domingo, abril 21, 2013

Coordenação política do Governo não está fechada

Escreve o Sol num texto da jornalista Helena Pereira que "o CDS não cala o desconforto com a remodelação. Relvas não passou a pasta a Poiares Maduro e o PSD contesta a abertura do Governo a críticos de Passos Coelho.A substituição de Miguel Relvas por dois novos ministros não serenou os ânimos entre CDS e PSD. A remodelação ficou aquém do desejado pelos centristas, a coordenação política ainda não está definida e a ausência de Paulo Portas na tomada de posse dos novos governantes alimenta receios de que a coligação vive um novo momento de tensão. Por outro lado, o aparelho do PSD deu conta do seu desagrado com a escolha de algumas personalidades sem ligação ao partido. Ao SOL, Diogo Feio considera que esta «não é a remodelação que o Governo necessitava» e que é preciso «uma coordenação político-económica». O eurodeputado do CDS defende que o Executivo precisa de ter «visão estratégica» para «uma segunda fase da governação». No fundo, os centristas – que não criticam o perfil dos dois novos ministros – esperam que essa fase ainda venha a existir e que Paulo Portas possa então ter um papel importante, nomeadamente como vice-primeiro-ministro. Na verdade, na reunião do Conselho Nacional do CDS, no domingo, Pires de Lima defendeu «mais peso» da Economia, mas não pediu a substituição de Álvaro Santos Pereira. Para o CDS, o problema nem está em Álvaro, se houver um outro patamar superior de coordenação. A coordenação política do Governo deverá ficar a cargo do novo ministro-adjunto, Miguel Poiares Maduro – que esta semana esteve mais concentrado no PS (a carta e a reunião) do que na coordenação dentro do Governo. Com Miguel Relvas fora do país – viajou depois de ter ido à tomada de posse dos seus sucessores –, coube a Feliciano Barreiras Duarte fazer a transição dos dossiês para Miguel Poiares Maduro. O secretário de Estado de Relvas, que também cessou funções, esteve segunda-feira reunido com o novo ministro, a pedido expresso de Passos Coelho, de quem foi chefe de gabinete no PSD. E vai continuar. Outra ausência de peso registada nos últimos dias foi a de Paulo Portas, na tomada de posse. Aos dirigentes do partido, Portas explicou no domingo que tinha tido uma razão fundamentada – que não partilhou. Mas a verdade é que o próprio Passos terá ficado desagradado, pois nem sequer disfarçou o incómodo quando foi confrontado com isso pelos jornalistas, no final da cerimónia. Numa semana turbulenta, a entrada para o Governo de pessoas sem peso partidário irritou o aparelho do PSD. Esse mal-estar foi protagonizado pelo presidente da distrital de Lisboa, Miguel Pinto Luz, que no Conselho Nacional de sábado se referiu «a pessoas que só sabiam dizer mal do Governo e que agora estão do seu lado». E ironizou com «a capacidade de mobilização» do PSD. Miguel Poiares Maduro e Pedro Lomba, por exemplo, são dois académicos que têm expressado opiniões nem sempre coincidentes com as do Executivo. António Leitão Amaro, que pode ser indicado para a secretaria de Estado da Administração Local, é visto como próximo de Paulo Rangel, embora não tenha declarado o seu apoio. Já Pedro Rodrigues, chefe de gabinete de Poiares Maduro, foi apoiante de Rangel.
ASAE nas mãos do CDS
Nas alterações da orgânica do Governo, o CDS pode sair reforçado com a tutela da polémica ASAE, que estava com o ex-secretário de Estado adjunto da Economia, Almeida Henriques. Em cima da mesa está a hipótese de passar para a secretaria de Estado do Turismo, de Adolfo Mesquita Nunes. Será a terceira vez em poucos meses que este organismo muda de tutela. Em Fevereiro, tinha saído da dependência do secretário de Estado da Inovação".