportáveis"